Cuidados na hora da diversão: águas rasas e calmas podem ser um perigo
Capitã do Corpo de Bombeiros, Gabriela Andrade fala sobre os riscos
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Com a chegada do verão, os dias quentes favorecem passeios mais frequentes à praia com a família e os amigos. Se engana, no entanto, quem pensa que a tranquilidade das águas evita perigos: de acordo com especialistas, afogamentos e outros acidentes são até mais frequentes nesses tipos de locais.
Lugares de aparente tranquilidade passam uma falsa sensação de segurança e favorecem a exposição de banhistas a riscos, alerta a capitã Gabriela Andrade de Carvalho, do Corpo de Bombeiros Militar do Estado (CBMES). A especialista reitera que há como se prevenir e curtir o verão com segurança.
“Uma pessoa que não sabe nadar normalmente vai à praia e, ao ver a correnteza e a ondulação, pensa ‘não dá para mim, não’. Já na aparente tranquilidade das águas calmas, ela se expõe e pode até mesmo se afogar. O alerta é maior ainda em locais de água doce, que é onde mais ocorrem mortes por afogamento”.
Atenta às orientações de segurança, a dona de casa Mariele Oliveira, de 25 anos, toma todos os cuidados possíveis para garantir a diversão da filha Hevelyn, de 5 anos.
“Costumamos frequentar a Curva da Jurema e sempre que minha filha vai ao mar, fico muito próxima. Quando saímos de casa, também converso e explico os perigos. O mar não é tão agitado no lugar que ficamos, mas isso engana. As famílias precisam redobrar a atenção aos cuidados, principalmente no verão”.
Antecipação, proatividade e educação aos banhistas fazem parte da rotina do salva-vidas José Luiz Antunes na Curva da Jurema, em Vitória. Todos os verões, infelizmente, ele conta que presencia afogamentos na região. O salva-vidas faz orientações às famílias para os dias de praia.
“Vir à praia, principalmente com crianças, exige cuidados. Converse com seu filho antes de sair de casa, entre no mar ao lado dele e converse com os salva-vidas para conhecer os pontos seguros para banho. Vejo muitas famílias que começam a beber e esquecem de vigiar as crianças. Isso não pode acontecer”.
As pedras das praias também podem representar perigos significativos, enfatiza o tenente Flávio Cirino, oficial de operações do Corpo de Bombeiros. “A superfície rochosa escorregadia pode causar quedas, especialmente em locais com corrente de retorno, resultando em afogamentos”.
Dicas de segurança
Cachoeiras
Evite ir à cachoeira em dias de chuva. Antes de sair de casa, certifique-se de olhar a previsão do tempo. Se o tempo fechar, fique em alerta e evite ficar próximo à água. Caso comece a chover, o volume de água pode aumentar e surpreender os banhistas próximos à correnteza.
Reforce a atenção às rochas de cachoeiras. Elas são escorregadias e, por isso, podem favorecer quedas. As rochas são tão arriscadas que, em caso de queda, podem causar sérios machucados.
Nunca pule de pedras, principalmente se forem altas. Por mais que os poços pareçam profundos, o solo das cachoeiras muda em razão do deslocamento de pedras. Há casos de pessoas que não sobrevivem às lesões e traumas causados pela prática de pular de pedras em cachoeiras.
Prefira cachoeiras com placas de sinalização. Em geral, elas ficam em parques e são mais visitadas.
Trilhas
Durante as trilhas, é importante tomar cuidado para não se perder, principalmente se a mata for fechada. Sempre conheça o percurso, o grau de dificuldade e caminhe em grupos de, pelo menos, cinco pessoas. As pessoas mais lentas devem sempre ir à frente, enquanto os outros seguem o ritmo.
Nas descidas muito íngremes, é melhor descer de frente para o morro, apoiando-se em árvores ou em raízes, olhando entre as pernas para ver onde pisa. Para evitar quedas nas subidas, preste atenção no pé que serve de apoio.
Evite montar barracas muito próximo às margens de rios e lagos, pois se ocorrerem fortes chuvas, poderá haver inundações. A escolha de um bom local para montar a barraca é essencial. Repare se o terreno é plano e procure não montar a barraca debaixo das árvores, pois podem cair galhos se houver fortes ventos e, além disso, a árvore é um pára-raios natural.
Sempre carregue um cantil para água, uma mochila pequena para levar lanches, frutas e barras de cereal, um estojo de primeiros socorros, uma lanterna e sacos plásticos para depositar o lixo.
Fonte: Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Espírito Santo (CBMES) e especialistas consultados.
Cuidados em família
Evitar locais e horários de pouco movimento, buscar orientações de profissionais para a segurança nos passeios, usar protetor solar e sempre estar ao lado das filhas, Livia e Clara, são alguns dos cuidados do servidor público Darcy Pelissari e da cirurgiã-dentista Janaina Melo.
Para o casal, o verão é a temporada perfeita para fazer passeios em família, mas é preciso reforçar a atenção e os cuidados relativos à segurança, principalmente das crianças.
“Adoramos ir às praias, passear no calçadão, viajar, correr, nadar, praticar mergulho e stand-up paddle. Em todas as atividades que fazemos, tomamos cuidados para garantir a segurança de todos, principalmente no verão”, diz ele.
Atividades em grupo
Trilhas e dias de praia são os passeios preferidos da família Tommaso. O empresário Nilson Di Tommaso Filho, 56, a consultora e mentora Fabíola Di Tommaso, 46, a advogada Mariana Di Tommaso, 29, e o estudante Pedro Di Tommaso, 13, viajam o Estado e o País em busca de aventuras.
Entre os cuidados de segurança da família, estão a verificação de indicações de placas, a escolha de pontos próximos aos salva-vidas, o uso de protetor solar e a opção por fazer as atividades em grupo, além de boas roupas e tênis para as trilhas.
“No verão, evitamos ir à praia em horários de pico de público. Já nas trilhas, carregamos apenas o necessário e sempre andamos juntos”.
Casos famosos
Queda nas cataratas
Um turista canadense de 60 anos morreu ao cair de um corrimão de proteção das Cataratas do Iguaçu, na Argentina. Ele subiu no corrimão para fazer uma selfie, se desequilibrou e caiu em um dos rios. O corpo foi encontrado próximo a uma ponte, na fronteira.
Escorregão em pedra
Uma mulher escorregou e bateu a cabeça em uma pedra na Praia do Morro, em Guarapari. O caso aconteceu em 2022, próximo à estátua do Marlim Azul, um dos cartões postais do balneário capixaba. O local tinha uma placa de indicação sinalizando o risco de queda.
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