Espírito Santo já registrou 31 mil casos de dengue em 2025
Desse total, segundo a Sesa, 563 casos foram da forma mais grave da doença, que pode ou não levar pacientes para UTIs

Apesar da redução no número de casos em relação ao ano passado, a dengue exige atenção: são mais de 31 mil registros de casos prováveis em 2025, e a forma mais grave da doença tem levado pacientes até unidades de terapia intensiva (UTIs).
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) alertou que o mês de outubro é o período esperado para o aumento de casos das arboviroses – transmitidas pelo Aedes aegypti, como dengue, zika e chinkungunya –, o que reforça a necessidade de combate ao mosquito.
Até 23 de agosto, o Estado registrou 31.367 casos prováveis de dengue, sendo 24.899 confirmados e um óbito. Em 2024, durante o mesmo período, foram 134.218 casos prováveis, 127.065 confirmados e 41 mortes.
O subsecretário de Estado de Vigilância em Saúde, Orlei Cardoso, ressaltou que o Estado faz o monitoramento constante de casos de dengue, em especial do sorotipo 3, que tem a população mais suscetível.
“Nos últimos anos, a prevalência foi da circulação dos tipos 1 e 2, o que faz com que tenhamos mais pessoas com imunidade contra eles. Nesse período de sazonalidade, a atenção é para aumento da circulação do tipo 3”.
O médico infectologista Raphael Lubiana Zanotti, do Hospital Santa Rita, explicou que toda pessoa com dengue pode progredir para cura ou para uma forma grave.
“O que diferencia a forma leve da forma grave vai ser a forma como o organismo de cada pessoa reage à infecção, podendo ter uma resposta inflamatória exagerada e levar para a forma grave”.

Ele enfatizou ainda que um fator externo que ajuda nosso organismo a “decidir” se terá uma resposta inflamatória apropriada ou não é a hidratação. “Recomendamos sempre, na suspeita de dengue, fazer hidratação abundante”.
O infectologista do Hospital São José e professor do Unesc, Eduardo Pandini, ressaltou que os sinais de alerta que indicam evolução para essa forma grave incluem dor abdominal, vômitos frequentes, sangramentos, letargia e irritabilidade, pressão baixa e acúmulo de líquido no abdômen e no tórax.
“Nos casos críticos, pacientes podem ir para a UTI, seja por sangramento, pressão baixa ou por outras condições perigosas”.
A médica infectologista e mestre em Doenças Infecciosas Rubia Miossi também destacou que, sempre que o paciente tiver dificuldade de ingerir a quantidade de líquido necessário ou tiver com vômito que não passa, ele precisa de atendimento médico imediato.
“Além disso, qualquer tipo de hemorragia – por exemplo, sangramento na gengiva ao escovar o dente ou mancha roxa no corpo – também pode ser sinal de agravamento”. Por isso, especialistas alertam para a importância da vacinação.
Saiba mais
O que é
é uma doença infecciosa febril aguda, que pode se apresentar de forma benigna ou grave, dependendo de alguns fatores.
Todos os quatro sorotipos de dengue podem produzir formas assintomáticas, brandas e graves.
Sintomas como febre, dor de cabeça, dores pelo corpo e náuseas são os mais comuns.
Os números no estado
Este ano foram registrados 31.367 casos prováveis de dengue até o dia 23 de agosto.
24.899 casos da doença foram confirmados. Uma pessoa morreu.
Em 2024, 134.218 casos prováveis foram registrados no mesmo período.
127.065 casos foram confirmados.
41 pessoas morreram em decorrência da doença.
Cenário no Estado
No Estado circulam, nos últimos anos, predominantemente os sorotipos DENV-1 e DENV-2. Como muitas pessoas já tiveram contato com esses tipos, mais pessoas têm anticorpos contra eles.
O Estado teve seis casos confirmados este ano do DENV-3. A preocupação é que esse sorotipo passe a circular com intensidade, já que tem mais pessoas suscetíveis.
Dengue Grave
Antes conhecida como dengue hemorrágica, a dengue grave e com sinais de alarme é a forma mais perigosa da doença e que surge geralmente após a fase inicial, com o aparecimento de sinais como dor abdominal intensa, vômitos persistentes, sangramento de mucosas ou hemorragia, sonolência, fadiga e queda da pressão arterial.
Como se proteger
Tampe caixas d’água, ralos e pias;
Higienize bebedouros de animais de estimação.
Descarte pneus velhos junto ao serviço de limpeza urbana.
Retire a água acumulada da bandeja externa da geladeira e bebedouros, e lave-os com água e sabão.
Limpe as calhas e a laje da sua casa e coloque areia nos cacos de vidro de muros que possam acumular água.
Coloque areia nos vasos de plantas.
Amarre bem os sacos de lixo e não descarte resíduos sólidos em terrenos abandonados ou na rua;
Sempre que possível, faça uso de repelentes e instale tela.
Receba bem os agentes comunitários de saúde e de controle de endemias que trabalham em sua cidade.
Dengue grave
Este ano teve uma redução de 76% de dengue grave e com sinais de alarme, quando comparado com 2024, no mesmo período.
563 casos de dengue grave e sinais de alarmes foram registrados este ano.
2.386 casos no mesmo período de 2024 foram registrados.
Acesso ao imunizante

11 dias de internação
O pediatra José Carlos Wroblewski da Silva, 64, sabe bem os riscos da dengue grave. Em 2023, ele enfrentou um quadro da doença que o levou a 11 dias de internação.
Com febre acima de 39ºC, dor intensa atrás dos olhos, vômitos e uma dor abdominal “insuportável”, as plaquetas do médico chegaram a 15 mil – sendo normal acima de 150 mil. “Era como se eu tivesse o mundo desabando em mim. Não conseguia comer, nem beber água”.
Além da dengue, José Carlos convive com leucemia linfocítica crônica desde 2018, o que agrava os efeitos de infecções.
O médico, que já havia tido dengue em 2002, reforça a importância da prevenção e da vacinação, especialmente para crianças e jovens, que possuem acesso ao imunizante. “Quanto mais pessoas vacinadas, menor a circulação do vírus”.
Você sabia?
A dengue faz parte de um grupo de doenças denominadas arboviroses, causadas por vírus transmitidos por artrópodes. No Brasil, a primeira epidemia documentada ocorreu em 1981-1982, em Boa Vista (RR), pelos sorotipos 1 e 4.
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