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Cidades

Professores denunciam descaso da Sedu em escolas de Aracruz

Professores divulgaram carta aberta onde denunciam descaso da Sedu nas medidas que são de responsabilidade da pasta


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Imagem ilustrativa da imagem Professores denunciam descaso da Sedu em escolas de Aracruz
Escola Primo Bitti: professores publicaram carta aberta denunciando descaso da Sedu |  Foto: Leone Iglesias/AT

Os professores da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, em Aracruz, que foi um dos alvos do atirador, de 16 anos, no final de novembro, divulgaram uma carta aberta ao governo do Espírito Santo e à população capixaba nesta sexta-feira (16). No documento, os profissionais prestam solidariedade as famílias das quatro pessoas que morreram no ataque e denunciam o que, segundo eles, é um descaso da Secretaria de Estado da Educação (Sedu) nas medidas que são de responsabilidade de pasta. 

A escola fica no bairro Coqueiral de Aracruz e foi alvo do atirador na manhã de 25 de novembro. O adolescente, que confessou para polícia o crime, invadiu a escola e foi até a sala dos professores, onde atirou e feriu vários profissionais. As professoras Cybelle Passos, Flávia Amboss e Maria da Penha Pereira foram mortas na ação. 

Em seguida, o atirador foi até uma escola particular no mesmo bairro. Lá, ele entrou pelo portão principal, chegou ao pátio e começou a atirar pelos corredores e salas de aula. A aluna Selena Sagrillo foi atingida e morreu. Além das quatro mortes, 10 pessoas ficaram feridas no ataque. 

Leia mais: Mais uma vítima do ataque a escolas de Aracruz recebe alta

Escola alvo de ataque em Aracruz reabre nesta quarta

Na carta publicada pelos professores, na tarde desta sexta, os docentes agradecem o trabalho das instituições que estão prestando serviço à comunidade escolar. No entanto, os profissionais denunciam que se sentem abandonados pela Sedu. 

Confira os pontos denunciados pelos professores

1.  Até este momento, a Secretaria de Estado de Educação do Espírito Santo não realizou nenhum contato individualizado com a equipe de profissionais da escola, tão pouco, acionou outros setores do Governo do Estado para que o fizesse;

2. Não orientou as empresas terceirizadas responsáveis pelas equipes de limpeza, merenda escolar e vigilância a dar assistência a seus funcionários;

3. Não prestou assistência inicial às famílias que estavam com seus entes hospitalizados e com dificuldades para se deslocarem às unidades de internação;

4. Não elaborou um plano de atendimento psicológico individualizado e contínuo para os membros da escola;

5. Não registrou de imediato a Comunicação de Acidente de Trabalho;

6. Não enviou profissionais colaboradores para gerenciar a parte administrativa da escola;

7. Não garantiu a seguridade dos empregos dos profissionais em designação temporária que fazem parte da equipe escolar e que estão

passando pelo trauma;

8. Não garantiu o direito ao luto aos professores que trabalham em mais de uma escola ou rede de ensino;

9. Solicitou que a própria equipe atingida se responsabilizasse pelo fechamento do ano escolar, incluindo o trabalho de fechamento de diários dos amigos perdidos ou impossibilitados.

"Essas e outras atitudes fazem com que nos vejamos lançados à nossa própria sorte, sem garantias, sequer, de que teremos condições de trabalho mínimas em nossa escola para o próximo ano. A situação em que nos encontramos, de termos de lutar por respeito, condições dignas de trabalho e apoio institucional para todos aqueles que foram afetados por esse crime de ódio, não nos permite passar de forma adequada por nosso luto e por nossas angústias pessoais", diz trecho da carta aberta dos professores.

Relembre

O primeiro atentado aconteceu na Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Primo Bitti, em Coqueiral de Aracruz.  O assassino, de 16 anos, chegou à escola, localizada na Avenida das Palmeiras, por volta das 9h30. O atirador dirigia um veículo  Duster. 

O carro estava com as placas cobertas por um tipo de fita adesiva, para que não pudesse ser facilmente identificado.

Após quebrar um cadeado que mantinha o portão trancado, durante o intervalo das aulas, o jovem  entrou pelos fundos da Escola Primo Bitti. Ele estava armado com uma pistola ponto 40 e um revólver calibre 38, que seriam do pai do jovem, um policial militar.

Além disso, ele vestia roupas camufladas, incluindo um símbolo nazista no ombro.

Após estacionar o veículo e quebrar o cadeado do portão, ele  foi direto  à sala dos professores.

Quando invadiu o local,  disparou contra vários professores: muitos ficaram feridos e duas professoras morreram na hora.

Logo depois, ele foi até a escola particular, onde entrou pelo portão principal e começou a atirar pelos corredores e salas de aula. Três alunos foram baleados e um deles, a estudante Selena Sagrillo, morreu na hora. 

Após o crime, o atirador voltou para casa, guardou as duas armas usadas no crime - uma pistola ponto 40, que é da Polícia Militar que estava sob s custódia do pai dele, que é policial militar, e um revólver calibre 38, arma particular o pai do atirador, almoçou com os pais e foi para casa de praia da família. 

O adolescente acabou apreendido cerca de cinco horas depois do crime e confessou os atentados. A Justiça determinou que ele fique três anos internado em unidade socioeducativa e receba acompanhamento psiquiátrico nesse período

OUTRO LADO

Por meio de nota Secretaria da Educação  (Sedu) declarou que desde a semana seguinte ao ocorrido tem desenvolvido ações para dar assistência e acolhimento aos familiares das vítimas fatais ou não, estudantes, pais e responsáveis da EEEFM Primo Bitti. Segundo a Sedu, foram oferecidos atendimentos psicológicos e realizadas rodas de conversas, inclusive especialistas em luto, vindos de outros estados.

A Secretaria ainda afirmou que fez distribuição de cestas básicas aos alunos cujo responsável esteja cadastrado no CadÚnico, além de tentar restringir as intervenções físicas na sede da escola, de forma a ressignificar o espaço. 

Também informaram que equipes da saúde realizaram a escuta da população enlutada na Unidade Básica de Saúde de Coqueiral de Aracruz, em um trabalho realizado todos os dias por psicólogos, assistentes sociais, enfermeiros e médicos.

Confira a carta na íntegra

Carta aberta dos professores 127,99 - pdf
Carta aberta dos professores 127,99 PDF

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