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Economia

Como reduzir dívida de crediário, cartão de crédito e conta de luz no Desenrola

Programa do governo federal terá nova etapa, na qual irá “atacar” os vilões dos endividados. Previsão é beneficiar até 840 mil no Estado


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Imagem ilustrativa da imagem Como reduzir dívida de crediário, cartão de crédito e conta de luz no Desenrola
Empresário Cláudio Sipolatti disse que toda ajuda é muito bem-vinda |  Foto: Gustavo Forattini/AT

O programa Desenrola Brasil, lançado pelo Governo Federal, entra em sua nova fase e promete atacar os vilões dos endividados: contas de água, luz, telefone, crediário, bancárias e outras. O lançamento será neste mês, mas como reduzir as dívidas?

Anunciado em duas etapas, a primeira fase – batizada de Faixa 2 – já atendeu pessoas com renda acima de dois salários mínimos (R$ 2.640) e até R$ 20 mil, que tinham débitos com bancos e financeiras.

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Agora, a Faixa 1 deve englobar consumidores com renda de até dois salários mínimos ou que estejam inscritos no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal (CadÚnico).

As dívidas para negociação podem ser bancárias ou não: no entanto, devem chegar ao valor máximo de R$ 5 mil por pessoa.

Roberto Vertamatti, diretor de Economia da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), estima que a nova fase do programa vai beneficiar até 840 mil no Espírito Santo.

“Segundo dados do Serasa, há no Espírito Santo 1,2 milhão de inadimplentes e a dívida média é de R$ 5 mil. Entendo que boa parte destes inadimplentes, cerca de 70%, pode ser beneficiado”.

São habilitadas ao programa dívidas contraídas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022.

Ele destaca que, segundo as regras, as dívidas poderão ser quitadas à vista ou por financiamento bancário em até 60 meses, sem entrada, por 1,99% de juros ao mês, com a primeira parcela em 30 dias. “O valor mínimo da parcela será de R$ 50”, complementa.

Os credores que participarão da Faixa 1 tiveram até o último dia 12 para se habilitar no programa.

O empresário Cláudio Sipolatti destaca que toda ajuda a quem quer pagar as dívidas e retomar o crédito é muito bem-vinda.

Entretanto, ele entende que para o resultado ser ainda melhor é preciso haver um equilíbrio das finanças familiar, ou seja, para que essas pessoas usem o crédito de forma consciente.

É importante frisar que o não pagamento das parcelas renegociadas leva a uma nova negativação. Portanto, é importante se organizar para pagar em dia.

Lojas apostam em melhora ainda maior nas vendas

A Fecomércio-ES acredita que a nova fase do Programa Desenrola vai contribuir com a redução do número de endividados e inadimplentes e incremento nas vendas.

De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor, divulgada pela Federação com base nos dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o número de endividados seguiu uma tendência de queda neste primeiro semestre de 2023.

“Acreditamos que o programa vai melhorar as condições de compra do brasileiro e, com a queda da taxa de juros, vai fortalecer a previsão de crescimento no varejo, que neste ano deve ficar em 2%”, informou a Fecomércio.

O empresário José Carlos Bergamin diz que os consumidores não estão conseguindo pagar devido aos juros e inflação. “O comércio precisa recuperar esses consumidores para garantir o faturamento de fim de ano e o programa terá nossa total adesão”.

Imagem ilustrativa da imagem Como reduzir dívida de crediário, cartão de crédito e conta de luz no Desenrola
Bergamin criticou juros altos |  Foto: Leone Iglesias/AT

Tire as dúvidas

1- Quem será beneficiado na nova fase do Desenrola Brasil?

Pessoas que recebem até dois salários-mínimos (R$ 2.640) ou estejam inscritas no CadÚnico e que tenham dívidas que somem até R$ 5 mil, contraídas entre janeiro de 2019 e dezembro de 2022.

2- Quais dívidas serão financiadas?

Dívidas negativadas registradas no Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), Serasa e outros birôs de crédito (empresas que realizam análises de crédito para outras empresas).

