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Cidades

Engarrafamento por causa de acidente inspirou projeto da Justiça Volante no ES

Desembargador idealizou o projeto por causa de colisão banal que parou o trânsito


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Prestes a completar 30 anos, a Justiça Volante no Espírito Santo foi idealizada pelo desembargador Pedro Valls Feu Rosa, após ter ficado preso em um engarrafamento por causa de uma colisão banal entre dois veículos.

Imagem ilustrativa da imagem Engarrafamento por causa de acidente inspirou projeto da Justiça Volante no ES
Feu Rosa idealizou a Justiça Volante, prestes a completar 30 anos |  Foto: Fábio Nunes/AT

O projeto, que funciona até hoje, serviu de modelo para vários estados, como Ceará, Mato Grosso, Sergipe e Distrito Federal.

A Tribuna – Como a Justiça Volante foi criada?

Pedro Valls Feu Rosa - A ideia surgiu quando eu estava indo, com minha esposa, para um compromisso. Quando chegamos perto da Curva do Saldanha, nos deparamos com um imenso engarrafamento. Descobri que a causa era que um carro havia colidido com a traseira de um outro.

Eu comentei com a minha esposa: “Puxa vida, qualquer juiz aqui resolveria isso em cinco minutos”.

E chegou atrasado para o compromisso?

Evidentemente nos atrasamos. Mas, no caminho, eu pensei: “Por que não? Por que o juiz não poderia ir até o acidente resolver essas questões rapidamente?”.

No dia seguinte mesmo, conseguimos uma Kombi. Um amigo marceneiro montou uma sala de audiência dentro da Kombi e conseguimos a aprovação do Tribunal.

E já começou a funcionar?

Sim. Colocamos na rua. Na época, havia uma expectativa imensa, porque era uma novidade em nível mundial. Ninguém nunca tinha tentado levar o Judiciário para a rua para resolver esses casos.

Marcamos para uma segunda-feira o início da operação. Estava lá a imprensa toda aguardando alguma ocorrência.

E qual foi a primeira ocorrência?

Nesse dia mesmo. De repente chegou um rádio para a Polícia Militar avisando de um acidente perto do Moinho Buaiz, no centro. Fomos todos para lá: Kombi, imprensa. Chegando lá, descobrimos que quem tinha batido era um juiz, para surpresa de todos. De lá para cá, o serviço foi se consolidando.

E serviu de exemplo para outros estados, certo?

Sim. Foi um marco para o que se pensa de Justiça. Pela primeira vez na história, um juiz foi fazer uma audiência no meio da rua. Os funcionários ficavam animados com aquilo, chegaram a virar a noite.

Houve um jogo do Flamengo, em Cariacica, que tiveram vários acidentes. O juiz e os funcionários passaram a noite atuando e só saíram de lá às 8 horas do dia seguinte, após decidirem o último caso.

Lembro também que, pela primeira vez na tarde do dia de Natal, estava em Camburi um juiz dentro da Kombi, com os funcionários fazendo audiência. Nunca soube de algo assim, e eles faziam isso sem ganhar hora extra ou gratificação. Faziam por amor à causa e para que aquele serviço funcionasse.

A sentença saía na hora?

Olha, tem algo também muito inovador. Pela primeira vez, foi usado um programa de computador com arquitetura baseada em redes neurais — que hoje as pessoas chamam de inteligência artificial. Isso foi mostrado, na época, no Programa do Jô, porque era uma inovação brutal.

Hoje, a Justiça Volante passou por modificação e não vai para a rua. Como vê a mudança?

Não percamos de vista que há um legado, um serviço importante para toda a população. Mas falo com tristeza sobre essas mudanças.

Começaram buscando inviabilizar o projeto, negando desde o reparo da viatura até o abastecimento. Somente não conseguiram porque juízes e servidores arcaram com despesas. Depois, decidiu-se proibir a ida dos juízes às ruas.

Apesar de tudo, por conta da força de vontade de muitos idealistas, o projeto ainda existe e funciona. E eis aí algo a ser relembrado e comemorado.

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