Login

Esqueci minha senha

Não tem conta? Acesse e saiba como!

Atualize seus dados

ASSINE
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Pernambuco
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
ASSINE
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo
Assine A Tribuna
Espírito Santo
arrow-icon
  • gps-icon Pernambuco
  • gps-icon Espírito Santo

ENTRE PRATELEIRAS

Esta coluna parte da ideia de que gestão, sustentabilidade, projetos e estratégia não vivem em gavetas separadas. “Entre Prateleiras” é o espaço onde essas fricções aparecem e onde decisões, narrativas e contradições se encontram. Seu propósito é trazer à superfície o que costuma ficar guardado para provocar conversas que façam diferença no mundo que a gente vê lá fora.

Entre o que fomos e o que poderíamos ser

Há países que correm contra o tempo, nós ainda conversamos com ele

Jaques Paes | 10/11/2025, 08:00 h | Atualizado em 07/11/2025, 17:29
Entre Prateleiras

Jaques Paes

Executivo, mestre em gestão empresarial, consultor, mentor de profissionais em transição de carreiras e professor do MBA de ESG e Sustentabilidade da FGV



          Imagem ilustrativa da imagem Entre o que fomos e o que poderíamos ser
Jaques Paes |  Foto: Divulgação

Assistia a um debate em um canal internacional. Analistas europeus discutiam se ainda havia tempo para o continente entrar na corrida global pela produção de chips e tecnologias críticas — terreno hoje dominado por Estados Unidos e China. A pergunta me pareceu maior do que o tema: o que acontece quando até quem construiu a modernidade começa a duvidar do próprio futuro?

Enquanto a Europa reflete sobre o tempo que lhe resta, o Brasil parece ainda não ter percebido que o tempo já começou. Falamos muito de potencial, mas pouco de projeto. O país se acostumou a ser promessa — e promessas, como se sabe, não têm prazo de validade.

O mundo acelera em busca de um novo sentido de desenvolvimento — de minérios críticos a chips — e nós seguimos como espectadores de uma corrida que também nos diz respeito. Entre a pressa dos que disputam espaço e a inércia dos que se habituaram à espera, o Brasil parece preso num intervalo — tempo suspenso entre o que observa e o que decide não fazer.

A dúvida europeia sobre se é tarde demais carrega um tipo de lucidez que ainda nos falta: a consciência de que o tempo não é infinito. Por aqui, seguimos confiando que o futuro sempre recomeça do zero, como se o país pudesse se reinventar a cada geração sem nunca completar a travessia.

Talvez o maior problema não seja o atraso, mas a naturalidade com que o incorporamos. Tornou-se confortável não disputar. É mais fácil aceitar o papel de espectador do que o esforço de quem precisa escolher caminhos. No Brasil, a ausência de urgência se disfarça de serenidade — e a espera virou método.

Enquanto isso, o mundo redefine o que entende por poder. Não é mais o que se extrai do solo, mas o que se faz com ele. Os novos territórios são invisíveis: dados, energia, conhecimento. O país que não ocupa esses espaços não fica parado — retrocede.

Há um Brasil que ainda pode escolher. Que poderia transformar sua diversidade em estratégia, sua energia em autonomia, sua criatividade em política de Estado. Mas falta a decisão de fazê-lo. É um país que reconhece as janelas do futuro, mas hesita em atravessá-las — talvez por medo de ver que o outro lado exige mais do que otimismo. Insisto: há uma enorme diferença entre política de governo e de estado.

Quando a Europa se pergunta se ainda dá tempo, revela uma consciência rara: a de quem sabe que o relógio da história não espera. O Brasil, ao contrário, parece acreditar que sempre haverá um novo começo. E talvez haja — mas não eternamente.

Entre o que fomos e o que poderíamos ser, há um país inteiro em suspenso. Um país que ainda não se deu conta de que o futuro não se descobre — se constrói.

Continuo o assunto nas redes: Instagram: @jaquespaes; LinkedIn: in/jaquespaes.

Executivo, mestre em gestão empresarial, consultor, mentor de profissionais em transição de carreiras e professor do MBA de ESG e Sustentabilidade da FGV.

MATÉRIAS RELACIONADAS:

SUGERIMOS PARA VOCÊ:

Entre Prateleiras

Entre Prateleiras, por Jaques Paes

Executivo, mestre em gestão empresarial, consultor, mentor de profissionais em transição de carreiras e professor do MBA de ESG e Sustentabilidade da FGV

ACESSAR Mais sobre o autor
Entre Prateleiras

Entre Prateleiras,por Jaques Paes

Executivo, mestre em gestão empresarial, consultor, mentor de profissionais em transição de carreiras e professor do MBA de ESG e Sustentabilidade da FGV

Entre Prateleiras

Jaques Paes

Executivo, mestre em gestão empresarial, consultor, mentor de profissionais em transição de carreiras e professor do MBA de ESG e Sustentabilidade da FGV

PÁGINA DO AUTOR

Entre Prateleiras

Esta coluna parte da ideia de que gestão, sustentabilidade, projetos e estratégia não vivem em gavetas separadas. “Entre Prateleiras” é o espaço onde essas fricções aparecem e onde decisões, narrativas e contradições se encontram. Seu propósito é trazer à superfície o que costuma ficar guardado para provocar conversas que façam diferença no mundo que a gente vê lá fora.