Açúcar pode viciar como as drogas, alertam especialistas
Médico explica que a pessoa que ingere o açúcar sente até abstinência
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Se você já comeu biscoito recheado, provavelmente não comeu apenas um ou dois do pacote. Facilmente, segundo especialistas, o pacote desse tipo de alimento é consumido por inteiro. E há uma explicação para isso: o açúcar pode viciar.
“Os ultraprocessados viciam, porque o açúcar tem uma ação no sistema nervoso central, estimulando áreas, como a própria cocaína pode estimular. Os mesmos centros de células neuronais, onde drogas viciantes como cocaína e heroína atuam”, explica o nutrólogo e cirurgião Roger Bongestab.
O médico, que é especialista em obesidade e professor de Nutrologia do Hospital Israelita Albert Einstein, explica ainda que a pessoa que ingere o açúcar sente até abstinência.
“Ela fica com mais ansiedade e, ao comer o açúcar, essa ansiedade diminui transitoriamente. Ao ingerir o carboidrato há uma descarga no cérebro de bem-estar, que é a dopamina, e isso faz com que o paciente se sinta viciado”, explica.
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A nutricionista Rayanne Pimentel, especialista em doenças autoimunes, destaca que a grande quantidade de aditivos e atrativos químicos presentes nos ultraprocessados pode estimular o apetite.
“Essa combinação vai mexer com o centro de recompensa no cérebro, criando a sensação de prazer, e pode desencadear um comportamento compulsivo na busca por esses alimentos”.
De acordo com a endocrinologista Marina Cunha, um estudo já conseguiu provar que as pessoas comem mais quando estão diante de alimentos ultraprocessados.
“São precisamente 508 calorias a mais no dia quando comparadas com aquelas que consumiam ingredientes minimamente processados. As pessoas com dieta rica em ultraprocessados mastigavam mais depressa, inclusive itens mais sólidos e crocantes e, no final, os hormônios ligados à saciedade estavam mais baixos em relação ao grupo da dieta caseira”.
Controle
Para promover um aumento saudável de serotonina e ajudar a controlar a compulsão por doces, a nutricionista funcional Bárbara Monteiro recomenda a inclusão de alimentos ricos em triptofano e magnésio na dieta diária.
“Entre os exemplos desses alimentos estão castanhas, feijão, lentilhas e folhas verdes escuras”.
Foco na alimentação funcional
Quando completou 40 anos, a guarda municipal Jane Gilles conta que teve uma “virada de chave” e não queria ter os mesmos problemas de saúde de sua família. Sua avó morreu por complicações de diabetes e sua mãe, além de diabetes, precisa fazer hemodiálise porque seus rins não funcionam.
Sorvete, salgadinhos, batata frita e bombons eram a “perdição” de Jane, hoje com 46 anos.
“Quero viver com qualidade. Descobri que os problemas da minha família são por causa da má alimentação. Conheci a alimentação low carb e saudável e aboli os alimentos ultraprocessados, açucarados e farináceos. Eu era viciada nesses alimentos. Antes, precisava de açúcar para ficar bem”.
Além de conseguir perder 10 quilos, Jane se tornou cozinheira especialista em alimentação funcional, low carb e cetogênica e mentora em alimentação saudável.
Mais qualidade de vida
Nada de embutidos, enlatados, biscoito recheado ou chips na alimentação da estudante Julia Salarini de Faria, 16. Há cinco anos, Julia passou por um tratamento oncológico, segundo conta sua mãe, Graziela Salarini, 43, e desde então segue à risca uma alimentação saudável.
“Sinto que não comendo ultraprocessados tenho mais qualidade de vida”, afirma a estudante.
Mudança
O profissional de educação física Gabriel Matielo, 28, conta que mudou a alimentação quando percebeu que os ultraprocessados faziam parte da sua dieta de forma rotineira, mesmo que em pequenas quantidades.
“Eles não são proibidos, porém, devido ao seu baixo valor biológico, devem ser ingeridos em menor quantidade possível e foi exatamente o que fiz”.
Nada de embutidos
Em 2015, a farmacêutica esteta Luciana Costa, 36, foi a uma nutricionista e retirou os embutidos da alimentação.
“Era magra, mas com o percentual de gordura elevado. Tenho histórico de problemas circulatórios na família e os embutidos pioram a circulação. Parei de comer e senti uma melhora estética e na saúde”.
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