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Economia

CEO do Carrefour pede desculpas, e frigoríficos suspendem boicote

CEO da companhia também enviou uma carta com pedido de desculpas diretamente ao ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro


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Imagem ilustrativa da imagem CEO do Carrefour pede desculpas, e frigoríficos suspendem boicote
CEO do Carrefour pede desculpas, e frigoríficos suspendem boicote |  Foto: Folha/reprodução

O grupo Carrefour voltou atrás e publicou nesta terça-feira (26) uma carta de retratação dirigida ao mercado brasileiro. Após virar alvo de boicote de frigoríficos nacionais, a varejista afirmou que a carne brasileira tem "alta qualidade e sabor", seis dias após ter anunciado que não compraria mais o produto de países do Mercosul.

O CEO da companhia também enviou uma carta com pedido de desculpas diretamente ao ministro da Agricultura do Brasil, Carlos Fávaro, que deu por resolvida a crise envolvendo a varejista. Com a publicação dos comunicados, alguns frigoríficos já começaram a suspender o boicote ao grupo francês.

Já na manhã desta terça, como era esperado, o Grupo Carrefour publicou em sua página oficial comunicado com um "esclarecimento" sobre sua decisão de deixar de comprar carne de países do Mercosul.

"Nossa declaração de apoio à comunidade agrícola francesa na última quarta-feira sobre o tema do acordo de livre comércio com o Mercosul deu origem a discordâncias no Brasil que é nossa responsabilidade resolver. Jamais colocaríamos a agricultura francesa contra a agricultura brasileira, pois nossos dois países compartilham o amor pela terra, sua cultura e a boa comida", diz a carta.

Na postagem que gerou a crise -publicada na última quarta (20) e ainda no ar-, Alexandre Bompard, CEO global do Carrefour, afirma que a decisão de suspender as compras foi tomada diante do "risco de inundar o mercado francês com uma produção de carne que não respeita suas exigências e normas".

O executivo, no entanto, deu um passo atrás. Ainda pela manhã, o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou em seu site um "pedido de desculpas do diretor-presidente do Grupo Carrefour", documento assinado por Bompard e enviado ao ministro Carlos Fávaro.

"Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito às normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas", diz a carta.

Bompard afirma, ainda, que, na França, o Carrefour é o primeiro parceiro da agricultura francesa. "Compramos quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades na França, e assim seguiremos fazendo", afirma, para então se referir aos acordos comerciais com outros países.

"A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes. Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que atravessam uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais", declarou.

O pedido de desculpas contido no documento enviado ao ministro não aparece no comunicado que o Carrefour publicou em sua página oficial.

Nenhum dos dois documentos diz se a suspensão do Carrefour à carne do Mercosul continuará em vigor. Questionada pela reportagem sobre o assunto, a empresa não respondeu.

Ao divulgar a carta de desculpas do executivo francês, o Mapa declarou que conta "com um sistema de rigoroso de defesa agropecuária, que posiciona o Brasil como o principal exportador de carne de aves e bovina do mundo" e que "reitera os elevados padrões de qualidade, sanidade e sustentabilidade da produção agropecuária brasileira".

O Mapa destacou ainda "o trabalho desempenhado pelo setor, a gestão ativa das associações e seus associados na defesa de uma produção de excelência que chega às mesas de consumidores em mais de 160 países do mundo".

Após a divulgação dos comunicados, Carlos Fávaro afirmou que está satisfeito com a retratação do executivo.

"Ele se retratou no ponto mais importante, em que ele diz que o Brasil cumpre as normas, tem qualidade, tem sabor", disse Fávaro. "Foi uma atitude intempestiva do presidente global do Carrefour, mas corrigida a bom tempo. Agora, vida que segue. É um episódio superado e que deixa um legado. Eu dou o assunto por encerrado."

O ministro, que apoiou os boicotes de frigoríficos brasileiros ao Carrefour, agradeceu às reações das associações de produtores rurais e empresariais que se manifestaram sobre o assunto. "É um episódio que marcou um momento muito altivo das empresas brasileiras", comentou. "Todos tiveram uma posição altiva em relação à carta infeliz do presidente global do Carrefour."

