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Doutor João Responde

Nossos primeiros anos de vida

Crônicas e dicas do doutor João Evangelista, que compartilha sua grande experiência na área médica

João Evangelista Teixeira Lima, Colunista de A Tribuna | 25/11/2025, 12:16 h | Atualizado em 25/11/2025, 12:16
Doutor João Responde
Dr. João Evangelista


          Imagem ilustrativa da imagem Nossos primeiros anos de vida
João Evangelista Teixeira Lima é clínico geral e gastroenterologista |  Foto: Divulgação

Durante minha meninice, eu costumava acompanhar minha mãe, quando ela visitava suas amigas. Naquela época, a palavra amizade representava fortes laços afetivos. Nessas casas, ornamentadas por imensos quintais e gentis moradores, três coisas despertavam minha curiosidade: o costumeiro hábito de servir coalhada durante o lanche; os passeios pelos pomares, pavimentados com esterco bovino; e a advertência de que eu poderia ter lombrigas, necessitando tomar vermífugo e laxante.

Eu adorava beber café, comer bolos e chupar deliciosas mangas, colhidas naqueles “Jardins do Éden”. Só não gostava de ouvir que eu era um garoto lombriguento.

Tradições e costumes misturam sabedoria com tolice. Hoje denominados probióticos, as coalhadas sempre foram aliadas à saúde. Estercos são “coalhadas” das plantas, que agradecem gerando frutos sadios.

Habitantes do intestino, alguns vermes também possuem atividades protetoras. Lombrigas, por exemplo, nos auxiliam na digestão de matéria vegetal, em troca do alimento e abrigo que lhes proporcionamos. Contudo, é bom lembrar que, diante de falhas imunológicas, esses parasitas se tornam patogênicos.

Naquela época, quase nada era sabido sobre microbiota, esse conjunto de microrganismos que habitam nosso corpo, produzindo inúmeros benefícios. A utilização de legumes, verduras e frutas, importantes para a saúde, não eram valorizados; mas o excesso de higiene e o uso de antibióticos estavam sempre na moda.

O desenvolvimento da composição microbiana intestinal da criança sofre influência da amamentação, da alimentação e do ambiente. Assim, o estabelecimento dessa população, durante os primeiros anos de vida, terá repercussão na saúde humana.

Nasci através de parto normal e mamei no peito. Além disso, cresci ingerindo poucos remédios, comendo de tudo, tomando sol, correndo nas matas, respirando ar puro e brincando no chão. Agradecida, minha imunidade vem me protegendo.

Atualmente, tem-se observado um aumento significativo de pessoas com doenças autoimunes. Da mesma maneira que as reformas sanitárias impostas diminuíram os surtos de doenças infecciosas, o contrário ocorreu com as enfermidades relacionadas à imunidade.

A exposição a microrganismos inofensivos, desde o início da vida, é a chave para o treinamento do sistema imunológico. Precisamos ter contato com a biodiversidade microbiana que existe em nosso mundo.

Esses “velhos amigos” incluem vários comensais como, por exemplo, bactérias presentes em animais, no solo e na água. O contato com vários microrganismos justifica-se necessário, pelo fato de grande parte deles serem inofensivos e capazes de serem eliminados pelo corpo.

O contato com a natureza deve ser iniciado logo após o nascimento. Crianças nascidas de parto normal recebem diretamente a microbiota da mãe e futuramente terão uma menor predisposição a enfermidades.

A saúde torna-se perigosa quando o ser humano, em busca de si mesmo, abandona a natureza.

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