81 alunos da Ufes vieram da África em busca de estudo
Apesar dos desafios e da distância de casa, estudantes veem o intercâmbio como oportunidade de troca de educação cultural
Estar longe de casa pode ser desafiador. Mas enfrentando os obstáculos dos diferentes costumes, alunos saem de países africanos rumo ao Estado em busca de oportunidades.
Segundo dados da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), 81 alunos da instituição são africanos. No mês em que se comemora o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, essas histórias se encontram, reforçando raízes e evidenciando a presença negra no País.
Natural de Guiné-Bissau, Josefina José da Silva, 32 anos, chegou a Vitória em 2024 para fazer doutorado em Política Social. Ela conta que logo gostou do Estado, apesar das diferenças.
“No meu país nós também falamos português, mas é muito diferente. É outro jeito de falar, com outras expressões. No começo foi difícil, mas eu fui me acostumando. Eu adoro Vitória”.
Suraya Roberto Filho, 29, veio de Angola. Socióloga e mestranda no Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da Ufes, ela trabalha como trancista nas horas vagas. Ela diz que vê o intercâmbio entre os países como uma oportunidade de educação cultural.
“O Brasil tem uma relação muito forte com a África, mas as pessoas ainda conhecem pouco a nossa realidade. Essa convivência é importante para que as pessoas vejam que a África é mais do que pobreza”, afirma.
Suraya diz ainda que as tranças também ajudam nesse processo. “Com o interesse das pessoas, percebi que poderia fazer profissionalmente. Além de ser mais uma forma de apresentar a cultura do meu país”.
De Guiné Equatorial, Santos José Nze, 31, também veio ao Estado para estudar. Pelo Programa de Estudantes – Convênio de Graduação (PEC-G), ele está se formando em Direito.
Sua adaptação foi tranquila e, por isso, tenta fazer o mesmo com os outros. Integrante da Liga dos Universitários Africanos (LUA/Ufes), ele conta que o grupo acolhe os estudantes que chegam.
“Ajudamos a achar um aluguel, a tirar documentos. Tudo para que o processo seja mais fácil”.
Mesmo com desafios, Santos José diz que tem vontade de ficar por aqui. “Eu quero muito voltar, gostei daqui, comecei minha vida profissional. É um bom lugar para se viver”.
Você sabia
Em linha reta, a distância entre o Brasil e a África é de aproximadamente 2.900 km. De avião, o número muda dependendo das cidades, mas um voo comum entre São Paulo e Joanesburgo (África do Sul), por exemplo, percorre entre 7.600 km e 8.300 km e dura de oito a nove horas.
Troca cultural
“Em Angola, fazer tranças é uma atividade comum, que aprendemos desde criança. Quando cheguei aqui, eu saía de tranças e as pessoas perguntavam onde eu tinha feito. Percebendo esse interesse, eu descobri que poderia começar a fazer profissionalmente. Foi bom, porque é mais um jeito de apresentar a cultura do meu país para os brasileiros”, Suraya Roberto Filho, mestranda em Saúde Coletiva
Diversidade
“Esse intercâmbio entre os países é uma oportunidade muito boa de conhecer outras culturas. Na Ufes, temos estudantes africanos de diversos países diferentes e aprendemos muito juntos. Isso acaba com a ideia de que a África é uma coisa só, porque nós temos uma diversidade muito grande no nosso continente, e conseguimos mostrar isso ao Brasil também”, Josefina José da Silva, doutoranda em Política Social.
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