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Economia

Mais de 1 milhão de investidores perdem dinheiro na crise da Americanas

Ao todo, 1.057 fundos de investimentos têm ativos da varejista e sofreram perdas. Só em um, da Nubank, são 1,36 milhão de afetados


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Imagem ilustrativa da imagem Mais de 1 milhão de investidores perdem dinheiro na crise da Americanas
Americanas é alvo de processo na Justiça movido por instituto que pede indenização por danos aos investidores. |  Foto: Divulgação/Shopping Jardim Norte

O grupo Americanas anunciou “inconsistências contábeis”  na casa dos R$ 20 bilhões. Desde então, o rombo tem provocado  desdobramentos. Investidores já entraram com ação na Justiça pedindo indenização por danos morais e materiais, que afetariam mais de 1 milhão de pessoas.

O escândalo impactou não só os investidores em renda variável, como ações, mas também muitos mais conservadores que optam pela renda fixa, mais segura.

“O que afetou muita gente foram as debêntures das Americanas. Praticamente todos os fundos de renda fixa tinham algum tipo de disposição das Americanas. Então quase todo cliente e investidor tinha um pedaço dela na carteira de renda fixa. Isso é muito comum”,  explicou o assessor de investimentos da Valor Wagner Varejão. 

Debêntures é como são chamados os títulos de crédito emitidos por empresas e negociados no mercado, para elas se capitalizarem.  “A empresa, como forma de se capitalizar, ou seja, para não precisar ir ao banco pegar dinheiro, ela lançava debêntures.  É uma espécie de empréstimo em que ela faz com as pessoas”, explicou o economista e consultor José Marcio de Barros.  

Entre os afetados  estão 1,36 milhões de cotistas do Nubank, que têm fundo de renda fixa — um dos 1.057 com ativos da Americanas —  com investimentos em crédito privado, do qual a Americanas fazia parte com dois debêntures.  

Após o escândalo, o rendimento do fundo do Nubank caiu de 109% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário, que é uma referência de rentabilidade) para 37%. 

Leia mais em:

Crise na Americanas afeta vida de cliente e investidor

Aposentadorias perdem até 40 anos do poder de compra em 10 anos

Varejão considera que nem tudo está perdido para os investidores da Americanas. “Eles podem ver seu patrimônio variar de 0,6 a 0,7% na cota do fundo.  Há chance de esse dinheiro voltar, se eles conseguirem renegociar a dívida. Tem chance disso aí melhorar e o papel remarcar para cima, mas não é uma alta probabilidade”, disse.

Representando investidores com perdas, o Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci) processou a Americanas e pediu indenização por danos materiais e morais de acionistas. “A informação clara, precisa, adequada e suficiente sobre a saúde financeira (...), é direito do investidor (...). E tal direito foi flagrantemente violado.”

Procurada, a Americanas não respondeu à tentativa de contato.

Recuperação Judicial é certa

É esperado que, nos próximos dias, a Americanas entre com um pedido de recuperação judicial no valor de R$ 20 bilhões.

Segundo o Jornal Folha de São Paulo,  este é o montante estimado que os acionistas de referência teriam de injetar na companhia para salvá-la. O valor exato, no entanto, ainda pode sofrer alterações.

Por meio do processo de recuperação, um juiz passa a administrar a negociação de dívidas da companhia junto aos credores, enquanto um plano de saneamento é montado, apresentado e votado por uma assembleia de credores.

Durante esse período, a empresa possui salvo-conduto e não precisa pagar nenhuma dívida. Conforme empresas que já passaram pela situação, os credores oferecem desconto da dívida, alongam o prazo de pagamento, em troca da sobrevivência da companhia - garantia de que receberão seu dinheiro.

A varejista já contratou  Camille Loyo Faria como diretora financeira e de relações com investidores da companhia. Ela é ex-diretora da Oi e esteve envolvida com o processo de recuperação judicial da empresa de telecomunicação.


ENTENDA


Número de afetados pode ser muito maior

“Rombo” contábil

A Americanas percebeu que R$ 20 bilhões  —  referente aos primeiros nove meses de 2022 e anos anteriores — não haviam sido registrados de forma apropriada nos balanços corporativos da empresa.

Além de emitir comunicado informando a situação,   o presidente da companhia, Sergio Rial, deixou o cargo  nove dias depois de assumir.

O diretor financeiro da empresa, André Covre, também renunciou.

Impacto no mercado

As ações da empresa despencaram quase 80% na Bolsa na quinta-feira, depois do comunicado. Corretoras e casas de análise começam a mudar as recomendações sobre as ações da companhia.  Santander, o BTG Pactual e o Bradesco são os mais impactados.

Investidores prejudicados

Não apenas investidores de renda variável foram impactados: muitas pessoas que tinham aplicações em fundos de renda fixa também tiveram variações negativas em suas aplicações. Debêntures são consideradas as principais responsáveis por eventuais oscilações.   Elas são classificadas como de  baixo risco.

“são títulos emitidos por empresas, são títulos de dívidas. Funcionam como forma de capitalização em que a empresa pega um empréstimo com investidores minoritários, oferecendo uma promessa de pagamento”, explicou Ricardo Paixão.

Considerada uma empresa com alta credibilidade, a Americana viu seu valor gradativamente cair e seus investidores perderem dinheiro.

Ao todo, 1.057 fundos têm ativos da Americanas. Para se ter ideia, só em um, da Nubank, tem 1,36 milhão de investidores, que tiveram perdas.

Ou seja, o número de afetados pode ser na cada dos milhões País afora.

Ação na Justiça

Representando investidores, o Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci), abriu ação civil pública exigindo que a Americanas pague compensação por danos morais e materiais individuais a acionistas, investidores e consumidores.

Concorrentes beneficiadas

O economista Celso Bissoli julga que a situação favorece as empresas concorrentes varejistas. “A Americanas tem cerca de 15% de participação no e-commerce brasileiro. O Mercado Livre, Magazine Luiza e Via devem ser as empresas que mais vão incorporar essa fatia de mercado”, explica.

Fonte: G1, Ricardo Paixão e Estadão.

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