Pesquisa revela nome mais comum da geração Alfa, os nascidos entre 2010 e 2024
Miguel lidera o ranking de crianças nascidas entre 2010 e 2024. No Brasil, foram mais de 432 mil registros neste período

Muito se fala na popularidade do nome Enzo entre as crianças da geração Alfa (nascidos entre 2010 e 2024), mas pouco se comenta de Miguel, que, segundo levantamento da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), foi maioria nos registros de crianças nesta geração.
Nacionalmente, o nome soma mais de 432 mil registros entre 2010 e 2024 e dominou as listas de nomes mais escolhidos por anos. Ele foi o líder em 2017 e voltou ao topo em uma sequência entre 2020 e 2023. Em 2024, perdeu apenas para Helena, ficando em segundo lugar.
No Espírito Santo, de acordo com o Portal da Transparência do Registro Civil, que mostra o ranking de nomes escolhidos desde 2015, o nome Miguel só não ocupou o primeiro lugar nos anos de 2020, ficando atrás de Helena; em 2021 e 2022, atrás do primeiro lugar, Gael; e em 2024, quando ocupou, pela primeira vez desde 2015, a terceira colocação, atrás de Helena e Gael.
Já em relação às meninas, o nome preferido dos pais da geração Alfa é Alice, com mais de 272 mil registros.
Ele figurou no top 10 em vários anos, principalmente entre 2016 e 2023. Em 2024, no entanto, perdeu força e caiu para a 12ª posição. Já o nome Maria Alice tem ganhado popularidade nos últimos anos.
Fabiana Aurich, vice-presidente do Sindicato dos Notários e Registradores do Estado do Espírito Santo (Sinoreg-ES), conta que esse movimento tem uma explicação.
“Em geral, os pais escolhem nomes de pessoas famosas, de filhos de famosos ou nomes mais usados em uma determinada época. Por isso que, estatisticamente, se observam 'nomes mais registrados' e isso se dá em períodos, mudando sazonalmente”.
Sátina Pimenta, psicóloga clínica, advogada, professora universitária e colunista de A Tribuna, explica que a escolha do nome Miguel está ligada a um movimento de retorno ao passado.
Segundo ela, muitos pais têm buscado nomes que transmitam afeto, tradição e significado, em contraste com a velocidade e a impessoalidade do mundo atual.
“Miguel é um nome antigo, bíblico, associado à força e à proteção. Ele carrega uma simbologia emocional que remete às gerações anteriores, e isso conversa muito com o desejo das famílias de resgatar vínculos mais humanos e afetivos”, afirma.
Hebraico
Símbolo de humildade

A jornalista Paula Bourguignon foi uma das mães que escolheram o nome Miguel para o filho, em 2017.
“Eu escolhi junto ao pai do Miguel primeiramente por ser bíblico e por ser um símbolo de humildade diante de Deus. A base do nome é uma pergunta retórica em hebraico que evoca humildade e espiritualidade, que seu significado é 'Quem é como Deus?'”, explicou Paula.
“Além disso, o arcanjo Miguel é mencionado como um dos principais protetores do povo e também como um líder do exército de Deus”, destacou.
Fique por dentro
Geração Alfa
A geração alfa compreende as crianças nascidas entre 2010 e 2024.
São meninos e meninas que já nascem hiperconectados, expostos a telas e estímulos visuais desde o berço (e até mesmo dentro da barriga).
Essa exposição precoce molda não apenas o modo como aprendem e se comunicam, mas também sua forma de perceber o mundo.
Aprendizado acelerado
Essas crianças têm acesso a uma infinidade de informações e aprendem de forma autodidata. É comum que aprendam idiomas assistindo a vídeos e conteúdos on-line.
Desafios na socialização
Por outro lado, a mesma conectividade que amplia horizontes também limita as interações sociais reais.
A geração Alfa tende a ter menos habilidades de convivência e empatia, justamente por passar muito tempo diante das telas.
Além disso, são filhos de uma geração de adultos focada em realização pessoal e profissional, o que faz com que muitas dessas crianças cresçam em ambientes institucionais como escolas, creches, cursos, e passem menos tempo em convivência familiar direta.
Retorno ao passado
Existe, atualmente, um movimento crescente de retorno às raízes, de reencontro com o afeto, simplicidade, tradição e experiências reais.
Esse resgate aparece em vários campos, desde a arquitetura até o lazer, passando pela escolha dos nomes dos filhos.
Busca pelo real
Embora a geração Alfa seja a mais conectada da história, ela própria vai, no futuro, questionar esse excesso.
Quando essas crianças chegarem à juventude, tendem a preferir experiências reais a virtuais. Trata-se de uma reação natural ao esgotamento tecnológico, um movimento de retorno ao humano, ao simples e ao essencial.
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