Empresários e clientes confiantes na recuperação da Americanas
Moradores do centro de Vitória e frequentadores da tradicional loja da Princesa Isabel elogiam promoções e torcem por recuperação da rede
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Moradores do centro de Vitória e frequentadores da região conhecida como Esplanada Capixaba estão preocupados com a crise na Americanas. Um motivo em especial é a histórica loja da rede varejista na região.
Diretores do grupo garantem que a unidade da avenida Princesa Isabel, aberta há cerca de 40 anos, segue funcionando. E empresários e clientes estão confiantes na recuperação da empresa.
A rede está em processo de recuperação judicial, instrumento que funciona como solução jurídica para evitar que uma empresa feche as portas e prejudique o mercado. Com ela, a empresa pode suspender, renegociar parte das dívidas e seguir com o funcionamento das atividades comerciais.
No Espírito Santo, são 27 unidades, espalhadas por todas as regiões do Espírito Santo, sendo: Vitória (oito filiais); Vila Velha (seis); Serra (cinco); Cariacica e Cachoeiro de Itapemirim (duas unidades cada) e Guarapari, Linhares, Aracruz e São Mateus com uma filial em cada um dos municípios.
Conhecida pelas ofertas e promoções, a rede tem consumidores de muitas faixas etárias.
A estudante de Fisioterapia Daniele Rosa Madeira tem 24 anos e mora em Santo Antônio. Cliente da Americanas da Princesa Isabel, ela diz que a loja é o caminho certo quando “quer gastar menos e comprar mais”. “Tem muita promoção, venho aqui muito por isso”, diz, afirmando também que espera que a loja se recupere e mantenha as portas abertas.
Confiança
O empresário José Lino Sepulcri, diretor da Confederação Nacional do Comércio (CNC), diz torcer para que a recuperação judicial do grupo dê certo.
“Acredito que esse pedido trará bons frutos ao futuro da empresa”, avaliou o dirigente empresarial.
Para a Associação Comercial e Empresarial do Espírito Santo (ACE-ES), os consumidores não devem ter medo de continuar comprando nas lojas Americanas.
“A informação que tivemos, sobre os bastidores da empresa, não muda, para os clientes e consumidores, o modelo de negócio aplicado à compra e venda. O que isso quer dizer é que o recado foi para o mercado, mas o funcionamento deve seguir em frente”.
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Como permitiram chegar a esse ponto?
Diogo Francisco da Silva mora no Centro de Vitória desde 2012 e, antenado às questões políticas, diz que ao saber sobre o desvio do dinheiro, se questionou se não havia como evitar o cenário atual.
”Pelas informações divulgadas na imprensa, a situação já existia há mais de 15 anos. Como eles não viram? Como permitiram que chegasse aonde chegou?”, indagou.
Diogo Silva disse ainda que os maiores prejudicados nessa história são os trabalhadores.
“Milhares de trabalhadores podem perder seus empregos, é claro, a gente torce para isso não acontecer, mas existe a chance? Tem muita coisa que a gente não sabe”, lamentou. Para ele, o cenário todo se resume a um sentimento: tristeza.
“Nada de shopping!”
Janete Camargo é aposentada, mora em Vitória e tem 62 anos. Para ela, que chegou ao Espírito Santo há 40 anos, é desesperador, como classifica, a chance de ter as lojas do Estado fechadas, sobretudo a do Centro.
“Não vou ao shopping, não gosto. Quando saio para fazer compras, venho pra cá. Saio de uma loja, vou para outra e sempre termino meu dia aqui”, indicando que a Americanas faz parte de seu cotidiano. Janete afirmou que não acredita na chance de falência. “Olha a loja, tá cheia, não vai acabar”, disse convicta.
Rede amplia valor em caixa
No dia seguinte ao pedido de recuperação judicial aprovado pela Justiça, o caixa da Americanas já subiu para cerca de R$ 600 milhões, com bancos iniciando o processo de desbloqueio dos recursos.
Na sexta (20), a situação da varejista chegou a um nível crítico, com R$ 250 milhões, afetando a capacidade de pagamento e gerando forte preocupação entre os fornecedores.
Ao aceitar o pedido de recuperação judicial, a Justiça determinou o desbloqueio de uma série de recursos retidos pelos bancos. O Bradesco já liberou os R$ 474 milhões que havia bloqueado.
O Itaú também já liberou cerca de R$ 50 milhões. O Banco Votorantim também desbloqueou recursos. Há ainda, segundo a Americanas, dinheiro retido com Safra e BTG.
De acordo com o pedido apresentado à Justiça, a Americanas tem R$ 43 bilhões em dívidas e um total de 16.300 credores.
A decisão judicial que determina a liberação de recursos retidos pelos bancos, porém, não atinge o bloqueio de R$ 1,2 bilhão feito pelo BTG. Porém, a Americanas vai recorrer da decisão, segundo dizem fontes ligadas à empresa.
Aprovação em dois anos, dizem credores
Após a aprovação do pedido de recuperação judicial da Americanas, os credores e os acionistas já começam a se articular para avaliar a proposta que será feita pela varejista para reduzir o nível de endividamento de R$ 43 bilhões.
Segundo uma das fontes ouvidas pelo Jornal O Globo, sob condição de anonimato, o clima será de uma extensa e estressante negociação. Ninguém espera que o plano de recuperação judicial da Americanas seja aprovado antes de dois anos.
Entenda o caso
> O que aconteceu
- O ex-CEO da empresa Sérgio Rial, revelou um rombo bilionário de R$ 43 bilhões aos cofres da empresa.
- As investigações começaram em janeiro e, dias depois, a situação da Americanas explodiu na mídia.
- Como reflexo, as ações da Americanas caíram mais 38,41% e foram cotadas a R$ 1,94.
> Recuperação judicial
- O Grupo pediu e teve acolhido na Justiça a recuperação judicial.
- Com a decisão, ficam suspensas todas as execuções financeiras contra o grupo Americanas.
Fonte: Pesquisa AT.
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