765 quilômetros: capixaba faz 18 dias de peregrinação a pé até Aparecida
Ezequiel Pansini, de 65 anos, saiu de Afonso Cláudio até o Santuário, em São Paulo. Ele andou por 18 dias com grupo de peregrinos

Aos 65 anos, o comerciante Ezequiel Pansini viveu uma experiência transformadora: percorreu 765 quilômetros caminhando. Foram 18 dias, partindo de Afonso Cláudio, na região Serrana do Espírito Santo, até o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, junto a um grupo de 20 peregrinos.
Ezequiel conta que a cada dia eles percorriam cerca de 40 quilômetros, movidos não apenas pela resistência física, mas por algo muito maior: a fé. “A gente andava o dia inteiro e à noite dormia em igrejas, salões, quadras, casas de amigos. Era cansativo, mas a vontade de chegar e o amor por Nossa Senhora nos davam força. Todo dia era uma nova superação”, relembra.
A fé de Ezequiel não nasceu dessa caminhada, mas foi nela que ele descobriu o quanto ela o sustenta. No ano anterior, ele havia feito o mesmo percurso de bicicleta, mas sentiu que faltava algo.
“Quando fiz de bike, foi bonito, mas rápido. Eu queria sentir o caminho, viver cada passo, cada oração. Foi aí que nasceu o desejo de fazer a pé. Quando consegui a última vaga no grupo, fiquei emocionado. Era como se fosse um chamado”.
O propósito da peregrinação, diz ele, era de gratidão. “Eu não fui pedir nada. Fui agradecer. Por tudo o que Nossa Senhora já fez por mim, pela minha família, e para levar esperança. A gente vive um mundo muito conturbado, e eu queria caminhar por um mundo melhor, por mais alegria de viver”.
Durante o trajeto, as histórias dos companheiros de fé se misturaram às suas. Uma delas marcou o peregrino. “No ano anterior, uma pessoa encontrou o grupo no caminho e pediu que levasse a foto da filha para o Santuário. Ela tinha, na época, 17 anos e estava com câncer. A menina foi curada. Neste ano, ele caminhou com a gente para pagar a promessa. Foi impossível não se emocionar”.
Todos os dias, antes de sair, o grupo rezava o terço. Uma imagem de Nossa Senhora era carregada em uma mochila, repleta de bilhetes com pedidos e agradecimentos entregues por desconhecidos ao longo da estrada.
“Levamos todos até os pés da santa. É uma sensação de estar levando as esperanças do mundo inteiro junto com a gente”.
Ao chegar a Aparecida, Ezequiel se emocionou. “Foi como se o coração saísse do peito. Eu olhei para a imagem e só consegui dizer: obrigado. É uma emoção que não cabe em palavras”.

“Agradecer por tudo o que já conquistei”
A Tribuna - Como surgiu a vontade de fazer a peregrinação?
Ezequiel Pansini - No ano passado eu fiz esse mesmo percurso, mas de bicicleta. Foram cinco dias para ir e cinco para voltar. Então fiquei sabendo desse grupo que já fazia a caminhada há alguns anos.
Apesar de já ter feito o percurso de bicicleta, era um desejo antigo fazer essa caminhada, então entrei em contato com o grupo e consegui me juntar a eles.
Por trás da caminhada existe muito da fé?
Com certeza. A maior parte do que nos moveu foi a fé. Cada um vai com o seu propósito. O meu foi mais um agradecimento por tudo o que já conquistei até hoje.
Vocês faziam orações no caminho?
Todos os dias, antes de sair, rezávamos o terço. A líder do grupo levava uma imagem de Nossa Senhora na mochilinha, e as pessoas colocavam bilhetes com pedidos dentro dela para serem levados até os pés da santa.
E como foi chegar lá depois de tudo isso?
É uma emoção sem palavras. Uma experiência única. Você convive com pessoas incríveis, supera limites do corpo e da mente.
No fim, é muita gratidão a Deus e a Nossa Senhora por ter permitido viver esse momento. Ver os colegas chegando, às vezes quase sem forças, e a gente se apoiando um no outro... Foi lindo.
O senhor pretende fazer de novo?
Sim! Se tiver oportunidade e vaga para mim, eu quero ir de novo.
Fique por dentro

Percurso
Foram 765 km percorridos entre Afonso Cláudio, na região Serrana do Espírito Santo, até o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo, em 18 dias.
Curiosidade
No primeiro ano que o grupo fez a caminhada, os participantes plantaram mudas de frutas ao longo do caminho. Este ano, as árvores já estavam dando frutos.
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