Alimentação e saúde mental
Pode não parecer, mas a nutrição e a saúde mental são duas situações que estão bem relacionadas
Setembro chegou e, com ele, a campanha Setembro Amarelo, em prol da prevenção e manutenção da saúde mental. E não tem como falar de saúde mental sem falar de alimentação e estilo de vida, não é mesmo?
Pode não parecer, mas a nutrição e a saúde mental são duas situações que estão bem relacionadas. O fato é que ambas exercem grande efeito uma sobre a outra e precisam estar equilibradas para garantir o bem-estar como um todo.
As emoções afetam o corpo, o estado psíquico altera os hábitos alimentares, transtornos emocionais e alimentares afetam a nutrição, a alimentação pode interferir positiva ou negativamente no seu bem-estar.
Muito simples de entender, veja comigo: se uma boa alimentação pode ter efeitos terapêuticos sobre a depressão, a ansiedade e o transtorno bipolar, uma dieta inadequada poderia piorar seus sintomas? A resposta é sim, especialmente no caso das dietas ricas em calorias, mas pobres em nutrientes, baseadas em produtos ultraprocessados e comida pronta, de pacote.
Para entendermos melhor, o psiquiatra da Universidade de Valência e membro do comitê executivo da Sociedade Internacional para a Pesquisa em Psiquiatria Nutricional Vicent Balanzá afirma em suas pesquisas que “as doenças psiquiátricas, como a depressão e a esquizofrenia, por exemplo, não são muito diferentes da diabetes, se olharmos as mudanças que ocorrem no organismo a um nível molecular.
As pessoas com diabetes e com depressão se encontram em um estado de inflamação sistêmica leve, mas crônica”.
O professor conclui sua fala afirmando que “assumindo isso, as intervenções com dieta e nutrição podem ser eficazes para corrigir a inflamação também nas doenças psiquiátricas e, em geral, para melhorar o prognóstico das pessoas que as sofrem”.
No final das contas, a divisão entre cérebro-mente e corpo não tem fundamento científico.
E pensando no controle da inflamação, alguns nutrientes devem estar presentes no dia a dia alimentar tanto de quem quer prevenir quanto de quem quer tratar possíveis alterações mentais. Ah! Mas muita calma nessa hora. Não existe alimento milagroso, ok?
Hábitos saudáveis devem envolver uma boa alimentação, controle do sono, estresse e atividade física por exemplo. Ou seja, a alimentação é como uma orquestra que pode emitir uma linda música, a saúde, se a dermos a devida atenção.
Agora, pegue papel e caneta e anote aí o que não pode faltar:
- Fibras: frutas, feijões, lentilha, grão de bico, verduras, legumes, farelos e farinhas integrais.
- Antioxidantes: frutas como laranja, limão, goiaba, acerola e verduras como couve e brócolis.
- Ômega 3: peixes, inclusive atum e sardinha enlatados, abacate e linhaça.
- Vitamina D: gema de ovo, peixes, fígado, leite e derivados.
- Vitaminas do complexo B: fígado, ovos, leite, cereais, abóbora, frutas em geral, carne vermelha e suína.
Pensando ainda nesse contexto, a nutrição comportamental está a cada dia que passa mais presente na forma de atender o paciente/cliente na rotina do consultório do nutricionista. O principal objetivo da alimentação consciente é mudar a sua relação com a comida.
Não se trata de uma “dieta”, na verdade, é basicamente o contrário! A ideia é valorizar a forma com a qual nos alimentamos e não supervalorizar os alimentos.
Respeitar os sinais de fome e saciedade, entender o porquê da escolha de cada alimento e a diferença entre fome fisiológica e emocional.
Essa prática auxilia na mudança de hábito, visto que o processo de reeducação alimentar fica mais real e possível.
Mas, e você, tem dado a devida atenção à alimentação? A alimentação vai muito além do que somente perder peso e ganhar massa muscular. Encontro vocês na próxima semana!
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