“Dá para deixar a casa chique sem gastar uma fortuna”, diz arquiteto
Para o especialista, segredo para uma casa confortável e bela é autoconhecimento, se sentir pertencente ao lar e criatividade
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Construir um lar confortável, acolhedor e charmoso é, sem dúvida, uma forma de conquistar mais qualidade de vida. O segredo, contudo, não está no dinheiro: para o arquiteto, curador e consultor de design, arquitetura e estilo Marcelo Lima, ter dinheiro não significa necessariamente ter bom gosto.
Além disso, ele acredita que não é necessário gastar uma fortuna para deixar o ambiente chique.
Em entrevista ao jornal A Tribuna, o especialista reforça que o segredo para uma casa confortável e bela é autoconhecimento, se sentir pertencente ao lar e criatividade e, nem sempre, é preciso muito dinheiro para isso.
A Tribuna – É possível deixar a casa chique sem gastar uma fortuna?
Marcelo Lima – Sim, sempre. Quanto mais sua casa for um reflexo seu, espelhar o que você é, mais chique ela será. Portanto, mãos à obra!
- A população, em geral, tem um imaginário de que tornar a casa mais confortável depende apenas de dinheiro. É possível construir conforto de forma mais acessível?
Essa ideia é completamente falsa. Obviamente, desde que em uma construção salubre, precisamos de muito pouco para nos sentirmos confortáveis. Ar puro, luz, às vezes sombra, plantas, um leito limpo e confortável e uma boa ducha. É isso que qualquer um deveria observar ao montar uma casa. Isso merece atenção e gastos. Todo o resto vem depois – e se vier, porque nem sempre é necessário.
- Ter dinheiro é sempre sinônimo de ter bom gosto?
Infelizmente, a realidade tem provado justamente o contrário. Ter dinheiro não significa ter bom gosto. O que se convencionou chamar de bom gosto é apenas uma forma de convencer a todos a se comportarem da mesma maneira e consumirem o que se quer vender mais. O correto seria falar de estilo, o que nos faz únicos e interessantes, mas, também, nesse caso, não tem a ver com dinheiro.
- O que não pode faltar em um projeto para tornar um lar mais confortável?
Autoconhecimento. Sua casa refletindo o que você é. Só assim ela será confortável para quem interessa – no caso, você e os seus.
- A integração da casa com a natureza parece um conceito em alta para os projetos. É uma necessidade de respiro em meio à turbulência urbana?
É uma das principais estratégias para tornar a casa mais confortável. O que me espanta é que a biofilia (amor às coisas vivas) como recurso sempre esteve ao nosso alcance e precisou de uma pandemia para nos darmos conta disso.
- Quais as novidades para tornar a casa confortável em 2024?
Em termos de integração entre áreas internas e externas, sem dúvida, a emergência de móveis cada vez mais 'anfíbios' e resistentes, em condições de estar tanto dentro quanto fora das casas.
- Certa vez, li uma fala de um sociólogo sobre os dilemas éticos da arquitetura hostil. Quais são as implicações deles?
Você se refere a uma arquitetura sem acessibilidade garantida. Na prática, é uma forma de exclusão, porém mais movida por descaso com os menos habilitados e por preocupação em economizar do que por uma real intenção por parte dos construtores. Felizmente, essa realidade vem mudando.
- Com o envelhecimento da população, os projetos serão mais adaptados aos idosos?
Essa é uma preocupação que já integra numerosos projetos. Nessa questão, o futuro já chegou.
- O brasileiro ainda associa os serviços de arquiteto a algo inacessível ou isso tem mudado?
Isso tem mudado muito com a internet, que ampliou o acesso à informação. Além disso, há um crescimento da consciência de que o design de interiores não é algo supérfluo, voltado para a diferenciação social, mas, sim, um conjunto de técnicas capazes de fazer você viver melhor.
Perfil
Marcelo Lima é arquiteto, curador, jornalista e consultor especializado em design, arquitetura e estilo. É formado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo (USP).
Acumula mais de 20 anos de participações ininterruptas na cobertura do Salão do Móvel de Milão. Foi um dos maiores promotores do Brasil no evento.
Foi responsável, durante nove anos, pela coluna de Decoração e Estilo do jornal Folha de São Paulo.
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