Especialistas tiram dúvidas sobre congelamento de óvulos
Somente no ano passado, mais de 800 mulheres procuraram clínicas no Espírito Santo para realizar o procedimento
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Mesmo sem ter planos de ser mãe até o momento, a advogada Christiane Moraes tomou uma decisão: congelar os óvulos.
Hoje com 37 anos, ela conta que a técnica foi realizada em 2022. “Nunca foi um sonho ser mãe, mas, caso mude de ideia com o passar dos anos, a maternidade fica bem mais possível”, revelou.
Christiane faz parte das estatísticas que não param de crescer. Somente no ano passado, 825 mulheres tinham congelado os óvulos no Espírito Santo. Já em 2020, o número era de 319.
Para quem pretende recorrer a esse método, médicos tiram dúvidas sobre a técnica e para quem ela é indicada.
Diretor clínico da Unifert, o médico especialista em reprodução humana assistida Carlyson Moschen explicou que, com relação ao limite de idade para congelar os óvulos, o recomendado é que se congele o mais cedo possível.
“Quanto mais cedo, melhor a qualidade de óvulos e, normalmente, também a quantidade. Isso porque as mulheres, com o passar do tempo, vão diminuindo em quantidade e em qualidade os seus óvulos.”
Ele destacou que o ideal é que esse processo de congelamento dos óvulos ocorra antes dos 35 anos. “Após os 35 anos não é impeditivo. No entanto, a paciente que deseja congelar os óvulos vai ter que estar muito bem orientada, sabendo das chances menores de uma futura gestação.”
A ginecologista e especialista em Reprodução Humana Isabela Rangel explicou ainda que o congelamento de óvulos é voltado para mulheres que pretendem postergar a gravidez para após os 35 anos, mulheres com diagnóstico de câncer que serão submetidas à radioterapia ou quimioterapia e ainda não tem sua prole constituída.
“Também pode ser destinado a mulheres com endometriose profunda ou patologia ovariana (como cistos complexos) com indicação cirúrgica”.
Especialista em reprodução humana, Jules White faz uma observação para quem pensa em ser mãe após os 35 anos de idade.
“Qualquer gravidez, mesmo que seja natural após os 35 anos, torna-se uma gravidez de alto risco. Não estando relacionada com os óvulos congelados”.
FIQUE POR DENTRO
1. Em que caso é indicado o congelamento de óvulos?
A ginecologista especialista em Reprodução Humana Isabela Rangel explicou que a técnica é indicada a mulheres que pretendem postergar a gravidez para após os 35 anos, mulheres com diagnóstico de câncer que serão submetidas à radioterapia ou quimioterapia e ainda não têm filhos.
Também é indicada a mulheres com endometriose profunda ou patologia ovariana (como cistos complexos) com indicação cirúrgica.
2. Como é o procedimento para a mulher?
Isabela Rangel destacou que o procedimento requer estimulação ovariana com uso de hormônios para conseguir o maior número de óvulos, de uma única vez, e acompanhamento com ultrassom endovaginal por 12 a 15 dias.
A coleta dos óvulos é realizada sob sedação, guiada por ultrassom endovaginal.
3. Como e onde ficam armazenados os óvulos?
Os óvulos ficam congelados no laboratório de reprodução assistida, em tanque de nitrogênio, devidamente identificados, e ali podem ficar por tempo indeterminado.
4. Há risco no processo de estimular produção de óvulos?
Riscos como sangramento ou infecção são raros. “O que é mais comum é a síndrome de hiperestimulação ovariana, mas somente quando a mulher tem uma quantidade de óvulos coletados acima de 15/20. Nestes casos, conseguimos monitorar a paciente e controlar os sintomas”.
5. Quantos óvulos são coletados no procedimento?
Isso depende da idade e da reserva ovariana de cada paciente, e conseguimos fazer a previsão com base em exames realizados previamente. Tem mulheres que coletamos 3/4 óvulos por vez e outras que conseguimos mais de 30.
6. Qual a melhor idade para congelar óvulos?
A idade “ótima” da fertilidade feminina, de acordo com Isabela Rangel, ocorre entre 18 e 31 anos. “Portanto, o recomendado é coletar até os 32 anos, pois, a partir daí, tanto a quantidade quanto a qualidade de óvulos costumam ser afetadas de forma mais acelerada, e isso é irreversível.”
7. Quanto custa, em média, para congelar os óvulos?
O médico especialista em reprodução humana assistida Carlyson Moschen explicou que os procedimentos custam em torno de R$ 18 mil a R$ 20 mil, incluindo os custos das medicações que têm que ser utilizadas, que são de gasto elevado.
8. Quanto tempo esses óvulos podem ficar congelados?
Por tempo indeterminado, segundo Carlyson Moschen. Ele explicou que, no momento em que os óvulos entram em contato com o nitrogênio líquido – a menos 196 graus –, eles podem ficar congelados sem limite.
Apesar de não perderem a qualidade, no processo de descongelamento, é possível ter perda de um percentual de óvulos.
9. Como é feita a seleção do óvulo para uma tentativa de engravidar?
É feito um estímulo, como explica o especialista em reprodução humana Jules White. “Dentro dos ovários, há os folículos e, dentro dos folículos, os óvulos. Os óvulos maduros são separados e congelados e os óvulos imaturos são descartados.”
Segundo ele, no caso de mulheres de até 35 anos é preciso pelo menos 12 óvulos maduros guardados.
Já no caso de mulheres de 36 a 40 anos, são necessários pelo menos 20 óvulos maduros.
10. Existe diferença entre uma gestação com óvulos “frescos” e uma com óvulos congelados?
As gestações são totalmente idênticas, não existe diferença.
11. Congelar óvulos é garantia de que a mulher vai engravidar?
Depende da idade em que a paciente congelou os óvulos. “Se for antes dos 35, a chance de engravidar no futuro é em torno de 50%. Em torno dos 40 anos, diminui para 10%.
12. Qual a taxa de sucesso para quem tenta engravidar com óvulos congelados?
A taxa para engravidar no futuro vai depender sempre da idade que a mulher congelou os óvulos, como observa Jules White. No caso de mulheres que congelaram óvulos até 35 anos, a chance de engravidar no futuro é em torno de 50%. Em uma tentativa natural, a chance máxima de uma gravidez é de 20%.
13. Engravidar mais velha com óvulos congelados reduz os riscos envolvidos em uma gestação após os 40 anos?
A partir do momento em que a mulher congela os óvulos, eles não envelhecem. “Então, a gravidez vai depender da idade que esses óvulos foram congelados.”
14. Congelar os óvulos muito jovem aumenta o risco de menopausa precoce?
Segundo Jules White, não.
15. Qual é a regra para casais homoafetivos? É possível hoje fazer o procedimento?
Hoje a legislação brasileira é bem clara. “O Conselho Federal de Medicina libera o procedimento tanto para casais do sexo masculino quanto do sexo feminino.”
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