Prebióticos, probióticos e simbióticos
Crônicas e dicas do doutor João Evangelista, que compartilha sua grande experiência na área médica
Dr. João Evangelista
Médicos da minha geração louvavam Louis Pasteur, cientista que revolucionou a higiene, demonstrando que microrganismos causam doenças e que a sua presença no ambiente gera contaminação. Suas descobertas levaram à adoção de práticas de assepsia, como esterilização de instrumentos e limpeza de mãos em hospitais, à pasteurização de alimentos e ao desenvolvimento de vacinas, impactando diretamente a saúde pública e a ciência moderna.
Sendo a medicina a arte das verdades temporárias, o tempo vem mostrando que existe um equilíbrio entre o “limpo” e o “sujo”.
O excesso de higiene pode desequilibrar a microbiota natural da pele, levando ao enfraquecimento do sistema imunológico, provocando quadros de alergias, dermatites e micoses.
O conjunto de bactérias, fungos, arqueas, vírus e protozoários que vivem naturalmente em um ambiente é denominado microbiota. No intestino humano, esses microrganismos desempenham funções essenciais, como auxílio à digestão, fortalecimento do sistema imunológico e proteção contra patógenos.
Prebióticos são carboidratos não digeríveis, geralmente fibras, que alimentam as bactérias benéficas, que habitam no intestino.
Probióticos são microrganismos, como bactérias e leveduras, que conferem benefícios à saúde, quando consumidos em quantidades adequadas.
Simbióticos são suplementos que contêm a combinação de probióticos e prebióticos.
O prebiótico age como um nutriente para o probiótico, otimizando sua sobrevivência e ação no trato gastrointestinal. Essa união maximiza os benefícios à saúde intestinal e digestiva.
O uso de probióticos deixou de ser empírico, apoiado por um crescente corpo de evidências científicas que comprovam seus benefícios. No entanto, sua eficácia requer mais investigação.
Existem evidências sólidas para o uso de certas cepas na prevenção e tratamento de várias doenças, como a diarreia associada a antibióticos, diarreia aguda infecciosa, e na melhoria dos sintomas da síndrome do intestino irritável e doenças inflamatórias intestinais.
Os astronautas da nave espacial Apollo 11 deixaram vários sacos de dejetos humanos na superfície da Lua. Esses resíduos foram abandonados para liberar peso e espaço, durante o retorno à Terra. Em 1969, eles eram considerados “Lixo”. Hoje, esses resíduos viraram um tesouro científico. Ao retornar e analisar os dejetos, os cientistas poderão aprender sobre como uma longa estadia na Lua afeta o corpo humano e o DNA.
Destarte, teremos uma compreensão clara de que os seres humanos são, na verdade, superorganismos abrigando uma coletividade de espécies em constante interação.
Talvez a mudança mais radical será a constatação de que a maior parte desses pequenos habitantes do organismo humano compõe um ecossistema funcional que presta serviços essenciais à saúde.
No futuro, provavelmente nos perguntaremos como foi possível ignorar, por tanto tempo, a modulação da microbiota intestinal como estratégia terapêutica.
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