Como as empresas lidam com o luto dos colaboradores
O processo de luto não se encerra no retorno do funcionário ao trabalho
A única certeza que temos nesta vida é a morte. Essa frase é tão conhecida quanto verdadeira. Planejamos a nossa trajetória ao longo da vida e prevemos possibilidades para ela, mas não temos certeza se vão se realizar. A morte, ao contrário, é certa e implacável, mas dificilmente nos planejamos para ela. Logo, não nos preparamos. Nem para morrer nem para perder um ente querido. E é sobre esse despreparo para lidar com o luto que quero falar aqui.
Apesar de termos certeza da morte, não conseguimos estimar uma data, exceto em algumas situações. Não conseguimos e não queremos. Temos, inclusive, certo pavor de pensar no assunto, o que contribui ainda mais para não nos prepararmos.
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Quando a morte de alguém querido chega, precisamos encará-la, porque a nossa vida segue. Em família, geralmente enfrentamos uma dor em comum. No trabalho, entretanto, convivemos com pessoas que não saberão lidar com a nossa perda.
Toda essa reflexão foi para chegar a uma pergunta: Será que as empresas estão cientes do impacto que o luto de um colaborador pode gerar?
Estudos mostram que esse profissional enfrenta, naturalmente, dificuldades para se concentrar e tomar decisões e tem a produtividade reduzida de forma considerável. Outra questão é: as empresas sabem como cuidar desse colaborador, a fim de mitigar esses problemas? A resposta é não. Pelo menos não da forma mais adequada.
Geralmente, o protocolo é acolher, enviar uma coroa de flores, liberar para ir ao velório, dar um abraço quando o colaborador retorna... E pronto, acaba aí! A grande verdade, no entanto, é que o processo de luto não se encerra no retorno do funcionário ao trabalho. A partir desse momento, ele vai se dividir entre tentar cumprir as responsabilidades profissionais e lidar com um misto de sentimentos intensos e complexos.
A duração do processo de luto varia de pessoa para pessoa, mas é certo que ele não acaba quando termina a licença por morte concedida ao trabalhador. Após a perda, ele vive diversas fases, até chegar ao estágio de aceitação e recomeço.
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Quando a empresa compreende isso e se faz presente na jornada do colaborador, não só contribui para que ele recupere o desempenho mais rapidamente como cria com ele uma conexão para além do vínculo profissional.
O Affetic Anjo, por exemplo, é um programa de bem-estar emocional por meio do qual as empresas acolhem e acompanham o colaborador ao longo do processo de luto, com orientações para que ele elabore a perda, em vez de camuflar emoções e sentimentos, o que pode resultar em consequências graves mais para frente, como desenvolvimento de transtornos e afastamentos por tempo indeterminado.
Empresas são negócios, mas são negócios sustentados por pessoas que vivenciam diversas jornadas sensíveis, entre elas o luto. Reconhecer isso e adotar uma cultura humanizada, de cuidado, é trabalhar pelo sucesso em longo prazo da organização.
Matheus Medeiros é psicólogo e especialista em RH
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