“Arregacei as mangas e assumi”
Empresária Flaviane Pereira tomou a frente da empresa dos pais na pandemia
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A empresária Flaviane Pereira Pessanha Amaro, 46 anos, sempre teve a veia empreendedora. Cresceu vendo o pai assando pães e vendendo numa Kombi pelo bairro Campo Grande, em Cariacica. A mãe preparava bolos e salgados. Na pandemia, ela perdeu o pai para a Covid e de lá para cá teve que se reinventar para assumir os negócios da família e ajudar a mãe, Esther Marilha Pereira Pessanha, 65.
Formada em Administração, Flaviane foi aluna da primeira turma de Panificação, na Universidade de Vila Velha (UVV) e está terminando a faculdade de Gastronomia. “Arregacei as mangas para assumir a empresa”, conta.
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A Tribuna – Como começou seu gosto pelos negócios?
Flaviane Amaro – Posso dizer que trabalho com padaria desde a minha infância. Meu pai sempre foi padeiro. Ele trabalhava numa padaria. Ao se casar com minha mãe, pediu demissão para montar a deles. No começo fazia pão em pacote e vendia numa Kombi pelas ruas de Campo Grande, em Cariacica. O produto começou a ficar conhecido e minha mãe passou a fazer cursos de culinária, passando a fazer salgados e bolos pra fora. Assim, os dois montaram a primeira padaria. Com o falecimento do meu pai por Covid, minha mãe passou a tocar sozinha a Maripan e eu vi a necessidade de ajudá-la.
- Como foi assumir esse trabalho?
Passei a administrar a padaria com a minha mãe, mas não esperava que seria assim tão rápido. Arregacei as mangas e assumi. Tive que tomar as rédeas de uma empresa de repente. Não sei como consegui administrar tudo - empresa, filho, casamento. Pode até ser que tenha deixado às vezes alguma parte desprotegida, mas entendo que precisamos enfrentar os desafios e vencer. Não quero deixar a história do meu pai morrer e por isso eu tive que começar a desenvolver foco, perfil profissional e fazer minha essência brotar.
- Você se especializou?
Fiz o curso superior de Panificação na UVV, foi a primeira turma do Brasil e concluímos em julho deste ano. Estudei com muitas pessoas que atuam comigo no Sindipães, tanto funcionários quanto empresários. Fiz o curso para entender a parte operacional e corrigir processos, aprimorar produtos, ver as melhores soluções para a nossa padaria. Esse processo me ajudou muito na parte operacional e também na parte administrativa de sistemas.
- Padaria ainda é um negócio masculino?
É uma categoria bastante masculina, mas eu me inspirei muito na minha mãe, uma mulher forte, excelente confeiteira e salgadeira.
A padaria é nossa essência, nosso passado e um legado de família. A perda do meu pai está muito recente e tenho certeza de que ele ficaria muito feliz de nos ver hoje.
Eu quis assumir a padaria porque sempre acompanhava meu pai em tudo. Fiz Administração de Empresas primeiro, até trabalhei em outras companhias. Mas, hoje, por causa do meu desempenho na minha empresa, acabei assumindo um cargo de secretária na Associação das Indústrias de Panificação do ES (Aipaes).
E faço parte da diretoria do Sindipães. Foi tudo muito rápido, mas tem sido gratificante, tenho me desenvolvido muito, estou fazendo o curso de Gastronomia e termino a graduação em dezembro.
- Como a padaria está hoje?
Hoje temos 18 funcionários já estabilizados. Fazemos planos para ampliar. O sonho da minha mãe é abrir uma confeitaria. Quem sabe conseguimos?
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