Fávaro voltou a dizer que o Brasil tem responsabilidade com os produtos que entrega. "Fruto disso é que somos líderes mundiais no fornecimento de carne bovina, suína, aves, arroz, feijão, soja, cana, algodão. Isso é fruto de uma competência da indústria", disse.

Logo após as retratações, a Masterboi, que havia aderido ao boicote na sexta (22), anunciou que retomaria o fornecimento de carne ao Carrefour. "Sim, a retratação basta. Com a carta publicada agora pelo CEO do Carrefour, se desculpando, a Masterboi está voltando a fornecer à rede hoje", afirmou o frigorífico.

Outros grandes frigoríficos, como Minerva, JBS e Marfrig, ainda não haviam se manifestado até a publicação desta reportagem.

O Carrefour, porém, informou que o cronograma de entregas de produtos de carnes bovinas da JBS foi retomado no Atacadão, operação de atacarejo do grupo no Brasil responsável por 70% do faturamento do conglomerado. Em fato relevante divulgado ao mercado, o vice-presidente de finanças e diretor de relações com investidores do grupo francês no país, Eric Alexandre Alencar, disse que a companhia espera a normalização do reabastecimento de tais produtos no decorrer dos próximos dias.

No total, 23 frigoríficos brasileiros aderiram à suspensão do fornecimento, que, segundo fontes do setor, afetou mais de 150 lojas do Carrefour no Brasil.

LEIA A ÍNTEGRA DA CARTA DIVULGADA PELO MAPA

"Ao Excelentíssimo Ministro da Agricultura e Pecuária do Brasil,

Senhor Carlos Fávaro,

A declaração de apoio do Carrefour França aos produtores agrícolas franceses causou discordâncias no Brasil. Como Diretor-Presidente do Grupo Carrefour e amigo de longa data do país, venho, respeitosamente, esclarecê-la.

O Carrefour é um grupo descentralizado e enraizado em cada país onde está presente, francês na França e brasileiro no Brasil.

Na França, o Carrefour é o primeiro parceiro da agricultura francesa: compramos quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades na França, e assim seguiremos fazendo. A decisão do Carrefour França não teve como objetivo mudar as regras de um mercado amplamente estruturado em suas cadeias de abastecimento locais, que segue as preferências regionais de nossos clientes. Com essa decisão, quisemos assegurar aos agricultores franceses, que atravessam uma grave crise, a perenidade do nosso apoio e das nossas compras locais.

Do outro lado do Atlântico, no Brasil, compramos dos produtores brasileiros quase toda a carne que necessitamos para as nossas atividades, e seguiremos fazendo assim. São os mesmos valores de criar raízes e parceria que inspiram há 50 anos nossa relação com o setor agropecuário brasileiro, cujo profissionalismo, cuidado à terra e produtores conhecemos.

O Grupo Carrefour Brasil é profundamente brasileiro, com mais de 130.000 colaboradores, se desenvolveu e continua se desenvolvendo sob minha presidência em parceria com produtores e fornecedores do Brasil, valorizando o trabalho do setor produtivo e sempre em benefício de nossos clientes. Nos últimos anos, o Grupo Carrefour Brasil acelerou seu desenvolvimento, dobrando tanto o volume de seus investimentos no país quanto suas compras da agricultura brasileira. Mais amplamente, o Brasil é o país em que o Carrefour mais investiu sob minha presidência, o que confirma nossa ambição e nosso comprometimento com o país. Assim seguiremos prestigiando a produção e os atores locais e fomentando a economia do Brasil.

Sabemos que a agricultura brasileira fornece carne de alta qualidade, respeito ás normas e sabor. Se a comunicação do Carrefour França gerou confusão e pode ter sido interpretada como questionamento de nossa parceria com a agricultura brasileira e como uma crítica a ela, pedimos desculpas.

O Carrefour está empenhado em trabalhar, na França e no Brasil, em prol de uma agricultura próspera, seguindo nosso propósito pela transição alimentar para todos. Asseguro, Senhor Ministro, nosso compromisso de longo prazo ao lado da agricultura e dos produtores brasileiros.

Aproveito a oportunidade para renovar os protestos de estima e consideração.

Atenciosamente,

Alexandre Bompard Diretor-Presidente do Grupo Carrefour"

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