Cirurgia robótica reduz risco de sequelas na vida sexual
Por sua alta precisão, técnica utilizada para tratar câncer de próstata consegue preservar os nervos que controlam a ereção
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Hoje começa oficialmente em todo o País a campanha Novembro Azul, de conscientização e prevenção do câncer de próstata, que é o segundo mais comum entre os homens, atrás apenas do câncer de pele não melanoma.
Um dos medos dos homens em tratar esse tipo de tumor envolve a vida sexual. Porém, entre os vários tratamentos para a doença está a cirurgia robótica, considerada uma das técnicas mais avançadas, que reduz o risco de disfunção erétil, popularmente conhecida como impotência sexual.
“A cirurgia robótica diminui esse risco porque permite que seja feita uma técnica diferenciada, que consegue preservar melhor os nervos que fazem a ereção”, explica o urologista Henrique Barbosa de Menezes, da Urovitória.
Henrique destaca que a cirurgia tem como grande vantagem, além da redução do risco de disfunção erétil, minimizar os efeitos colaterais funcionais, como a incontinência urinária.
O urologista Felipe Merlo Magioni, da Rede Meridional, explica que, na prostatectomia radical (cirurgia de remoção da próstata) auxiliada por robô, é removida a glândula, por meio de pequenos cortes com o auxílio de imagem tridimensional e ampliação do campo de visão.
“Assim, o cirurgião consegue melhor visualização de toda a anatomia da próstata e preservação de estruturas fundamentais para a manutenção da continência urinária e da função erétil”, destaca.
O urologista Cláudio Borges, da Rede Meridional e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, ressalta que a técnica dá ainda uma amplitude de movimento maior que a mão humana.
“A vantagem dessa cirurgia é que o homem tem uma recuperação muito mais rápida e o tempo de ele ficar com a sonda é menor. Ele opera em um dia e no outro está em casa”.
O médico afirma ainda que o procedimento reduz a necessidade de transfusão sanguínea. “A cirurgia robótica é o que temos de mais novo para o tratamento da doença localizada. Há também um filtro de tremor no robô, natural do ser humano, que ele filtra e elimina”.
20% dos homens recusam exame de toque retalPara o triênio 2023-2025, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 71,7 mil novos casos de câncer de próstata no País.
A investigação para este tipo de tumor se dá pelo exame de toque retal e pelo exame Antígeno Prostático Específico, o PSA. Porém, 20% dos homens se recusam a realizar o exame de toque retal.
“Esses dados, em relação ao preconceito e rejeição ao exame, são de uma pesquisa feita no início dos anos 2000, mostrando que até 20% dos homens se recusavam fazer o exame do toque retal”, destaca o urologista do Hospital Evangélico de Vila Velha, Rodrigo Tristão.
O médico ressalta, porém, que o comportamento dos homens tem mudado. “É importante enfatizar com os homens a importância da realização do exame do toque, porque, apesar do exame do PSA, que é um exame de sangue, ser muito importante também, alguns tumores não vão causar alteração do PSA e o exame do toque é fundamental para o diagnóstico precoce da patologia”, alerta.
Rodrigo explica que o PSA é uma substância dosada na corrente sanguínea, que pode estar aumentada por diversas situações, entre elas o câncer de próstata.
“Além do PSA, com o exame do toque retal, o médico observa o tamanho da próstata, a consistência e a presença de nódulos prostáticos. Por meio dos dois exames, o médico avalia se o paciente tem algum problema e pode solicitar outros exames. Mas o diagnóstico mesmo é feito pela biópsia”.
O urologista Cláudio Borges pontua que o melhor é fazer o exame de sangue e o toque retal.
“Mas, aqueles homens que têm preconceito e se recusam a fazer o exame de toque, ainda assim devem procurar o urologista para fazer o exame de sangue. Não é tão eficaz, mas nos casos com PSA alto fazemos a biópsia para ver se existe ou não um tumor”.
O urologista Henrique Barbosa de Menezes alerta que o câncer de próstata costuma ser silencioso, ou seja, sem a presença de sintomas.
“Quando ele começa a causar sintomas, é porque já está mais avançado. Por isso a importância de fazer o rastreio, com os exames de toque e com o PSA. Quando está mais avançado, tem como sintomas sangramento na urina e no sêmen, dor para urinar, insuficiência renal, e dor óssea e no quadril quando já se tem metástase”.
SAIBA MAIS
Câncer de próstata
> No Brasil, o câncer de próstata é o segundo tipo de tumor mais incidente na população masculina em todas as regiões do País, atrás apenas dos tumores de pele não melanoma. Atualmente, é a segunda causa de morte por câncer nesse público, segundo o Ministério da Saúde.
Casos
> Para o triênio 2023-2025, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) estima 71,7 mil novos casos por ano no País.
Fatores de risco
> Entre os principais fatores de risco, estão a idade (incidência e mortalidade aumentam significativamente após os 60 anos), o histórico familiar (pai ou irmão com câncer de próstata antes dos 60 anos) e a alimentação (sobrepeso e obesidade).
> A Organização Mundial da Saúde (OMS) destaca ações e mudanças de hábitos que ajudam a reduzir os fatores de risco, como controle do tabaco, prevenção ao uso do álcool, prática de atividade física, alimentação saudável, combate ao sedentarismo e à obesidade, dentre outros.
Sinais
> Na fase inicial, o câncer de próstata não costuma apresentar sintomas. Eles geralmente aparecem em estágios mais avançados da doença, mas muitas vezes se confundem com os sintomas de outras doenças da próstata e do aparelho urinário, como dificuldade de urinar, diminuição do jato de urina, sangue na urina e/ou sêmen, necessidade de urinar mais vezes durante o dia ou à noite.
Fazer o exame de toque retal ainda é necessário?
> Sim, muitos diagnósticos de câncer de próstata são feitos a partir de alterações na consistência dessa glândula. Além disso, também é recomendado em conjunto fazer o exame de PSA, o Antígeno Prostático Específico. A confirmação da doença é feita por meio de biópsia.
Tratamento
> Cirurgia, radioterapia, cirurgia em combinação com tratamento hormonal e até mesmo observação vigilante (em algumas situações especiais) podem ser oferecidos.
> A cirurgia robótica é uma das técnicas mais novas e com redução de sequelas.
Fonte: Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Urologia e médicos consultados.
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