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Polícia

“Guerra” com arma de gel vira moda no ES e polícia faz alerta

Atividade realizada em vias públicas e sem equipamentos de segurança pode causar lesão corporal ou dano material a propriedades


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Imagem ilustrativa da imagem “Guerra” com arma de gel vira moda no ES e polícia faz alerta
Major Marcio Cesar explica os riscos da “guerra” com réplicas de armamentos com munição de bolas de gel |  Foto: Fábio Nunes/AT

As réplicas de armas com munição de bolas de gel ganharam as periferias de São Paulo e do Rio de Janeiro, e, agora, a “brincadeira” chegou ao Espírito Santo. Realizada sem equipamentos de segurança e em vias públicas, a “guerra” com armas de gel vira moda e preocupa a polícia.

Segundo levantamento exibido no Tribuna Notícias 1ª Edição, a Polícia Militar do Estado (PMES) foi acionada nove vezes em razão de brincadeiras que simulam confrontos, ao ar livre, com essas armas. Na Grande Terra Vermelha, Vila Velha, três ocorrências foram registradas.

O Major Marcio Cesar, da 13ª Companhia da PMES, que compreende os bairros da Região Cinco, explica os riscos da “guerra” com armas com munição de gel.

“Os usuários simulam que estão em guerra, usando o espaço público para efetuar disparos entre eles. A prática envolve riscos à saúde e à proteção dos participantes e de pessoas ao redor. Quando há denúncias anônimas, saímos preparados para encontrar um confronto. A polícia vê com preocupação esse tipo de brincadeira, pois pode enaltecer a criminalidade”.

O major explica o motivo das apreensões. “As armas foram apreendidas porque estavam sem as características que deveriam ter: ponta laranja, nota fiscal e maioridade do usuário, por exemplo”.

A Polícia Civil do Espírito Santo esclarece, em nota, que os envolvidos em danos causados por acidentes com o uso dessas armas podem responder criminalmente. “Caso o uso desses produtos venha a causar lesão corporal a alguém ou dano material a propriedades, os envolvidos poderão responder criminalmente pelos atos praticados”.

Não é brinquedo, diz Inmetro

Devido à popularização das réplicas de armas com munição de bolas de gel, o Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) fez um alerta: o produto não é considerado um brinquedo.

O órgão reitera que todos os brinquedos que se parecem com armas, com ou sem projéteis, devem atender às advertências e aos requisitos de segurança estipulados para brinquedos.

Imitações de armas de fogo não são classificados como brinquedos, esclarece a nota.

“Esses produtos não são considerados brinquedos. A regulamentação define que brinquedos são produtos destinados ao uso por crianças menores de 14 anos. Réplicas de armas com projéteis de bolas de gel são semelhantes a equipamentos como airsoft e paintball, o qual não está sob a competência do Inmetro”.

O presidente do Inmetro, Márcio André Brito, orientou a população a denunciar qualquer comercialização irregular de réplicas de armas de fogo com falsificação do Selo de Conformidade do Inmetro.

As denúncias podem ser feitas à Ouvidoria do órgão, pelo site: falabr.cgu.gov.br.

Acidente pode causar perfuração dos olhos

Mesmo que aparentem ser brinquedos, as réplicas de armas com munição de bolas de gel podem causar acidentes graves. Médicos alertam para o risco de perfuração e danos permanentes na retina.

Os oftalmologistas Arthur Mesquita e Iara Tavares, ouvidos por A Tribuna, são enfáticos: não usar esses produtos é a melhor forma de prevenção a acidentes.

Em alguns casos, as bolas de gel são congeladas para a “brincadeira”, o que aumenta o risco de acidentes graves, com danos permanentes aos olhos e a outras regiões do rosto.

“Se as bolas estiverem congeladas, o trauma será como uma pedrada, podendo haver fratura de ossos, quebra de dentes e até perfuração ocular. É muito importante alertarmos os pais de crianças e adolescentes e, até mesmo, os adultos sobre o perigo desse tipo de produto”, esclarece Iara Tavares.

Descolamento de retina, hemorragias, lesões na córnea e infecção ou inflamação crônica estão entre os potenciais riscos de acidentes.

“Gostaria de fazer um apelo à população para que se conscientize sobre o uso e os riscos dessas réplicas de armas com projéteis de gel. Evite o uso em ambientes públicos, e, principalmente, direcionado ao rosto de outra pessoa”, disse o oftalmologista Arthur Mesquita.

Em São Paulo, no dia 11 de setembro deste ano, um homem foi atingido no olho por uma bola de gel. Um grupo se reuniu para “brincar” com pistolas falsas que disparam bolas em gel e 18 pessoas foram detidas.

SAIBA MAIS

Armas

”Brincadeiras” com simulações de confrontos com as réplicas de armas com munição de bolas de gel têm se tornado uma febre nas periferias do Rio de Janeiro e de São Paulo, e já chegaram ao Espírito Santo.

No Estado, a Polícia Militar foi acionada nove vezes em razão de brincadeiras que simulam confrontos, ao ar livre.

Os praticantes não utilizam equipamentos de segurança e atiram as bolas de gel em vias públicas. Autoridades de segurança pública condenam a simulação dos confrontos, entre muitos motivos, em razão do enaltecimento da criminalidade e dos riscos elevados à saúde dos envolvidos e de pessoas ao redor dos “confrontos”.

Riscos

Quando atingem a região ocular, mesmo projéteis aparentemente inofensivos, como bolas de gel, podem causar lesões significativas. A depender da velocidade e do ponto de contato, isso pode provocar lesões na córnea e conjuntiva, lesões no cristalino, descolamento de retina e hemorragias.

Em alguns casos, as bolas de gel são congeladas para a “brincadeira”. O impacto de uma bola de gel congelada pode, em situações graves, causar cegueira. Se a retina for danificada, principalmente com um descolamento ou hemorragias severas, a perda visual pode ser irreversível.

Em casos extremos, o trauma repetido ou intenso pode levar à necrose dos tecidos oculares, levando a uma perda completa da visão.

Se as bolas de gel estiverem congeladas, o trauma será como uma pedrada, podendo haver fratura de ossos e quebra de dentes.

Conscientização

Não usar esses produtos é a melhor forma de prevenção a acidentes. Até mesmo para os adultos, esse tipo de brincadeira é perigosa. O produto não é considerado um brinquedo.

Fonte: Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e especialistas consultados na reportagem.

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