Advogada e empresária: “Queremos dar trabalho à mulher que sai da cadeia”
Colocar ex-presidiárias no mercado pelo empreendedorismo é o desafio da advogada Simone Cunha, presidente do CMEC
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Colocar uma ex-presidiária no mercado de trabalho através do empreendedorismo é o desafio da advogada Simone Cunha, presidente do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC). Um projeto que começa a ser implementado neste mês pretende ajudar mulheres que estão em regime semiaberto e as que estão ganhando de volta sua liberdade.
A ideia da Simone ganhou o apoio da juíza Patrícia Farone, da Vara de Execuções Penais, e, juntas, elas vão iniciar um projeto piloto no Presídio Feminino de Bubu e também no Sistema Prisional de Colatina.
A notícia dessa parceria foi divulgada no 1º Fórum Mulheres do Espírito Santo – Elas Empreendem, realizado no Sebrae/ES, na semana passada. O evento reuniu mais de 200 mulheres para falar sobre empreendedorismo.
A TRIBUNA - Como é esse projeto de colocar detentas no mercado de trabalho?
Eu ocupo um cargo no Sebrae, no Conselho Fiscal, e saindo de uma reunião eu encontrei uma pessoa do lado de fora do prédio. Ela chorava compulsivamente, arrastando um cachorrinho, e eu perguntei o que acontecia. No meio do diálogo ela me falou que tinha saído do presídio feminino e que havia ficado presa por cinco anos. Quando ela alcançou a liberdade, a família não a aceitou de volta. Então, ela estava vagando pelas ruas por uma semana e a única companhia que ela tinha era o cachorrinho. Essa história, essa narrativa dela mexeu muito comigo, porque eu pensei quantas oportunidades eu tenho, em quantas instituições estou trabalhando, inclusive de forma voluntária, e eu comecei a me cobrar o que eu tenho feito pelo meu semelhante, principalmente pela mulher.
Eu comecei a imaginar, já que o empreendedorismo me trouxe a liberdade financeira, eu comecei a pensar em escrever um projeto onde a gente pudesse dar oportunidade a essas egressas do sistema prisional, dando voz, trazendo, inserindo-as novamente na sociedade, e, assim, com uma oportunidade de alcançar a liberdade financeira através da possibilidade delas serem o que elas gostariam de ser.
Vocês vão dar qualificação para elas?
A ideia é que seja feita uma triagem, uma pesquisa psicossocial para entender qual é o interesse dessa mulher, qual é o sonho dessa mulher, para ela ser o que ela realmente gostaria de ser, o que ela quiser ser.
Se ela quer um emprego ou se ela vai empreender também?
Exatamente, se o sonho dela for ter um emprego de carteira assinada, um emprego formal, nós, através de parcerias privadas, faremos esse encaminhamento. E se ela quiser empreender naquilo que ela quiser, que for o sonho dela, através de parcerias também, nós vamos capacitá-la e dar toda a estrutura e acompanhá-la aqui fora durante um ano e quatro meses.
Então essas mulheres vão ter todo o apoio de empresas?
Nós estamos com vários apoiadores, vários parceiros. Rotary Club, Sebrae, Sicredi, são muitos. São várias empresas que estão se juntando para dar esse apoio a essas detentas. E nós já estamos trabalhando no projeto dentro do sistema prisional.
Elas ainda estão no semiaberto, no sentido de sensibilizá-las, porque passaram ali muitos anos, cada uma tem a sua história. Nós vamos tentar resgatar a autoestima, resgatar o sonho e a esperança dessa mulher.
Para quando ela chegar aqui fora, a gente possa, através do projeto e do instituto Livres para Sonhar, dar essa oportunidade, essa estrutura. Elas vão sair sabendo que aqui fora existe uma instituição em que elas vão poder contar. E várias pessoas de forma voluntária estão se juntando ao projeto. Eu costumo dizer que somos correntes onde os elos ficaram fortes. E todo dia a corrente do bem só aumenta, todos os dias temos novas parcerias.
*S2 Comunicação
Em busca da liberdade financeira
Alcançar a tão sonhada liberdade financeira é a meta de centenas de mulheres empreendedoras. A maioria delas é arrimo de família e precisa empreender para manter a sobrevivência da família.
“Queremos fortalecer mentes empreendedoras, dando voz à inclusão financeira e produtiva no mercado de trabalho, alcançando, assim, a liberdade financeira”, diz a advogada e empreendedora Simone Cunha, que realizou na semana passada o 1º Fórum da Mulher Empreendedora. Ela é presidente do Conselho da Mulher Empreendedora e da Cultura (CMEC) e realizou o fórum com o apoio de diversas instituições, como o Sebrae/ES e a Secretaria de Desenvolvimento do governo do Estado.
Simone espera que o fórum seja uma oportunidade de empoderamento para mulheres.
Para a primeira-dama, Maria Virgínia Casagrande, que participou do 1º Fórum de Mulheres, o evento é importante para conectar pessoas e revelar novos talentos. “Nós apoiamos o empreendedorismo feminino, e já estava na hora de termos a nossa digital no governo, assim avançamos no número de mulheres como secretárias, criamos a Secretaria das Mulheres, com a Jacqueline Moraes, e já temos um outro olhar para alavancar outras questões, como o combate à violência contra a mulher, ganhando espaço e nos fazendo presentes”, afirma Virgínia.
“Nós já nascemos empreendedoras”
“Eu trabalhei 35 anos no mercado financeiro. E aí, quando me aposentei, com 55 anos, quando as pessoas acham que a sua vida acabou, aí é que a minha começou como empreendedora.
É muito bom incentivar mulheres, sendo um exemplo de que você pode começar a qualquer momento. E que juntas podemos sim chegar aonde nós quisermos. Nós mulheres já nascemos empreendedoras.”
Martha Campos, empreendedora
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