Quais os riscos dos alimentos ultraprocessados? Especialistas explicam
Especialistas dizem que o consumo desses alimentos causa maior risco de câncer de reto, mama e ovário

Durante o dia, quantas vezes você já se pegou consumindo um alimento ultraprocessado? Apesar dos riscos desses alimentos para a saúde das família, como de câncer de intestino, obesidade, diabetes e gordura no fígado, conforme médicos apontam, 52% dos brasileiros consomem ultraprocessados todos os dias.
O levantamento foi realizado pela YouGov – empresa de pesquisa de consumo on-line – e mostra que salgadinhos, biscoitos recheados, embutidos, comidas congeladas e refrigerantes estão entre as preferências dos consumidores.
A gastroenterologista Sarah Pilon, presidente da Sociedade de Endoscopia Digestiva do Estado, alerta que o maior consumo de ultraprocessados predispõe a maior risco de câncer, especialmente o de intestino e reto, mama e ovário.
“Um grande estudo realizado na Europa concluiu que um aumento de 10% no consumo de alimentos ultraprocessados na dieta foi associado a um aumento significativo, superior a 10%, no risco de câncer em geral e de câncer de mama”.

O gastroenterologista Áureo Paoliello aponta ainda que o consumo exagerado destes alimentos está relacionado com as doenças metabólicas, em especial a síndrome metabólica e diabetes. Bem como doenças cardiovasculares, como hipertensão arterial e infarto, e até mesmo depressão.
Outro problema desses alimentos apontado pela nutricionista Maria Emilia do Espírito Santo é que o consumo de ultraprocessados pode impactar negativamente a microbiota intestinal.
“Isso acontece porque eles são pobres em fibras e nutrientes que alimentam as bactérias boas, e, ao mesmo tempo, contêm aditivos como emulsificantes, corantes e adoçantes artificiais que podem desequilibrar a composição da flora intestinal. Esse desequilíbrio, que é chamado de disbiose, está relacionado a maior risco de inflamação, ganho de peso, resistência à insulina e até alterações no sistema imunológico”, alerta.
A nutricionista Karla Talhate explica que ao consumir alimentos industrializados, prejudica as bactérias boas, aumentando a quantidade de bactérias ruins, o que eleva a hiperpermeabilidade intestinal.
“Essa condição permite que substâncias nocivas, incluindo aditivos químicos e microrganismos patogênicos, cheguem à corrente sanguínea, podendo causar doenças”.
“Não há número mágico”

Que os especialistas na área da saúde alertam para os perigos dos alimentos ultraprocessados, isso não é nenhuma novidade, mas existe quantidade segura para ingerir esses alimentos?
Segundo a nutricionista Maria Emilia do Espírito Santo, “não há número mágico” que seja seguro.
“A orientação é sempre priorizar alimentos frescos e deixar os ultraprocessados apenas para situações ocasionais. Se a base da alimentação for arroz, feijão, legumes, frutas e carnes, por exemplo, um consumo eventual de um biscoito, refrigerante ou fast food não vai, por si só, causar grandes prejuízos”.
Para a nutricionista Karla Talhate, o melhor é não consumir esse tipo de alimento.
“Eu sempre falo: descascar mais e desembalar menos. Quanto mais comida de verdade, melhor. Lembrando que existe uma diferença entre alimento ultraprocessado e alimento industrializado, porque existe alimento que passou pelo processo de industrialização, mas não é ultraprocessado. Por exemplo, um queijo que só tem leite, coalho e sal, tem menos de cinco ingredientes, então é saudável”.
Outro problema desse tipo de alimento ultraprocessado, apontado pela gastroenterologista Sarah Pilon é o risco de dependência que eles podem causar.
“Estudos apontam mecanismos que favorecem o comportamento compulsivo e a perda de controle relacionados à ingestão frequente de ultraprocessados”.
Fique por dentro
Pesquisa
Segundo levantamento da YouGov, empresa internacional especializada em pesquisas de consumo on-line, 52% dos brasileiros ingerem esse tipo de alimento diariamente. Outros 36% consomem entre duas e quatro vezes por semana, enquanto apenas 12% afirmam evitar completamente esses produtos.
Principais produtos consumidos
Entre os alimentos ultraprocessados mais presentes na rotina estão refrigerantes, biscoitos recheados, embutidos, salgadinhos industrializados e refeições congeladas. Esses produtos se tornaram comuns no dia a dia, tanto por sua praticidade quanto pelo sabor.
Perfil dos consumidores
O estudo também aponta que a faixa etária de 25 a 34 anos é a que mais consome ultraprocessados, com 58% declarando ingestão diária. Já entre pessoas com mais de 55 anos, esse número cai para 44%.
Perigos
Estudos apontam que esses alimentos, ricos em açúcar, gordura de baixa qualidade e sal, aumentam o risco de obesidade, diabetes, hipertensão e problemas no coração.
Os efeitos também atingem a flora intestinal e estão ligados a tipos de câncer, como o colorretal – um dos mais comum entre homens e mulheres. Além disso, já há evidências de que o excesso de ultraprocessados pode impactar a saúde mental, elevando os riscos de ansiedade e depressão.
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