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Olhares Cotidianos

Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Colunista

Sátina Pimenta, psicóloga clínica, advogada e professora universitária

Setembro amarelo

Setembro amarelo é mais do que símbolos: é acolher, agir e salvar vidas de verdade

Sátina Pimenta, colunista de A Tribuna | 04/09/2025, 11:18 h | Atualizado em 04/09/2025, 11:18

Imagem ilustrativa da imagem Setembro amarelo
Sátina Pimenta é psicóloga clínica, advogada e professora universitária |  Foto: Divulgação

Setembro chegou e, como sempre, as redes sociais vão se encher de postagens amarelas. Empresas vão fazer palestras, distribuir brindes, pedir para todo mundo usar aquela fitinha. É importante? Sim. Pelo menos estamos falando de algo que existe e que mata todos os dias. Mas isso basta? Porque setembro passa. E depois? Quem fala sobre isso em outubro, novembro ou nos outros meses do ano? Precisamos nos perguntar se essas ações simbólicas realmente têm efetividade.

A sua empresa, por exemplo, além de entregar uma fitinha para mostrar responsabilidade social, oferece treinamento a equipe para aprender sobre primeiros socorros psicológicos, sabendo lidar com situações em que alguém apresenta sinais ou verbaliza intenção suicida?

E na sua casa? Você conversa sobre isso com sua família? Sobre vida, morte, frustrações e coragem? Porque, para mim, não é fraqueza — é coragem silenciar uma dor tão profunda. E o que podemos fazer para que alguém não precise chegar a esse ponto?

E nas igrejas? Quando se fala sobre suicídio, é acolhimento ou condenação? Porque dizer “quem comete suicídio vai para o inferno” não ajuda. Para quem pensa em se matar, o inferno já é aqui, já é agora, dentro dela mesma. Essa pessoa não precisa de julgamento, precisa de acolhimento, precisa ouvir que a vida ainda pode ter sentido.

E nas redes sociais? Todo setembro é igual: stories cheios de “conte comigo”, “estou aqui para você”, “pode me chamar”. Mas e quando alguém chama? E quando chega no seu direct: “Oi, tudo bem? Hoje tomei três cartelas de remédio porque não quero mais viver.” O que você faz? Você está preparado para agir? Porque não adianta postar empatia se ela não é prática. Não adianta ser bonito no feed elsem conteúdo na vida real. Sabe o que é o CVV ou a RAPS? Abre o seu Google aí, já que você se importa!

Setembro Amarelo é uma campanha de ação. E ações precisam ser contínuas, reais e eficazes. Para reduzir os índices de suicídio, precisamos de acolhimento, sensibilidade e percepção. Precisamos olhar para quem está ao nosso lado, no trabalho, em casa, na igreja. Aquela pessoa que fica oito horas por dia ao nosso lado pode estar se afogando — e a gente nem percebe. Não dá para se limitar a um bombom amarelo, uma palestra teórica ou post no Instagram. Isso é pouco diante do tamanho do problema.

E por que isso é tão sério? Porque os números são alarmantes. No mundo, mais de 700 mil pessoas morrem por suicídio todos os anos, uma morte a cada 45 segundos. É a quarta principal causa de morte entre jovens de 15 a 29 anos. No Brasil, nos últimos 10 anos, mais de 144 mil tiraram a própria vida. Em 2023, o SUS registrou 11.502 internações por lesões autoprovocadas, 31 por dia. No Estado, só em 2024, foram 2.621 tentativas, um aumento em relação a 2023. Esses números gritam, mas será que a gente está ouvindo?

Antes de postar “conte comigo”, pense se realmente vai estar lá quando alguém precisar. Pense se sabe o que fazer caso alguém peça ajuda. Porque no fim, não é sobre um laço amarelo. É sobre vidas se perdendo. E talvez a sua atitude hoje seja a diferença necessária.

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