Pesquisa aponta que usuários do ES são os que mais compram planos de saúde
Em 20 anos, a população que tem cobertura de planos de saúde passou de 21,5% para 33%, sendo a maior alta do País
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Seja para garantir acesso rápido a consultas, exames ou até mesmo cirurgias, cada vez mais pessoas buscam a segurança e a tranquilidade oferecidas por um plano de saúde.
A prova disso é que nos últimos 20 anos, entre 2003 e 2023, a população com cobertura de planos de saúde passou de 21,5% para 33%. A alta de 11,5 pontos percentuais é a maior do País no período.
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São cerca de 1,3 milhão de beneficiários de planos médicos somente no Estado. Os dados são da Análise Especial da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), desenvolvida pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
O Estado ocupa a quarta melhor marca do País em taxa de cobertura (33%), acima, inclusive, da média nacional (24,9%), ficando atrás apenas de São Paulo (40,8%), Rio de Janeiro (34,9%) e praticamente empatado com o Distrito Federal (33,2%).
De acordo com José Cechin, superintendente executivo do IESS algumas variáveis, como a administração pública, podem explicar o aumento.
“As últimas administrações públicas, que o Estado teve, criaram um ambiente mais propício aos negócios. Logo, as empresas prosperando vão oferecer planos de saúde aos empregados. A renda é um fator importante para explicar o crescimento dos planos de saúde corporativos e empresariais”.
Além disso, Cechin destaca que o Espírito Santo possui um bom Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). “Um alto IDH representa alta renda, boa expectativa de vida e boas condições econômicas e educacionais, são variáveis que levam as pessoas a procurarem por planos de saúde. Podemos citar também a pandemia, que despertou nas pessoas a necessidade de ter um plano”.
O advogado especialista em Direito Médico Décio Oliveira acredita que o aumento na cobertura ocorre pelo fato de que o acesso a novos medicamentos e tratamentos mais avançados acontecem de forma mais rápida pela via privada.
“Junto a isso está o fato do alto custo para tratamentos de doenças mais graves e para cirurgias mais modernas, que sem a cobertura de um bom plano de saúde o paciente fica refém do SUS e da fila existente”, analisa.
“Segurança”
Há dois meses a instrutora de Pole Dance Christine Zanichelli, 31, contratou um plano de saúde. Entre os motivos estão: segurança, melhor acompanhamento com especialistas, acesso a exames e, caso queira engravidar, poder contar com assistência médica.
“Na minha busca por um plano de saúde priorizei o preço acessível e um plano que seja referência também. As pessoas gastam tanto dinheiro na rua, a saúde que deveria ser o mais importante, acaba ficando de lado”, analisou.
Reajustes entre as maiores queixas
Ainda que os planos de saúde possam oferecer mais facilidade de atendimento, os problemas relacionados a planos de saúde seguem na ponta do ranking de reclamações e atendimentos do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec).
De acordo com a advogada do programa de Saúde do Idec, Marina Paullelli entre as principais queixas contra os planos de saúde estão reajustes, reclamações a respeito de contratos e falta de informações.
“É possível perceber que mesmo que o número de consumidores vinculados a contratos tenha aumentado, isso não significa que houve uma melhora na qualidade da prestação de serviços ou que práticas de mercado nocivas aos consumidores tenham, de fato, mudado. Via de regra, plano de saúde é um dos temas mais reclamados no Idec”, ressalta Marina.
Alterações nas redes de atendimento, segundo a advogada, tem sido uma das maiores reclamações tanto no Idec quanto na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). “Para além da dificuldade de atendimento que o consumidor possa ter, fatores financeiros continuam sendo um problema constante”, afirma.
O advogado especialista em Direito Médico Décio Oliveira destaca ainda que negativas de exames e tratamentos estão entre os motivos de, a cada ano, haver um aumento em ações judiciais contra os planos de saúde.
Saiba mais
Números
- O Estado tem aproximadamente 3,8 milhões de habitantes, segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
- 33% dos capixabas têm plano de saúde, o que representa quase 1,3 milhão de pessoas.
- Um a cada três moradores conta com assistência da saúde suplementar.
Nacional
- O Espírito Santo é o 4º estado com maior cobertura. inclusive, da média nacional (24,9%), atrás apenas de São Paulo (40,8%), Rio de Janeiro (34,9%) e praticamente empatado com o Distrito Federal (33,2%).
Taxa de cobertura
- Entre 2003 e 2023, o Estado ampliou o acesso à saúde suplementar, passou de 21,5% para 33% da população, alta e de 11,5 pontos percentuais, a maior do País no período.
- Os dados relativos ao número de beneficiários foram extraídos da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), utilizando a média dos quatro trimestres de cada ano para declarar o número de beneficiários do respectivo ano.
Fonte: Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS).
ANÁLISE | Sandra Grassi, presidente da comissão de Direito Médico da OAB/ES e mediadora judicial, CNJ.
“A expansão de assistência privada à saúde, paralelamente à sua universalização, está calcada no direito constitucional de acesso à saúde, além de atender a livre iniciativa e proteção ao consumidor. O que lhe traz mais segurança.
Como qualquer contrato de adesão temos a contraprestação paga pelo segurado atrelado aos riscos assumidos pela prestadora aplicando as normas à época da sua celebração.
As operadoras, levaram à época da celebração do contrato, seus cálculos, a probabilidade da ocorrência dos riscos futuros e as coberturas correspondentes.
É interessante destacar a autonomia das partes, livremente pactuada, compreendidas à luz da segurança jurídica, de maneira a conferir estabilidade aos direitos de todos os envolvidos, ainda, presume-se que todos conhecem as cláusulas contratuais.
Por isso, é de suma importância procurar um advogado para orientá-lo quanto as cláusulas contratuais que irá contratar.”
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