150 anos da imigração: emoção em missa com coro de 100 vozes
Celebração contou com uma homenagem às crianças que morreram na imigração e àquelas que aqui chegaram e tiveram dificuldades
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Fiéis lotaram a Catedral Metropolitana de Vitória na manhã de sábado (17) para participar da missa em homenagem aos 150 anos da imigração italiana.
A celebração, em italiano, contou com corais de Nova Venécia, Santa Teresa, Venda Nova do Imigrante e Guarapari. Foram 100 vozes sob regência do maestro Inárley Carletti, que emocionaram os participantes.
A missa contou com homenagem às crianças que morreram durante a imigração e também àquelas que aqui chegaram e enfrentaram dificuldades.
O diretor-geral do Arquivo Público do Estado, Cilmar Franceschetto, contou sobre essa história, enquanto crianças com roupas típicas entraram na Catedral.
“Duas crianças morreram na Expedição de Pietro Tabacchi e foram jogadas ao mar. Mais de 13.200 crianças chegaram no período da imigração e pelo menos 100 morreram nos navios de doenças e condições precárias”, afirmou Cilmar na celebração.
A missa foi presidida pelo bispo emérito da Diocese de Colatina dom Décio Zandonade e concelebrada pelo pároco da Catedral Renato Criste Covre.
Renato Criste destacou, em entrevista, a fé dos imigrantes. “Nos sentimos honrados em acolher esse evento tão importante, esta pluralidade cultural que os italianos trouxeram com sua fé, tradições e costumes”, afirmou.
Também participaram o vigário da Catedral, Ruan Coutinho, e o ex-reitor da Basílica Santuário de Santo Antônio, Roberto Camilato, entre outros. Após a celebração, foi realizado o tombo da polenta de Alfredo Chaves, ao lado da Catedral. Os festejos contaram ainda com apresentações de grupos de dança.
CENAS DA FESTA
Tombo da polenta de Alfredo Chaves
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Cercada de muita animação e descendentes ávidos por fazer um registro do momento tão aguardado, a polenta tombou e representou com a gastronomia a imigração italiana no Estado.
O momento foi disputado, e um dos convidados para fazer o tombo foi o prefeito de Vitória, Lorenzo Pazolini, que é descendente de imigrantes italianos, estabelecidos em Santa Teresa.
“A Prefeitura de Vitória apoia os eventos culturais, e o mais bonito de tudo é a alegria, poder estar ao lado hoje das pessoas”, disse Pazolini.
A dança que faz muito bem para a história
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Logo após o tombo da polenta, os grupos de danças típicas iniciaram suas apresentações, ao lado da Catedral Metropolitana.
O primeiro a se apresentar foi o Gruppo di Ballo Nova Trento, de Aracruz, para onde foram os primeiros imigrantes da expedição de Pietro Tabacchi. Depois, o Gruppo Folkloristico do Circolo Trentino di Santa Teresa (foto) fez uma apresentação que levantou o público com base em músicas de novelas.
“Acabamos nos juntando como irmãos”
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Indígenas de Aracruz, da aldeia Iraja, o jovem Kaysã Tupinikim e Iasy Tupinikim, 30, participaram das comemorações dos 150 anos da imigração italiana. Iasy falou sobre como vê a convivência entre as diferentes culturas.
“Acabamos nos juntando como irmãos. Um ajuda o outro e hoje nós fomos convidados para representar os povos que receberam eles aqui fazem parte da mesclagem de cultura”.
SAIBA MAIS
HISTÓRIA
1 - Na década de 1850, Pietro Tabacchi, por conta de dívidas e motivações políticas, emigrou do Trento para o Espírito Santo.
2 - Ele adquiriu uma propriedade em Santa Cruz (Aracruz): a Fazenda das Palmas.
3 - Em 1871, ele pediu autorização ao governo do Brasil para trazer imigrantes para a sua propriedade.
4 - A chegada da Expedição Tabacchi, em 17 fevereiro de 1874, no Espírito Santo, inaugurou a imigração em massa de italianos para o Brasil.
5 - Eram 386 camponeses, um padre e um médico, na embarcação a vela La Sofia.
6 - A partir do ano seguinte, também as províncias do Sul brasileiro passaram a receber navios com centenas de imigrantes da Itália.
7 - Foram 45 dias de viagem de Gênova até Vitória.
8 - O navio partiu em 3 de janeiro, do Porto de Gênova, e chegou em 17 de fevereiro, pela manhã, à Baía de Vitória.
9 - Quatro dias depois, no dia 21, foi o desembarque e em 1º de março o grupo parte para Santa Cruz.
Fonte: Livro “Colônias Imperiais na Terra do Café”, de Renzo M. Grosselli.
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