Broncoaspiração
Crônicas e dicas do doutor João Evangelista, que compartilha sua grande experiência na área médica
De maneira geral, broncoaspiração refere-se à sucção de conteúdo do estômago para o interior das vias respiratórias. Um tubo, denominado faringe, alimenta os pulmões com oxigênio e o estômago com alimento.
A rinofaringe, com início atrás do nariz, desce em direção à região posterior da boca, onde recebe o nome de orofaringe. Um pouco mais abaixo, essa estrutura se bifurca, dando origem ao esôfago, que desemboca no estômago, e a laringe, gerando a traqueia, os brônquios, os bronquíolos, os alvéolos e os pulmões.
Entre a pregas vocais existe uma estrutura anatômica denominada glote. Nesse local também está localizada a epiglote, espécie de válvula que tem função de abrir e fechar a laringe, durante a deglutição, permitindo a passagem do ar para a respiração.
Quando algo vindo da boca ou refluindo do estômago ultrapassa a glote, em direção à árvore respiratória, provoca uma reação denominada broncoespasmo.
Idosos e pacientes com doenças neurológicas apresentando dificuldade para deglutir são suscetíveis à broncoaspiração.
Em crianças pequenas e saudáveis é comum ocorrer também aspiração de alimentos maltriturados ou inteiros, além de peças de brinquedos ou outros diminutos objetos
Doenças neurológicas, tumores na faringe e laringe, deglutição rápida e sem mastigação adequada, ausência de dentes, próteses dentárias soltas e colocação de objetos pequenos na boca, também podem provocar aspiração.
Quando ocorre desvio de algo em direção à laringe, surgem engasgo, tosse, falta de ar e sufocamento. Em alguns casos, a obstrução total da via respiratória pode levar à morte.
Entretanto, em algumas situações a aspiração pode passar despercebida. Em outros casos, o quadro clínico pode ser bem evidente, devido à falta de ar repentina, tosse e sensação de sufocamento. Algumas vezes, os sintomas podem ser discretos e até desaparecer por algum tempo.
Considerado emergência, o broncoespasmo surge quando alimentos ou objetos tomam o “caminho errado”, obstruindo a árvore respiratória. Diante dessa situação tão dramática, é preciso agir rapidamente.
Caso a vítima seja um bebê, ele deve ser colocado de bruços em cima do braço do socorrista, que fará cinco compressões no meio das costas.
Posteriormente, ele deve virar a criança de barriga para cima, também em seu braço, efetuando mais cinco compressões sobre o esterno, osso que divide o peito ao meio, na altura dos mamilos. Essas manobras devem ser realizadas exaustivamente, até a chegada do serviço de emergência.
Diante de um paciente adulto, o socorrista deve se colocar por trás da vítima, enlaçando-a com os braços, ao redor do abdome.
Uma das mãos permanece fechada sobre o epigástrio, enquanto a outra mão comprime a primeira, ao mesmo tempo em que empurra a boca do estômago para dentro e para cima, como se quisesse levantar a vítima do chão.
Envolvida pela sombra da morte, a vida não dispõe de muito tempo. Emergência não é momento de hesitação, mas de decisão.
MATÉRIAS RELACIONADAS:



