Coronel Ramalho: “Entre criminoso e policial, que morra o criminoso”
Afirmação é do secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre Ramalho, após o tiroteio com bandidos em Vitória
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Um dia depois que as ruas de Vitória e avenida Leitão da Silva se transformaram em um cenário que parecia filme de ação, com agentes da Guarda Municipal e policiais militares trocando tiros com criminosos em fuga e motoristas e pedestres no meio do fogo cruzado, a conduta adotada dividiu opiniões.
De um lado, muitas pessoas defendem a ação dos agentes de segurança. Por outro, há aqueles que avaliam que a conduta colocou em risco a vida de inocentes.
Para o secretário de Estado da Segurança Pública (Sesp), Alexandre Ramalho, a responsabilidade é toda dos bandidos.
“A legislação permite a imediata reação dos nossos policiais sob pena de eles morrerem, e entre morrer um criminoso e um policial, que morra o criminoso”.
Durante a troca de tiros, um morador do bairro Itararé, que não tinha relação com a ocorrência, foi baleado na perna. Um bandido foi morto e outros dois baleados e presos. Um criminoso fugiu.
O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil no Espírito Santo (OAB-ES), José Carlos Rizk Filho, é um dos que pede apurações severas sobre o caso.
Questionado sobre esse pedido, o secretário disse que respeita a opinião do presidente da OAB, mas frisou os desafios dos confrontos armados em que os policiais são submetidos.
“Não é fácil agir em um momento de tensão. Só quem sabe o que é um confronto armado, quem é recebido a tiros é que sabe o estresse que isso causa. Por isso, essa parte operacional, eu deixo com os gestores dessas instituições. O que posso falar é que toda conduta é investigada”.
Falhas
O Ministério Público Estadual também se manifestou, por nota, e disse que a partir das informações e imagens obtidas até o momento, percebe-se que os procedimentos de abordagem utilizados pela Guarda Municipal não se mostraram adequados para aquele local.
“A instituição irá acompanhar as investigações que a Corregedoria da Guarda Municipal de Vitória certamente vai instaurar, bem como as apurações de todos os órgãos envolvidos nos fatos, para verificar as falhas, os motivos e as responsabilidades”.
Os dois bandidos baleados e presos foram autuados em flagrante por seis tentativas de homicídio, porte ilegal de arma de fogo de uso restrito e associação criminosa.
Opinião
Cerco poderia ter sido em ruas menos movimentadas
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional capixaba (OAB-ES), José Carlos Rizk Filho, o cerco feito pelos agentes de segurança aos criminosos deveria ter sido feito em ruas menos movimentadas.
No seu entendimento, o carro dos suspeitos poderia ter sido monitorado pelas câmeras do Cerco Eletrônico para, então, ser abordado.
“Defendo toda alternativa de segurança inteligente que preservasse a exposição de inocentes e evitasse as dezenas de tiros que foram disparados em uma das avenidas mais movimentadas de Vitória”.
O secretário de Segurança Urbana em Vitória, Amarílio Boni, disse ontem que o carro foi perseguido por aproximadamente cinco quilômetros, passando por vários bairros, com cercos feitos em outros pontos, mas os criminosos não estavam dispostos a se entregar.
“Nós tentamos fazer abordagens em inúmeros locais. Tinham quatro indivíduos com arma de fogo de grosso calibre. Eles não iam se entregar ali para serem presos. Dois deles tinham dois mandados de prisão em aberto. Um deles é uma liderança do Bairro da Penha. Não adianta a gente achar que eles iriam parar porque não iam. O confronto seria inevitável”.
As marcas do confronto ficaram em veículos de motoristas que ficaram no meio do fogo cruzado e vários locais da avenida Leitão da Silva, como em um ponto de ônibus.
Ele disse que o primeiro ponto de abordagem foi a entrada da avenida Adalberto Simão Nader, sentido avenida Fernando Ferrari.
“Não tínhamos nenhuma ideia do que havia naquele veículo. A Guarda Municipal foi qualificar as pessoas que estavam naquele carro. Somos preparados para lidar com qualquer situação. O que eles fizeram? Não acataram a ordem e assumiram riscos. Pelo que a gente viu, pelo menos 50 tiros foram disparados por eles (bandidos)”.
Já o professor universitário e juiz de Direito, André Guasti Motta, disse que definitivamente é muito difícil analisar o fato depois do ocorrido, com base apenas em imagens obtidas pelas internet.
“Criticar a polícia, que reagiu a uma ação muito agressiva de criminosos perigosos, sem uma investigação mais profunda, não me parece correto, até porque é necessário relembrar que o policial tem segundos para agir, no momento da ação”.
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