Monja Coen: a ex-usuária de drogas que virou monja
Monja Coen morava nos Estados Unidos e era funcionária de um banco quando começou a se interessar pelo zen-budismo
Claudia Dias Batista, hoje conhecida como Monja Coen, teve uma vida bastante agitada antes de se tornar monja zen-budista. Estudou em colégio de freira, casou aos 14 anos, se separou três anos depois, trabalhou como repórter, virou roqueira e chegou a ser usuária de drogas. Aos 27 anos, porém, descobriu a meditação.
No evento em comemoração aos 12 anos da Rede Abraço, que aconteceu nessa quinta-feira (27), no Palácio Anchieta, Monja Coen fez uma palestra sobre “Escutar com o coração: uma ética do cuidado na sociedade do sofrimento”.
Na ocasião, ela disse que já foi muito “não zen”. “Já fui muito impaciente, fiz muita bobagem nesse mundo. Entrei em cada caminho errado que vocês nem imaginam”.
Ela destacou que, nesse processo, percebeu que se alguém entra no vício, também consegue sair.
“Você não fica preso em lugar nenhum. Se quiser, você sai. Mas, às vezes, a pessoa nem sabe que pode sair. Minha superior dizia que mais importante do que a ponte é o barqueiro. Porque na ponte, a pessoa passa xingando, reclamando, mas atravessa. O barqueiro, não. Ele te mostra que existe outro lado, outra maneira de viver”.
“Qualquer um de nós, por mais viciado que seja – em drogas, álcool, tabaco ou jogos – pode sair desse lugar. Mas precisa de apoio. Sozinhos somos frágeis, apoiados somos fortes. Precisamos de alguém que diga: 'existe outro jeito'”.
Monja Coen - que viveu enclausurada durante sete anos num mosteiro em Nagoia, no Japão - contou que morava nos EUA e era funcionária do Banco do Brasil quando começou a se interessar pelo zen-budismo.
“Tinha recebido um livro sobre ondas mentais alfa, o melhor estado mental do ser humano, e nele entrevistavam um monge zen. Perguntaram a ele o que achava de usar eletrodos para induzir o estado zen. E ele disse: “por que não? Se a ciência diz que funciona, deve funcionar. Mas por que entrar pela janela?” Aí pensei: cadê a porta? E fui buscar essa porta. Para mim, a porta era o zen”.
De acordo com ela, as pessoas precisam reconhecer que são seres espirituais. “Nós temos procuras existenciais muito grandes e não podemos colocar isso embaixo do tapete. A gente precisa deixar que essas questões venham à tona e conversar sobre elas”.
PERFIL
Monja Coen
> É uma das maiores referências em espiritualidade e autoconhecimento no Brasil.
> Missionária oficial da tradição Zen-Budista Soto Shu, do Japão, fundou a Comunidade Zen-Budista Zendo Brasil, por meio da qual difunde os ensinamentos budistas adaptados à vida contemporânea.
> Com uma comunicação clara e direta, leva sua mensagem a milhões de pessoas por meio de palestras, livros e entrevistas, promovendo um olhar mais consciente sobre a vida, as relações e o mundo.
Trajetória
> Coen foi jornalista profissional e trabalhou no Jornal da Tarde, veículo vespertino da empresa O Estado de S. Paulo.
> Sua carreira estava em ascensão, contudo, um relacionamento abusivo a levou a uma tentativa de suicídio.
> Em busca de recomeço, mudou-se para Londres. Viveu profundas experiências com psicodélicos sempre à procura de Deus e da “verdade”.
> É Autora de mais de 20 títulos publicados no Brasil, Portugal e países de língua espanhola.
Fonte: Pesquisa AT.
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