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Economia

Americanas afunda na Bolsa após escândalo contábil de R$ 20 bilhões

Negociações dos papéis da Americanas na Bolsa foram temporariamente suspensas


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Imagem ilustrativa da imagem Americanas afunda na Bolsa após escândalo contábil de R$ 20 bilhões
O presidente-executivo, Sérgio Rial, decidiu deixar a companhia |  Foto: Pixabay

Ações do varejo despencavam nesta quinta-feira (2) devido ao temor de investidores em relação aos rumos do setor após o escândalo contábil da Americanas, uma das principais empresas do segmento listadas na Bolsa de Valores brasileira.

Uma descoberta preliminar de cerca de R$ 20 bilhões em "inconsistências" contábeis no balanço da companhia levou às renúncias do presidente e do diretor financeiro da empresa.

Sergio Rial sai dez dias após assumir o cargo, depois de seis anos à frente do Santander Brasil. Rial substituiu Miguel Gutierrez, que foi presidente da Americanas por cerca de 20 anos. O diretor financeiro Andre Covre também havia acabado de ingressar na Americanas.

As negociações dos papéis da Americanas na Bolsa foram temporariamente suspensas. O mecanismo de proteção, acionado quando há oscilações fora do comum, é chamado de leilão e permite apenas que investidores enviem ordens de compra e de venda, sem a conclusão do negócio.

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Na prática, as ações não são vendidas. Ainda assim, o preço do papel continua a ser computado durante o leilão. Às 13h15 desta quinta, a ação da Americanas valia R$ 1,50, o que representa uma queda de 87,5% em relação aos R$ 12 do fechamento do mercado na véspera.

Indicando preocupações generalizadas de investidores quanto ao varejo, os papéis da Via despencavam 8,08%. A Magazine Luiza caía 2,97%. Bancos também amargavam perdas. Santander, Bradesco e Itaú recuavam 1,91%, 0,97% e 0,80%, nessa ordem.

"Se o rombo for esse mesmo, de R$ 20 bilhões, o mercado começa a se preocupar sobre com quem está essa dívida", comentou Piter Carvalho, economista da Valor Investimentos. "No caso específico do setor de varejo, o investidor começa a temer que outras empresas tenham problemas parecido", disse.

"Hoje é um dia em que o mercado vai olhar muito para essa crise envolvendo a Americanas, pois é uma empresa importante e há muitos investidores e fundos com posições relevantes nela", afirmou Heitor Martins, especialista em renda variável da Nexgen Capital.

O índice Ibovespa, referência da Bolsa, abandonava as baixas da manhã e passava a apresentar leve alta de 0,22%, aos 112.760 pontos. A recuperação do indicador estava apoiada em altas de empresas de segmentos ligados a exportação de matérias-primas para a produção de aço (mineração) e energia (petróleo), que possuem grande peso no mercado doméstico.

Imagem ilustrativa da imagem Americanas afunda na Bolsa após escândalo contábil de R$ 20 bilhões
As negociações dos papéis da Americanas na Bolsa foram temporariamente suspensas |  Foto: Canva

No mercado de câmbio, o dólar apresentava forte queda frente ao real. A moeda americana recuava 1,06%, cotada a R$ 5,1260 na venda.

Nesta quarta-feira (11), a Bolsa teve sua sexta alta diária seguida e o dólar fechou em queda, com investidores dando maior atenção ao noticiário econômico, após a divulgação do secretariado do Ministério do Planejamento e as declarações da ministra Simone Tebet.

No exterior, as bolsas também subiram com os investidores otimistas com os dados da inflação ao consumidor nos Estados Unidos. O mercado espera uma desaceleração do indicador, o que poderia levar o Federal Reserve, banco central norte-americano, a diminuir o ritmo de alta dos juros.

O Ibovespa fechou em alta de 1,53% a 112.517 pontos. Nos últimos seis pregões, a Bolsa acumula alta de 8%. O dólar comercial à vista fechou com queda de 0,40%, a R$ 5,1810 para venda.

Desde o dia 4 de janeiro, quando atingiu o pico de R$ 5,45 no ano, o dólar acumula desvalorização de 5% ante o real.

Os juros recuaram em todos os vencimentos. Os contratos para 2024 caíram de 13,59% no fechamento desta terça-feira (10) para 13,52%. Para 2025, a taxa passou de 12,69% para 12,53%. Para 2027, o recuo foi de 12,50% para 12,26%.

A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), anunciou nesta quarta-feira (11) a composição de sua equipe de secretários ressaltando "as linhas de pensamento econômico diferentes" e pregando harmonia com os ministros da Gestão, Esther Dweck, e da Fazenda, Fernando Haddad.

Sobre o ministro da Fazenda, reportagem da Folha de S.Paulo revela que a proposta de arcabouço fiscal da equipe econômica de transição, que reuniu André Lara Resende, Guilherme Mello, Nelson Barbosa e Persio Arida, envolve a substituição do teto de gastos por uma meta de despesas.

A cotação do petróleo também ajudou a Bolsa, impulsionando principalmente as empresas do setor. Às 18h26 (horário de Brasília), o barril do tipo Brent subia 3,48%, a US$ 82,89.

As ações ordinárias da 3R Petroleum e da PRIO, antiga PetroRio, ficaram com as maiores altas do Ibovespa, com 13,64% e 7,76%, respectivamente. Nesta quarta, a 3R divulgou que em dezembro, sua produção quase dobrou em relação a novembro.

Os papéis da Petrobras subiram menos, mais impactadas pela cautela com o cenário político. As preferenciais fecharam em alta de 0,79%, e as ordinárias avançaram 1,28%.

No exterior, os principais índices de ações nos Estados Unidos também encerraram o dia em em alta. Além do otimismo com a inflação no país, o otimismo em relação à retomada econômica na China também ajudou o mercado.

O índice Dow Jones teve alta de 0,80%, enquanto o S&P 500 subiu 1,28%. O Nasdaq 100 fechou com avanço de 1,76%.

Apesar da atenção dada ao noticiário econômico, o mercado mantém no radar o ambiente político, com ameaças de novas invasões e bloqueios por parte de militantes bolsonaristas. O governo anunciou medidas de prevenção para evitar nova invasão nas sedes dos Três Poderes.

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), determinou nesta quarta que as autoridades públicas impeçam quaisquer tentativas de ocupação ou bloqueio de vias públicas, rodovias, espaços e prédios públicos por manifestantes golpistas apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, prorrogou por mais dez dias o uso da Força Nacional da região da Esplanada dos Ministérios e da Praça dos Três Poderes, palco de atos de vandalismo no último domingo (8).

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