Ataques de cães assustam moradores nos bairros
Somente nos últimos 10 dias foram quatro episódios na Grande Vitória. Já em Vila Velha, no prazo de um mês, foram cinco casos
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Como faz todos os dias, um auxiliar de corretora de seguros, de 30 anos, levou o seu cachorro Loki, da raça Border Collie, para passear na orla de Itaparica, em Vila Velha.
Só que quando se preparava para retornar para casa, os dois foram atacados por um cachorro da raça American Bully, que estava sem coleira e focinheira, dando início a um verdadeiro pesadelo, como descreve a vítima, que levou várias mordidas do animal.
Mas não foi um caso isolado. Ataques preocupam moradores e a deputada Janete de Sá, presidente da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Maus-Tratos contra os Animais, da Assembleia Legislativa do Estado.
Somente nos últimos 10 dias foram quatro casos de cães que atacaram outros animais e até pessoas na Grande Vitória. Em Vila Velha, no prazo de um mês, foram cinco.
“Animal não é só brincadeira e carinho, tem que ter responsabilidade. Criei a lei que originou o Código Estadual de Proteção Animal e o artigo 24-E diz que é obrigatório o uso de coleiras e guias em vias públicas, de acordo com o porte do animal. O poder municipal precisa fiscalizar e aplicar multa administrativa. Os casos poderiam ter sido evitados. A culpa nunca é do animal”, diz a deputada.
Em Vila Velha, o presidente da Associação de Moradores de Coqueiral de Itaparica (Amocit), Leonardo Nascimento, diz que a comunidade está profundamente preocupada com a recente série de ataques ocorridos no bairro.
“Em dezembro de 2023, um idoso foi brutalmente atacado na frente de seu condomínio, causando grave preocupação em toda a região. Infelizmente, esses incidentes continuam a assolar a comunidade e representam uma ameaça séria à segurança e ao bem-estar dos moradores, bem como dos animais de estimação e de quem transita pela área”.
Presidente da Associação de Moradores da Praia de Itapuã, Valdenílson Lima, popularmente conhecido como Neném Lima, recentemente teve que acionar o município depois que quatro cães da raça Rottweiler foram abandonados pelos tutores em uma casa.
“Eles fugiam e assustavam as pessoas. Depois de quatro denúncias, os animais foram recolhidos antes que acontecesse um acidente”
“Achei que iria perder o meu braço”, diz vítima
Se queixando de fortes dores no braço esquerdo, o auxiliar de corretora de seguros, de 30 anos – que ontem foi atacado por um cachorro da raça American Bully, que estava sem coleira e focinheira, na orla de Itaparica, em Vila Velha –, conversou com a reportagem sobre o susto que passou.
A Tribuna- