Empresários descartam fim do home office no ES
Embora possa haver redução no número de empregados no teletrabalho, o fim da modalidade é algo que não ocorrerá, segundo lideranças

A demissão de mil funcionários do Itaú que, segundo o banco, estariam apresentando baixa produtividade no teletrabalho, ligou o alerta em empresários do Estado, que estudam reduzir o número de empregados trabalhando a distância. Acabar com a modalidade, porém, é algo descartado pelo setor produtivo.
Um dos que reforçam a impossibilidade de acabar com o home office é o vice-presidente da Federação do Comércio do Espírito Santo (Fecomércio-ES), José Carlos Bergamin, que sentencia: “Não tem volta, o home office será, pelo contrário, cada vez mais ampliado”.
A tecnologia, diz ele, permite que muitas ocupações sejam desempenhadas à distância, e isso é benéfico para ambas as partes.
“A empresa pode contratar um funcionário qualificado que não conseguiria se deslocar até o escritório, e o empregado ganha mais qualidade de vida sem precisar passar longas horas no trânsito até o trabalho”, afirmou o empresário.
Destacou ainda que o home office é positivo “para mães e pessoas que precisam cuidar de crianças ou idosos, que precisam de mais flexibilidade na rotina de trabalho.
Manter o home office, especialmente em formato híbrido, ajuda a reter talentos, e acabar com o modelo pioraria a atração e retenção de profissionais, diz o presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis do Estado (ABIH-ES), Fernando Otávio Campos.
“Se o home office acabasse, haveria uma fuga de talentos, ainda mais no atual cenário de escassez. Para alguns setores, como por exemplo programadores e outros de tecnologia da informação, existe mais demanda do que oferta de profissionais. Se começarmos a restringir o modelo de trabalho que esses trabalhadores preferem, eles vão procurar outras empresas”.
Empresas têm repensado motivos pelos quais devem exigir funcionários no escritório, e não só estabelecendo o formato híbrido em função de dias passados no ambiente corporativo, diz a psicóloga e especialista em gestão de pessoas e carreiras, Gisélia Freitas.
“O trabalho presencial precisa ser intencional, com projetos entre setores, mentorias, encontros de cocriação. Não é ir por ir, é usar o ambiente de trabalho para criar laços que geram ideias”.
Segundo ela, o padrão está sendo convocar funcionários até a empresa para desenvolver projetos, e deixar os outros dias em trabalho remoto, para permitir foco no que foi planejado durante o presencial.
Defendida adaptação de ambas as partes
Com as mudanças nas relações profissionais, não é só o funcionário que deve se adaptar ao trabalho. Empresas também devem buscar articulação para garantir a satisfação dos empregados, assim como se ater aos direitos dos trabalhadores.
A dinamização das relações de trabalho permite aumento de produtividade, aponta o presidente da Associação Brasileira de Indústrias Hoteleiras do Estado (ABIH-ES), Fernando Otávio Campos.
“Isso permite que o trabalhador se sinta acolhido. Não vivemos mais em um momento em que apenas o funcionário precisa se adaptar à empresa, as companhias precisam buscar, também, se adaptar ao empregado. Isso é uma autodefesa, para que a empresa não sofra com escassez de mão de obra”, enfatizou.
A valorização do trabalhador e a garantia de direitos também são critérios que precisam pautar empresas, de acordo com a presidente da Central Única dos Trabalhadores do Espírito Santo (CUT-ES), Clemilde Cortes.
“A forma de melhorar a vida dos empregados é valoriza-los financeiramente e garantir que eles terão boas condições de trabalho, que terão os horários respeitados, e não que ele vai trabalhar a todo momento”, defendeu.
SAIBA MAIS
Melhora no rendimento
> Especialistas apontam práticas que empresas podem adotar para melhorar o rendimento de funcionários que trabalham em home office:
> Gestão por resultados, organizar a equipe para alcançar metas estipuladas e comunicadas a todos, com regra claras.
> Reuniões síncronas, quando todos estão on-line, curtas e previamente marcadas.
> Documentação assíncrona farta, bem organizada e de fácil acesso.
> Ferramentas, como internet e energia pagas pelas empresa, porque se a meta é de alto nível, o suporte também precisa ser. Líderes precisam ser treinados para avaliar o impacto e o desempenho da equipe, e não a presença de funcionários.
> Políticas de desconexão regidas pela empresa ajudam a segurar Burnout e a manter o ritmo de trabalho sustentável. É necessário respeitar os horários da jornada de cada um.
> Foque na conexão com membros da equipe, porque o trabalho 100% remoto torna as redes mais estáticas, as relações mais distantes e dificulta a comunicação entre setores.
> Presencial no essencial, para tarefas que requerem participação de todos, como início de novos projetos, mentorias, encontros de co-criação, e eventos comemorativos.
> Atenção na equipe. Tão importante quanto o monitoramento de resultados, é estar atento à saúde mental de cada funcionário. Uma equipe produtiva precisa estar saudável.
Fonte: Gisélia Freitas.
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