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Cidades

A Tribuna nas Escolas: De pedreiro a auditor fiscal

Geovani Brum, 41 anos, conta que, com muito estudo e apoio da família, conseguiu realizar seu sonho profissional


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Imagem ilustrativa da imagem A Tribuna nas Escolas: De pedreiro a auditor fiscal
"A educação é um instrumento por meio do qual a gente pode ter esperança em dias melhores” Geovani do Nascimento Brum, auditor fiscal |  Foto: Kadidja Fernandes/AT

A educação transforma vidas e um exemplo disso é o de Geovani do Nascimento Brum, de 41 anos. Com sua trajetória de estudo, de servente de pedreiro ele se tornou auditor fiscal e gerente de Arrecadação e Cadastro da Secretaria da Fazenda (Sefaz).

Nascido em Itaoca Pedra, distrito de Cachoeiro de Itapemirim, ele se dedicou bastante para realizar seus sonhos e também contou com o apoio da família.

“Meu pai, operário, só estudou até a 4ª série primária e minha mãe, dona de casa, nunca frequentou escola, só que os dois me incentivaram a seguir o caminho da educação”, comentou.

Durante o ensino fundamental e médio, estudou na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Prof. Petronilha Vidigal, em Cachoeiro e, com 14 anos, passou a ajudar seu pai como servente de pedreiro. Profissão que seguiu até completar 18 anos.

“Na maioridade, eu podia assinar carteira, então comecei a trabalhar em uma indústria de processamento de calcário como operário”.

Segundo ele, esse era um trabalho muito duro e penoso, o que fez com que se questionasse se era aquilo que queria para o futuro. Então, resolveu prestar vestibular para Contabilidade, um dos cursos que existiam na época em instituições de Cachoeiro.

Ele se dedicou com os materiais que tinha e teve sucesso em seu objetivo, sendo aprovado para estudar na Faculdade de Ciências Contábeis e Administrativas de Cachoeiro de Itapemirim (Faccaci). “Fiquei muito feliz”.

Por estar cursando faculdade, os responsáveis pela área de Recursos Humanos da empresa em que atuava como operário propuseram que ele mudasse para o setor administrativo. Isso ocorreu, mas, mesmo assim, Geovani sentia que precisava avançar mais: tentou um concurso para a Caixa Econômica Federal e foi aprovado.

“Eu falei: ‘agora aposento aqui’. Mas fiquei lá uns quatro anos. Já estava cansado da rotina e queria mudar de profissão. Comecei a me preparar para outros concursos e, nisso, coloquei como meta passar para auditor fiscal”.

Na primeira tentativa, em 2010, não foi aprovado. Mas conseguiu aprovação em outros concursos relacionados à área da Contabilidade, onde seguiu trabalhando até 2017. Neste ano, conseguiu atingir sua meta profissional: ser auditor fiscal da Sefaz.

“Estou 100% realizado. Não me imagino fazendo outra coisa. Chegar aqui não foi fácil por tudo o que passei e pela minha origem, mas consegui e sou muito grato por toda jornada que percorri e muito orgulhoso da história que construí”, comentou.

Filho de lavradores passa em concurso

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Josué Gomes Pereira: “O que tenho na minha vida é por causa do estudo” |  Foto: Kadidja Fernandes/AT

Se tem uma pessoa que dá orgulho para os pais é Josué Gomes Pereira. O jovem de 27 anos foi aprovado em um concurso do Tribunal de Contas do Estado do Espírito Santo (TCE-ES) que contou com 526 candidatos disputando oito vagas na área de Tecnologia da Informação.

Nascido no interior da Bahia, no município de Candiba, Josué contou para A Tribuna que a educação sempre foi algo importante em sua vida e que, desde cedo, os seus pais, os lavradores Zilda Pereira Gomes, 49 anos, e Alvino Souza Pereira, 58 anos, o ensinaram sobre a necessidade de estudar.

O jovem fez o ensino fundamental em Pilões (distrito onde morava) e o médio em Candiba. Na faculdade, decidiu cursar Análise de Sistemas e, para isso, prestou o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), sendo aprovado para estudar no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia baiano, no campus Guanambi.

“Onde eu estudava na faculdade, eram 13 quilômetros de distância da minha casa. Papai vendeu uma vaca para comprar uma moto para eu me deslocar”, comentou sobre o apoio da família.

Depois de formado, começou a trabalhar em Vitória da Conquista, no estado baiano, como analista e desenvolvedor de software. Ficou cerca de um ano nesse emprego, mas não estava sendo o suficiente.

“Eu queria algo mais estável, financeiramente melhor. Conversando com as pessoas, entendi sobre concursos e resolvi tentar. Se estudar, é possível. Estudei muito e deu certo”, comentou.

Ele se dedicou e passou em um concurso para trabalhar como analista de sistemas na Prefeitura de Itabuna. Lá, trabalhou por cinco anos. “Ainda não era suficiente. Chegou a pandemia e voltei a estudar para outros concursos”.

E depois de estudar dois anos, conseguiu ser aprovado para o concurso no TCE-ES, que foi bastante disputado. O jovem iniciou os trabalhos em julho.

“Estou me sentindo realizado, é um trabalho muito gratificante. Digo que o que tenho na minha vida é por causa do estudo. E é verdade. Ele é a base de tudo, literalmente”.

Análise

Sociedade do estudo constante

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Edebrande Cavalieri, Especialista em Avaliação de Sistemas Educacionais |  Foto: Dayana Souza/AT

“O mundo ingressou no rumo de uma sociedade aprendente, em permanente estado de aprendizagem.

Portanto, independente de origem e tempo, cada pessoa que se dispõe a ingressar no universo da aprendizagem terá sempre um retorno profissional e, sobretudo, um retorno de realizações pessoais.

Não se estuda apenas para trabalhar, mas, mais ainda, para viver. Capacitar-se em qualquer faixa etária é um imperativo pessoal e profissional.

Veja, por exemplo, a questão tecnológica. Quem não acompanhou a evolução e se capacitou, perdeu o bonde da história. Quem hoje se nega a entrar nesse mundo fica isolado. Logicamente torna-se essencial aprender criticamente”.

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