Velhice saudável é o resultado de boas escolhas ao longo da vida
Coluna publicada na edição desta terça-feira, do jornal A Tribuna
A Organização Mundial de Saúde (OMS) prevê um aumento de 150% no número de pessoas com quadro de demência até 2050. Ou seja, em menos de 30 anos o problema irá afetar uma quantidade três vezes maior de pessoas. Perda de memória e de capacidade intelectual são os sintomas mais frequentes dessas doenças neurodegenerativas e uma das mais conhecidas e incidentes é a doença de Alzheimer, comum em idosos.
Em meio a esse cenário preocupante, uma boa notícia: bons hábitos cultivados durante a vida podem ajudar a prevenir a demência. Não é de hoje que essa recomendação é disseminada em grande escala pelos médicos e profissionais de saúde para toda a população, afinal, a adoção de costumes saudáveis é um dos principais pilares de uma vida longe de doenças.
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Mas quando o assunto é demência, uma importante informação trazida por uma pesquisa vem acender uma luz sobre as obscuridades que cercam essa doença, que ainda não tem cura, apenas controle.
Um estudo feito por cientistas da Universidade do Mississipi (EUA) concluiu que cultivar hábitos saudáveis diminui o risco de desenvolvimento de demência, inclusive para pessoas com predisposição genética ao problema. Os hábitos apontados pelos pesquisadores são: ser ativo, ter uma alimentação saudável, manter o peso ideal, não fumar, controlar o colesterol, manter níveis baixos de açúcar no sangue e controlar a pressão arterial.
Para chegarem a essa constatação, os cientistas estudaram mais de 10 mil pessoas durante três décadas e concluíram que aquelas que praticaram esses cuidados conseguiram reduzir em até 43% o risco da doença.
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Nesse contexto, importantes pontos merecem ser considerados. Primeiro, é o fato de os cuidados que já considerávamos essenciais para prevenir muitas doenças agora, por meio de um estudo, sabemos que também ajudam a evitar demências.
Outra reflexão é sobre a urgente necessidade de se priorizar a saúde o quanto antes. Uma velhice saudável não se constrói na terceira idade, e sim ao longo da vida, antes mesmo dos sinais da idade começarem a se manifestar.
Infelizmente, por serem mais jovens e desfrutarem de disposição e um corpo resistente, muitas pessoas ignoram certos hábitos que devem ser adotados desde cedo, ainda na juventude e até mesmo na infância. Colesterol alto, excesso de açúcar no sangue e sedentarismo, por exemplo, são problemas que não devem ser deixados de lado, em nenhuma fase da vida.
Quando não se dá a devida atenção à saúde, uma série de problemas farão parte da vida quando a idade avançada chegar, ou até antes disso.
Infelizmente ainda não há cura definitiva para demências primárias, e sonhamos em ver esse dia chegar, mas hoje podemos ter ainda mais certeza dos benefícios que os hábitos saudáveis nos trazem. Uma vida longe de doenças pode ser desfrutada em todas as idades, mas ela nos exige boas escolhas e renúncias necessárias para que a longevidade seja apenas uma dádiva que todos desejam alcançar.
Gustavo Genelhu é médico geriatra
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