Polícia Militar nega vinda do Comando Vermelho para o Espírito Santo
Comandante ressaltou que existe uma integração das polícias capixaba e carioca
Escute essa reportagem
Sabendo que Fernando Moraes, foragido conhecido como Marujo, responsável pela facção criminosa Primeiro Comando de Vitória (PCV), está escondido em favelas cariocas, surge uma dúvida: será que bandidos ligados ao Comando Vermelho estão infiltrados em morros capixabas? Segundo o comandante da Polícia Militar no Estado, Douglas Caus, não.
O comandante afirmou que ainda não há registros de criminosos de outros estados, ligados a facções nacionais, infiltradas nas comunidades capixabas.
“Sabemos que as facções estão interligadas, que os bandidos daqui têm ligação com facções do Rio, mas de maneira comercial. Não tem carioca vindo se esconder nos nossos morros”, afirmou.
Leia Mais: Facções em guerra disputam liderança do tráfico nos morros
Questionado sobre o motivo de as polícias não conseguirem localizar Marujo, o comandante explicou se tratar das fugas constantes. “Ele nunca dorme na mesma casa e está sempre pulando de bairro em bairro”, disse.
Caus ressaltou ainda que existe uma grande integração das polícias capixabas e cariocas. “Já mandamos fotos dele e informações. Estamos sempre em comunicação”.
Patrulha reforçada na Grande VitóriaApós os momentos de tensão que aconteceram no bairro Itararé, em Vitória, onde um adolescente foi morto na última terça-feira, a Polícia Militar afirmou que seguirá com patrulhamento, não só na região onde aconteceu o crime, mas também no Complexo da Penha.
Outra informação é que toda a cúpula da polícia capixaba estará na caçada de Marujo, o bandido número 1 do Estado. Ele também é apontado como o responsável pelo assassinato do adolescente.
Em entrevista ao jornal A Tribuna, o comandante da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, disse que, na semana passada, ele próprio foi até um possível endereço onde o criminoso estaria escondido, mas não o encontrou. Ele aproveitou a entrevista para mandar um recado para o bandido.
“Ele tem duas opções: ou se entrega para a Polícia Civil e vai cumprir o tempo de cadeia dele, ou mais cedo ou mais tarde ele vai bater de frente com os nossos policiais, nos becos e vielas e aí a Polícia Militar, sabendo da periculosidade desse indivíduo, estará preparada para qualquer tipo de reação dele”.
Ele disse ainda que a PM vai continuar subindo e descendo os morros da Grande Vitória e que os criminosos não impedirão suas ações.
“Neste ano, já prendemos 16 líderes de facções e vamos continuar buscando a prisão desses indivíduos, dentre eles o Marujo. O recado para o Marujo: Se ele insistir em enfrentar a polícia, o destino dele será o DML”.
Saiba Mais
Quem é Marujo?
Ficha criminal
- Fernando Moraes Pimenta, o Marujo, 30, é o número 1 dos bandidos mais procurados do Estado.
- Tem uma ficha criminal extensa. Segundo o Conselho Nacional de Justiça, são pelo menos sete mandados de prisão em aberto, desde 2017.
- De acordo com a Polícia Militar, Marujo é o chefe do tráfico de drogas do Bairro da Penha e Bonfim, na capital. Ele responde diretamente à cúpula da liderança do Primeiro Comando de Vitória (PCV), facção que comanda a região e se estende a vários bairros – não só na Grande Vitória como em outras regiões do Estado.
- Marujo é o responsável por colocar em prática os planos feitos pelas lideranças do PCV, que estão presas.
- As últimas investigações davam conta de que ele estaria escondido no Rio de Janeiro, dentro de áreas comandadas pelo Comando Vermelho (CV), grupo com quem o PCV é aliado.
Fonte: Secretaria de Estado da Segurança Pública-ES
MATÉRIAS RELACIONADAS:
ANÁLISE - “Conflitos por disputas financeiras”
“Os conflitos entre facções e organizações criminosas têm se tornado cada vez mais visíveis e rotineiros, justamente pelo fator de disputas territoriais e, principalmente, financeiras.
A 'Indústria do Crime' é audaciosa ao ponto de permitir que existam associações e 'consórcios' de facções e grupos para adquirir armas e drogas puras que serão usadas para o refino e futuro reparte da produção.
Essas uniões criminosas chegam ao ponto de unirem grupos rivais para tratar da eliminação de outros rivais em conjunto.
Os setores de inteligência dos órgãos de repressão e segurança pública buscam identificar estratégias e subsidiar demais setores de combate na tentativa de enfraquecer as organizações.
A maior possibilidade de promover esse enfraquecimento está na atuação paulatina das frentes financeiras dessas quadrilhas, diminuindo seus poderes de alcance e suas forças. Quando enfraquecido, o caixa dessas quadrilhas é capaz de estremecer até mesmo os controles dentro das penitenciárias, desestabilizando a 'cadeia de comando' e seus líderes.”
Por Emir Pinho, especialista em Segurança Pública e Privada
Comentários