União a favor do pagamento parcelado de cartão de crédito
Frente parlamentar formada por políticos e empresários faz manifestação contra a possível limitação no número de prestações
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Empresas e políticos estão unidos no objetivo de manter o parcelamento de longo prazo no cartão de crédito, sem juros. O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, levantou a possibilidade de criar uma tarifa para frear esse tipo de parcelamento e até de limitar em 12 vezes o número de parcelas.
A Frente Parlamentar do Comércio, Serviços e Empreendedorismo (FCS) já se manifestou contrária a qualquer alteração. Ela é presidida pelo senador Efraim Filho (União-PB) e pelo deputado Domingos Sávio (PL-MG).
Domingos Sávio afirmou à Revista IstoÉ que o parcelamento, como é feito hoje, dá oportunidade para o consumidor comprar, mesmo sem ter dinheiro para pagar a conta à vista. E do comerciante vender parcelado pelo mesmo preço.
“ Imagina se, em vez disso, a pessoa tiver que ir ao banco e pedir o dinheiro emprestado? Os juros vão arrebentar o consumidor”, questionou.
Entre as micro e pequenas empresas, o clima é de que uma mudança como essa traga mais impactos negativos que positivos.
A gerente de relações institucionais do Sebrae-ES, Alline Zanoni, destacou dados do DataFolha que apontaram que no ano passado, 75% da população utilizou o crédito parcelado no cartão.
“É preciso avaliar com cautela os impactos que isso pode gerar no setor do comércio. Esse impacto pode trazer bastante prejuízo para consumidores e comerciantes”.
Por outro lado, ela destacou o endividamento das famílias, destacando a importância de se trabalhar a educação financeira com as pessoas que estão endividadas.
A Federação Brasileira dos Bancos (Febraban) afirmou que nunca defendeu o fim do parcelado sem juros, nem tampouco substituir essa modalidade de compra pelo parcelado com juros.
Para a entidade, o parcelamento sem juros no cartão de crédito deve ser mantido e aprimorado.
Segundo a Federação, o cartão se tornou um meio de pagamento relevante para o consumo, mas com as compras parceladas de forma ilimitada leva o consumidor ao superendividamento.
Na visão da entidade, não existe parcelamento sem juros. “O parcelado sem juros não é sem juros, pois os juros estão embutidos no preço do produto”, disse por nota.
Banco sai em defesa do fim do rotativo do cartão
Ao contrário do que se esperava, bancos estão sinalizando que podem aceitar o fim do rotativo do cartão de crédito. O consumidor entra no rotativo do cartão quando não paga o valor total de fatura e joga a dívida para o mês seguinte. A taxa média anual de juros é de 445,7%.
Uma crítica à modalidade veio do presidente do Banco Pan, Carlos Eduardo Guimarães, que apontou que os clientes têm dificuldade para entender o produto e que “não acredita muito no rotativo”, segundo informações do Valor Econômico.
Com o fim da modalidade, os bancos teriam impacto na receita e rentabilidade, em contrapartida não teriam mais o dano à própria imagem por causa dos juros, conforme a publicação.
A Federação Brasileira dos Bancos afirmou que é preciso diluir os riscos entre os elos da cadeia de cartão de crédito, hoje concentrados nos bancos.
Em nota ao Valor Econômico, logo após a fala do presidente do Banco Central, a Federação disse que “busca uma solução construtiva que passe por uma transição sem rupturas, que pode incluir o fim do crédito rotativo e um redesenho das compras parceladas no cartão”.
O projeto de lei que limita os juros do rotativo do cartão de crédito foi sancionado no dia 3 de outubro. Ele prevê limite do juros do rotativo a 100% da dívida ao ano, se não for apresentado pelo setor uma alternativa para reduzir a taxa.
ENTENDA
Projeto limita aumento na dívida a 100%
> Banco Central
- O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, falou em criar uma tarifa para frear o parcelamento no cartão de crédito, sem juros. Além da possibilidade de limitar esse tipo der parcelamento em até 12 vezes e acabar com o rotativo do cartão de crédito.
> Rotativo
- O consumidor entra no rotativo do cartão de crédito quando não paga o valor total de fatura e joga a dívida para o mês seguinte.
- O projeto de lei que limita os juros do rotativo do cartão de crédito foi sancionado no dia 3 de outubro.
- Ele prevê limite do juros do rotativo a 100% da dívida ao ano, se não for apresentado pelo setor uma alternativa para reduzir a taxa.
> Sem juros
Em relação ao parcelamento no cartão de crédito, sem juros, ainda não foi batido o martelo. O Banco Central alega que a possibilidade de parcelamento a perder de vista incentiva o endividamento das famílias. Especialistas alertam para a necessidade de oferecer educação financeira.
Mas entidades e políticos estão preocupados com a mudança, que caso aconteça, segundo eles, pode prejudicar tanto o consumidor quanto o comércio.
> Embutido
Já a Federação Brasileira dos bancos (Febraban) afirma que o parcelamento sem juros não existe, já que os juros estão embutidos na compra. A Federação defende, ainda, a “manutenção do cartão de crédito como relevante instrumento para o consumo”.
Fonte: especialistas citados na reportagem
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