Será possível negociar dívidas bancárias e não bancárias, como as de consumo (contas de água, luz, telefone ) e varejo (parcelas atrasadas de lojas, carnês), e de escolas particulares que tenham se cadastrado.

3- Que dívidas não poderão ser financiadas?

Só não entrarão no Desenrola Brasil as dívidas com o setor público – impostos, Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) e outras –, dívidas com garantia real, dívidas de crédito rural, financiamento imobiliário ou operações com funding ou risco de terceiros.

4- Como consultar a lista de dívidas habilitadas?

Ainda será lançada uma plataforma que mostrará para cada cidadão a lista das suas dívidas que poderão ser negociadas no programa, o desconto ofertado pelo credor e a respectiva situação de cada uma delas.

5- Quais serão as condições oferecidas para pagamento?

As dívidas renegociadas poderão ser parceladas em até 60 vezes, com parcela mínima de R$ 50 e juros de até 1,99% ao mês. Os devedores poderão optar pelo pagamento à vista ou financiar as dívidas.

Em caso de opção pela modalidade de financiamento, as parcelas poderão ser pagas por meio de débito em conta-corrente, boleto bancário ou Pix. O pagamento à vista será feito via plataforma e o valor será repassado diretamente ao credor por intermédio da plataforma.

6- Será possível simular antes de contratar o financiamento?

Sim, a plataforma oferecerá a simulação para o cidadão, considerando as informações registradas pelo devedor e as condições estabelecidas pelo programa e pelos agentes financeiros.

7- Como realizar o cadastro?

Os cidadãos poderão fazer a negociação pela plataforma que será lançada. Mas, para isso, será preciso ter uma conta prata ou ouro na plataforma Gov.br. Já é possível fazer esse cadastro.

Passo a passo
Acesse www.gov.br; selecione “Entrar com gov.br”; digite seu CPF e clique em “Continuar” para criar ou alterar a conta.

Ao realizar o cadastro, o cidadão preenche um formulário.

Além de criar a conta, os consumidores precisam avançá-la de nível, chegando a classificação Prata ou Ouro.

Para passar do Bronze ao Prata, os interessados podem fazer biometria facial com a CNH, confirmar ser servidor público federal ou fazer o login pelo banco, caso ele faça parte dos credenciados. São eles: Banco do Brasil, Banrisul, Bradesco, Banco de Brasília, Caixa Econômica, Sicoob, Santander, Itaú, Agibank, Sicredi e Mercantil do Brasil.

Já a conta Ouro exige o reconhecimento facial pelo aplicativo para conferência da foto nas bases da Justiça Eleitoral (TSE). A validação também pode ser feita partir do QR Code do RG ou com Certificado Digital compatível com ICP-Brasil.

Com a conta Gov.br de nível Prata ou Ouro, o devedor conseguirá ter acesso à plataforma de renegociação de dívidas, que deve ser disponibilizada no final deste mês.


Análise

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Charo Alves, especialista em Renda Variável, da Valor Investimentos |  Foto: © Divulgação/Acervo pessoal

“Separar parcela para quitar dívida”

“Com o programa Desenrola Brasil, o governo consegue favorecer o crédito para aquecer novamente o consumo e impulsionar a economia para, no final das contas, entregar um Produto Interno Bruto (PIB) acima do esperado no final do ano.

É uma boa opção para quem está na inadimplência e poderá negociar dívida de até R$ 5 mil. Mas lembrando que não é um perdão da dívida. Esse estímulo tem que ser utilizado como um bote salva-vidas, mas é preciso ficar atento e buscar a conscientização de consumo.

É preciso separar uma parcela para quitar essa dívida anterior e fazer um novo planejamento financeiro, priorizando principalmente itens básicos para a sobrevivência do dia a dia, como gastos com alimentação, gás, energia elétrica.

Sem organização financeira, o consumidor pode ter o nome negativado novamente e herdar uma nova dívida”.

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