Crise com os Estados Unidos pode elevar preço do combustível no Brasil
Brasil pode sofrer com possibilidade de nova pressão dos EUA, que pensam em taxar países que importam diesel da Rússia
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O diesel no Brasil deve ficar mais caro caso o País ceda à pressão dos Estados Unidos e pare de importar o combustível da Rússia. É o que apontam especialistas do setor.
Essa possibilidade, no entanto, ainda não está consolidada e depende de uma iniciativa do governo de Donald Trump de retaliar a prática comercial brasileira.
Na terça-feira (05), os EUA anunciaram uma elevação em 25% — totalizando, agora, 50% — da tarifa imposta a produtos indianos importados pelo país norte-americano.
O motivo é a importação, pela Índia, de petróleo produzido pela Rússia. Na ocasião, o presidente dos EUA aproveitou para alertar a possibilidade de que essa sanção seja aplicada a outros países que também compram combustível da Rússia.
Sérgio Araújo, presidente da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), conta que o momento é de incerteza.
“Se o Brasil for obrigado a parar de importar diesel da Rússia, será necessário buscar novos fornecedores, como Estados Unidos, Arábia Saudita, Omã, Emirados Árabes Unidos, entre outros. Não será simples encontrar o volume necessário, e o custo deverá subir”.
O professor e economista-chefe do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças no Espírito Santo (Ibef-ES), Felipe Storch, explica que a dependência do diesel russo no Brasil é grande, correspondendo a 60% das importações do combustível no País.
Com o preço mais barato do que em outros mercados, o diesel vendido pela Rússia permite manter bons patamares de preço no mercado interno, o que não ocorreria caso seja necessário buscar outros mercados.
“Caso o Brasil precise interromper essas compras — por sanções, pressões geopolíticas ou problemas internos na Rússia — será necessário buscar alternativas mais caras, o que tende a encarecer o diesel no mercado interno e pressionar os preços ”, diz.
O impacto da medida atingiria o setor do transporte de cargas, que está na ponta do processo logístico dos mais variados produtos que também podem ter o valor reajustado, como forma de repassar o impacto do aumento.
“Qualquer aumento impacta diretamente o frete, os alimentos, os insumos e, no fim das contas, o custo de vida da população”, ressalta.
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