Colecionador tem até disco raro achado no lixo
LP da Madonna é o queridinho de Charles Vasarhelyi, de 61 anos, que possui um acervo com mais de 40 mil itens variados
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O aposentado Charles Vasarhelyi, de 61 anos, tem uma coleção com mais de 40 mil itens. Entre máquinas antigas, revistas, chaveiros, bonés, selos, aparelhos de som e caixas de fósforo, sua paixão mesmo são os discos de vinil, que ele diz ter mais de 20 mil.
Segundo Charles, que se destaca entre colecionadores de todo o Estado e até do País, objetos preciosos não faltam em sua coleção, mas ele cita um LP da Madonna como um dos mais raros, porque ele o encontrou no lixo.
“Gosto e tenho apreço por tudo, mas o LP da Madonna se destaca porque ele foi lançado já com limite de tiragem. Soube que esse LP nem foi lançado no Brasil e o encontrei num lixo na rua”.
Charles disse que a paixão por colecionar itens veio dos pais. De acordo com ele, a mãe trabalhava no Ministério do Trabalho e ganhava brindes de empresas e os levava para casa.
Já o pai fazia coleção de selos e ele, aos 25 anos, passou em um concurso para trabalhar nos Correios, onde se aposentou. “Meu pai já colecionava selos e peguei amor também. Anos mais tarde, por ironia do destino, entrei para trabalhar nos Correios”.
O aposentado disse também que faz questão de desfrutar desse acervo que, segundo ele, reúne praticamente todos os gêneros musicais e que representa a história musical do Brasil e do mundo.
“Tenho discos de praticamente todos os artistas do Brasil, os mais conhecidos do mundo também. Tenho um dos Beatles que é raro e outro raro do Bob Marley. Foram lançados com pouca tiragem”.
Charles conta que guarda todos os itens em sua casa e no terraço. “Quando recebo amigos em casa, eles ficam bobos. Nunca fui de mostrar e falar muito das minhas coleções. Prefiro colecionar para mim somente. Às vezes ponho alguns objetos em exposições”.
O colecionador disse que participa de exposições por todo o País e que se espelha nos colegas Zero Freitas, Valdir Siqueira e Miguel Bragioni Lima Coelho, que também colecionam discos. “Todos eles são grandes colecionadores”.
Já sobre os investimentos, ele disse que nunca parou para calcular quanto investiu em sua coleção com mais de 40 mil itens. Segundo ele, vários objetos são de doações.
Casa alugada para abrigar peças
Amigo do colecionador capixaba Charles Vasarhelyi, o paulista Miguel Bragioni Lima Coelho, 39 anos, sempre gostou de música.
Aos 11 anos, conheceu os discos de 78 rotações e se encantou pela música brasileira. Começava ali um amor pelo material fonográfico que já dura 28 anos e que reúne um acervo com mais de 150 mil discos.
Em 2020, o colecionador chegou a alugar uma casa para guardar as raridades nacionais e internacionais. “O valor histórico de cada disco permeia o infinito”, disse Coelho. Segundo ele, 95% da coleção está guardada no local. “Na minha casa tenho uns 10 mil para ouvir e mexer”.
Miguel explicou que seu objetivo é preservar a discografia brasileira dos 78 rpm (rotações por minuto), que foram os primeiros discos do Brasil comercializados entre 1902 e 1964, até o surgimento do LP.
“Durante esse período, o Brasil produziu em torno de 35 mil discos em 78 rpm. Hoje, a minha coleção tem quase 21 mil. Faltam 14 mil, é um desafio”.
Os discos preferidos são os das músicas da década de 30. Para ele, a época simboliza a era de ouro da música popular brasileira.
Seu artista preferido é Francisco Alves, rei da voz do Brasil e o cantor que mais gravou discos no País. O colecionador também gosta de música argentina, jazz norte-americano e inglês, canções napolitanas e fados.
Os primeiros discos adquiridos foram dos caipiras Tonico e Tinoco e da dupla Vieira e Vieirinha.
Brasileiro é dono do maior acervo de vinis do mundo
Colega de Charles Vasarhelyi, o paulista e empresário Zero Freitas, 71 anos, possui uma coleção com cerca de 8 milhões de vinis e por isso é considerado pela mídia o maior colecionador dos objetos do mundo.
O mais inacreditável, segundo ele, é que apenas 5% deles foram catalogados. Ou seja, o próprio dono da coleção conhece só o “topo de uma montanha”.
Até hoje, Freitas brinca que não tem certeza se é o maior do mundo. “Sempre acho que pode ter alguém com mais. Na Índia, você tropeça em discos. No Egito também”, diz o empresário.
Fato é que o ritmo de catalogação caiu bastante pouco antes da pandemia. A equipe de 20 pessoas, incluindo 16 estagiários, é formada agora pelos quatro funcionários fixos, que trabalham em um galpão na zona leste de São Paulo. Lá está a maioria dos vinis. Em casa, Freitas conta com “apenas” 100 mil.
A paixão pelos discos começou na infância e ganhou um empurrão quando o pai comprou uma vitrola de um amigo. No pacote, um carrinho de ferro com 200 LPs.
A primeira mesada, aos 10 anos, também teve destino certo. “Fui a uma loja e comprei Beatles e Roberto Carlos”.
Aposentado pagou R$ 500 por obra
O aposentado carioca Valdir de Almeida Siqueira, 67 anos, tem mais de 30 mil compactos e discos de 78 rotações catalogados e em prateleiras nos cômodos de sua casa, no bairro Mangueira, em São Gonçalo.
“Eu coleciono Jovem Guarda, Bossa Nova, um pouco de tudo. Mas tenho muitos discos de novelas, porque são uma espécie de revista do que foi sucesso naquele ano. As trilhas funcionam como um documento”, disse Siqueira.
Ele conta que, aos 12 anos, já anotava os discos que queria ter em casa. “Eu pensava: 'ainda vou ter isso'”, lembra.
Aos 19 anos, começou a gastar parte de seu salário para realizar o sonho. “Hoje, acho que tenho 90% daquilo que eu desejava”, calcula ele, dono de uma coleção de 30 mil vinis e mais de 6 mil CDs.
Siqueira disse que nunca foi rico. Trabalhou e se aposentou como técnico de telefonia e mora em São Gonçalo, na região metropolitana do Rio. Mas, segundo ele, isso não o impediu de fazer loucuras como pagar R$ 500 pelo LP “Gerson King Combo e a Turma do Soul”, de 1970. “É muito raro”, justifica.
Nas estantes das novelas, ele se orgulha de ter alguns discos bastante cobiçados, como “Pigmalião 70” (1970), “O Rebu” e o compacto triplo (seis faixas) de “Escrava Isaura”.
“Já vi esse compacto por R$ 300 em feiras”, conta ele, que não perde a feira trimestral da rua Augusta, em São Paulo.
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