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Cidades

Pressão social sobre ser mãe: é preciso respeitar as decisões alheias

Especialistas alertam que pressão social pode gerar transtornos psicológicos na mulher, como ansiedade, fobia e depressão


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Imagem ilustrativa da imagem Pressão social sobre ser mãe: é preciso respeitar as decisões alheias
Monique Stony diz que é preciso ter autoconhecimento para tomar decisão |  Foto: © Divulgação

A maternidade é uma jornada pessoal e, como tal, deve ser decidida pela mulher e respeitada. Julgar ou pressionar podem causar angústia e ansiedade. É o que dizem psicólogos e médicos especialistas em saúde da mulher.

“A pressão social pode até mesmo impactar em transtornos psicológicos como ansiedade, fobia e depressão. Essa não se trata de uma questão de opinião. Trata-se de uma questão de saúde mental. As pessoas precisam respeitar as decisões alheias e terem noção de seus impactos no outro”, alerta a psicóloga Monique Stony.

Para ela, esse julgamento é fruto de uma construção social de séculos sobre o papel esperado da mulher. “Não existe uma fórmula mágica ou uma única medida que servirá para todas as mulheres. A palavra-chave para garantir uma decisão consciente é autoconhecimento”.

“O importante é pesar as circunstâncias para perceber se, no geral, é mais favorável ou desfavorável a decisão da maternidade, permitindo à mulher lidar com os impactos da decisão de forma mais consciente”, diz.

Cada mulher tem o direito de tomar decisões sobre sua vida reprodutiva com base em suas circunstâncias e preferências pessoais, como destaca a ginecologista e obstetra Clarisse Silveira.

“O respeito pela escolha individual é fundamental. A falta dele, o julgamento, pode gerar estresse, ansiedade e sentimentos de inadequação na mulher. É importante que a sociedade promova uma cultura de respeito às escolhas individuais e compreenda que cada pessoa tem circunstâncias únicas que influenciam suas decisões reprodutivas”.

Para ela, é crucial destacar que o planejamento familiar é um tópico pessoal e deve ser baseado nas necessidades, desejos e circunstâncias individuais.

A psicóloga Luíza Bazoni ressalta que as mulheres têm o poder de decisão. “Até mesmo o ato de decidir ter ou não filhos, ter muitos ou nenhum, aceitar a imposição da sociedade, ceder à opinião da família, marido, enfim, até isso é uma decisão dela”.

Ela destaca que quase sempre são usados argumentos do senso comum para explicar por que ou não ser mãe. “Enquanto o que deveria ser considerado são as experiências pessoais de cada mulher e sua autonomia sobre o próprio corpo”.

O desejo de ser mãe não é igual para todas as mulheres, complementa a psicóloga Patrícia Dummer. “É importante entrar em contato com seu desejo, com bastante cuidado e respeito por si mesma”.

Mais de 100 esperam pela adoção

A gestação não precisa ser o único recurso para a realização do sonho de ser mãe. Segundo os dados do Tribunal de Justiça do Estado do Espírito Santo (TJ-ES), 115 crianças e adolescentes estão disponíveis para adoção.

Segundo o órgão, os interessados em adotar uma criança ou adolescente devem procurar a Vara da Infância e Juventude do seu município para ter mais informações e dar entrada no processo de habilitação. “Deverá também passar por avaliação psicossocial e curso de habilitação, dentro deste processo”, esclarece o órgão.

Independente do motivo que leva a família para a adoção, o importante é considerar que esta é uma filiação legítima em termos jurídicos e afetivos, ressalta a psicóloga Roberta Torres. “O amor de uma mãe por adoção tem o mesmo valor do que uma mãe que gerou biologicamente”.

Ela ressalta ainda que a preparação para a maternidade, seja biológica ou por adoção, é importante. “Se preparar emocionalmente para as mudanças e demandas inerentes da chegada de um filho é fundamental para o processo de vinculação afetiva”.

A adoção, segundo Roberta, infelizmente ainda é permeada de preconceitos. “Para muitos, a maternidade adotiva é vista como inferior ou incompleta, ou ainda como caridade. Tudo isso são mitos e preconceitos que devemos desconstruir”.

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