Censo do IBGE: Vitória é a cidade com mais mulheres
No levantamento anterior, de 2010, a parcela feminina representava 51,03% do total
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O Espírito Santo tem 1,96 milhão de mulheres, o que representa uma fatia de 51,2% da população. Já os homens são 48,5% do total, segundo dados do recorte de sexo do Censo Demográfico 2022.
A pesquisa aponta que, em números absolutos, o Estado tem 93,5 mil mulheres a mais do que homens. Os municípios com maiores percentuais de população feminina são: Vitória (53,7%), Bom Jesus do Norte (52,8 4%), Cariacica (51,8%) e Vila Velha (51,8%).
Mas nem todas as cidades vivem a mesma realidade. Ao todo, 27 municípios do Estado ainda têm mais homens, sendo Santa Leopoldina e São Domingos do Norte os com maiores proporções.
No cenário nacional, as mulheres também são maioria (51,5%).
Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ainda apontam que a população feminina vem crescendo ao longo dos últimos 40 anos, como mostram edições anteriores do Censo desde 1980.
No levantamento anterior, de 2010, a parcela feminina representava 51,03% do total. Antes disso, em 2000, somava 50,8%.
A proporção de homens na população é maior do nascimento até os 24 anos, e é superada pela de mulheres a partir da faixa etária de 25 a 29 anos.
A situação, segundo o IBGE, se deve ao nascimento de mais crianças do sexo masculino. Ao longo da vida, porém, homens jovens tendem a morrer mais por causas externas – como violência e acidentes de trânsito, por exemplo.
Além de estarem em maior número na população, dados divulgados em outras pesquisas do IBGE ainda apontam que as mulheres vivem, em média, 7,5 anos a mais do que os homens.
O presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia, seccional do Espírito Santo, Alexandre Constantino de Santana, pontuou que o fenômeno da feminização do envelhecimento é bem estabelecido em diversos países desenvolvidos que já alcançaram proporções elevadas de pessoas idosas nas últimas décadas.
“De fato, os aspectos sociais e principalmente os comportamentais são os mais importantes para justificar uma maior expectativa de vida entre as mulheres, e não apenas fatores genéticos ligados aos cromossomos X ou Y”, salientou.
Passeios e dança para vencer a solidão
No ranking dos municípios, Vila Velha se destaca como a quarta cidade com maior número de mulheres: quase 52% da população é feminina, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Nascida em Conceição do Castelo, a economista e servidora pública aposentada Irene Bossois, 68 anos, mudou-se para Vila Velha aos 14 anos.
Hoje, ela fala dos desafios diários para quem tem mais de 60 anos, entre os quais questões econômicas, já que a renda cai ao se aposentar e os custos aumentam muito.
Outro desafio que ela pontua é se manter ativa fisicamente e intelectualmente. Ela, por exemplo, voltou para a sala de aula e cursa Direito.
O terceiro desafio é vencer a solidão. Para isso, ela não abre mão de passear, dançar, ver pessoas e ir à igreja aos domingos.
OPINIÕES
Preconceito
“Os desafios para as pessoas idosas são vários, inclusive mesmo não sendo mais minoria, ainda sofrem preconceito pela idade, o ageísmo ou idadismo.
Se queremos uma sociedade que respeite mais os idosos, as mudanças devem começar por nós mesmos, que felizmente temos chances cada vez maiores de nos tornarmos pessoas idosas. Os desafios para os políticos também são enormes”.
Torná-lo visível
“Um dos maiores desafios para o idoso é torná-lo visível para a sociedade, reconhecer a sua capacidade de produzir, de consumir. O mercado precisa enxergar as pessoas que têm mais de 60 anos, assim como o poder público. Não se pode confundir a limitação física de um idoso com a sua capacidade intelectual.
É preciso acabar com o preconceito em relação à idade e achar que o aposentado é incapaz.
Pelo contrário, eles precisam ser vistos como consumidor e podem até ajudar a aquecer a economia”.
Forma acelerada
“O envelhecimento no Brasil ocorre de forma acelerada, como mostram dados divulgados pelo IBGE. É um dos países que mais rápido envelhece no mundo, já que os países desenvolvidos já envelheceram.
As mulheres vivem mais. Parece que se cuidam mais, procuram os médicos mais precocemente. Já os homens vão pouco ao médico e ainda têm hábitos nocivos como tabagismo e se envolvem em acidentes de trânsito”.
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