Invasão, roubo e vandalismo em cemitérios de Anchieta
Locais em Segundo Território, Alto Pongal, Jabaquara e Itaperoroma Baixa estão sendo alvo de ladrões e vândalos
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Quatro cemitérios foram invadidos nos últimos dias em Anchieta e a maioria das placas e crucifixos de bronze, estátuas de ferro e até mesmo as alças de metais que ficam nos jazigos foram levados, deixando familiares indignados.
Nem mesmo o cemitério mais antigo do interior da cidade, fundado em 1875, escapou dos vândalos. Localizado em Segundo Território, onde estão enterrados familiares da técnica em enfermagem Aline Juriatto, 31 anos, o lugar foi revirado até não sobrar nada.
“O pessoal da comunidade costuma vir rezar aqui e como se aproximava do Dia dos Pais, vieram na sexta-feira e levaram um susto ao se deparar com tudo revirado. Eles fizeram fotos e mandaram no grupo de WhatsApp da comunidade. Descobrimos que tinham entrado aqui e levado tudo de valor”, conta Aline.
Do jazigo de seus parentes, as cruzes de pedra ficaram quebradas ao retirarem do túmulo o crucifixo de bronze que havia na lápide onde está enterrado seu avô. “É muito triste ver tudo destruído. Perturbar até mesmo quem já morreu é lamentável. É não ter amor ao próximo”, destacou.
Nas comunidades de Itaperoroma Baixa, Jabaquara e Alto Pongal a situação se repete. Para a professora Claudiani Athayde, 50 anos, fica a dúvida de voltar ou não a colocar as plaquinhas com os nomes dos entes queridos.
“Fazemos de novo as plaquinhas e corremos o risco de perder novamente. O que fazer para evitar isso? O que mais dói na gente é que tem quem compre esse tipo de material sabendo que é profanação de um túmulo, um lugar de respeito, independe de religião”, lamentou.
Patrulha
A Prefeitura de Anchieta informou que a Guarda Municipal irá intensificar a patrulha nesses locais e destacou que os cemitérios são administrados pelas comunidades.
A prefeitura pede que os responsáveis pelos túmulos possam registrar ocorrência junto à Polícia Civil. E lembra que, assim como a prática do crime do furto, quem compra material roubado é considerado receptador e também pode ser preso pelo ato.
Bolsa com molduras roubadas
No cemitério em Jabaquara, na manhã de ontem, aconteceu um fato curioso. Uma bolsa contendo 28 molduras, das mais de 50 roubadas antes do Dia dos Pais, foi encontrada jogada próximo ao muro do cemitério.
A bolsa foi entregue ao voluntário do cemitério, Eloir dos Santos, de 65 anos, que agora guarda as molduras para que os familiares reconheçam a qual sepultura pertence cada uma.
“Fizemos ocorrência sobre o furto e quando foi hoje (ontem) cedo, algumas molduras foram abandonadas perto do muro do cemitério. Outro rapaz encontrou e me entregou. Foram mais de 50 molduras roubadas aqui. Não temos o número exato. E 28 apareceram”, disse Eloir.
Além das molduras, outros pertences foram quebrados durante o roubo. Bíblias e crucifixos foram levados. “É muito triste ver toda essa cena. Além da minha família, muitas pessoas que estão aqui eu conheci, e mesmo pelos que eu nunca conheci, é triste ver esse vandalismo. A sugestão que eu deixo é instalar câmeras para evitar os roubos, porque não é a primeira vez que isso acontece”, completa Eloir.
A suspeita é que o roubo em Jabaquara possa ter acontecido na madrugada de sexta-feira para sábado, já que durante a semana o cemitério foi visitado e nenhum relato estranho foi notado.
Eloir lembra que foi o segundo furto constatado lá. “Não colocamos mais objetos de valor e até o nome dos nossos familiares nós escrevemos na pedra, porque foram muitos roubos”, destaca a lavradora Veronica De Athayde.
"Nos sentimos impotentes"
Do túmulo onde estão enterrados o sogro e o cunhado da professora Claudiani Athayde, de 50 anos, restaram somente as lápides de pedra, porque as placas de bronze com o nome e a data de nascimento e morte dos familiares foram levadas do cemitério em Alto Pongal, interior de Anchieta.
“Acreditamos que tenha sido na madrugada da última sexta-feira para sábado, porque algumas pessoas foram visitar os túmulos no sábado e encontraram o estrago. Para nós, isso é revoltante, porque nos sentimos violados e impotentes. Todas as placas de bronze ou de metal foram levadas. E para levar as placas, eles destruíram muita coisa”, disse ela.
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