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OLHARES COTIDIANOS

Não acordei bem

Entre medos, encerramentos e autenticidade: sentir também é parte do caminho

Sátina Pimenta | 11/12/2025, 12:41 h | Atualizado em 11/12/2025, 12:41
Olhares Cotidianos, por Sátina Pimenta

Sátina Pimenta

Sátina Pimenta, psicóloga clínica, advogada e professora universitária



          Imagem ilustrativa da imagem Não acordei bem
Sátina Pimenta é psicóloga clínica, advogada e professora universitária. |  Foto: Divulgação

Tem dois dias que eu não durmo direito. E, para ser honesta, estou com medo. Medo de que a depressão volte – ela me acompanhou no ano de 2024 e juro que não foi nada legal –, medo de que alguma porta interna se abra sem eu querer. Não fiz atividade física, não me alimentei bem, e tem uma sensação de “fardo” enorme sobre mim — dessas que ocupam o peito sem pedir licença.

De verdade, eu nem queria muito sair da cama hoje. Mas lembrei dos compromissos: meus pacientes, minha família, meu trabalho e vocês. Eu faço uma metáfora que existe um sino na nossa cabeça tocando um: “tem, tem, tem…”.

Esse sino interno, que não existe no mundo, cobra, exige, lembra de tudo: prazos, demandas, responsabilidades. Quanto mais tento ignorá-lo, mais alto ele bate — tem, tem, tem… — como se fosse ocupar todos os espaços.

Talvez esteja me sentindo assim porque o fim do ano está chegando. Talvez seja a tal síndrome de dezembro. Não sei!

Talvez porque ontem eu vivi um momento triste: um ciclo se encerrou — e encerrar ciclos dói!

Mas encerrar ciclos é normal, né?! Isso é algo que precisamos pensar! É bonito dizer que é normal fechar ciclos, que faz parte, mas na prática é outra história.

Existe uma romantização sobre “aceitar finais”, como se fechar portas não causasse dor. Como se maturidade fosse sinônimo de não sentir. Mas tem coisas que simplesmente… doem. E pronto.

As pessoas querem que a gente normalize, que siga, que vá. Mas nem sempre o “normal” precisa ser tão normal a ponto de silenciar o que aperta dentro.

Ontem doeu muito um destes ciclos fechados. Posso estar de ressaca dele? Será? Só sei que eu decidi não fingir que doeu.

A Psicologia Humanista fala sobre isso: reconhecer a experiência interna sem julgamento. Carl Rogers dizia que quando aceitamos plenamente o que sentimos, é aí que começamos a mudar. Talvez meu sino esteja tão alto porque eu precisava ouvi-lo.

Precisava admitir o cansaço, o medo, os encerramentos, as dúvidas. Precisava lembrar que, apesar de ser psicóloga, eu também sinto. Eu também me perco. Eu também fico à deriva. E sim, está tudo meio aleatório.

Mas também… a vida é aleatória. A vida também é se perder. A vida também é ser dura. A vida também é se questionar. A vida também é não entender.

Enquanto escrevo, lembro da mensagem que mandei para a minha psicóloga pedindo um atendimento rápido — porque sim, psicólogos precisam de psicólogos. Afinal na última sessão eu estava ótima: rindo, leve, tranquila. Hoje não. E tudo bem. Talvez seja só a vida acontecendo e eu tentando acompanhar o passo.

Tentando entender cada dor, cada sensação, cada dúvida. E me recusando — com força — a não sentir. Quero sentir tudo o que eu precisar sentir. Não quero anestesiar. Não quero pular etapas. Não quero virar personagem de mim mesma.

Eu disse que o texto de hoje era confuso. Mas talvez seja o mais autêntico que escrevi em muito tempo. Receba como quiser.

Sinta o que fizer sentido para você. E que seja uma boa quinta — mesmo que a gente não acorde bem.

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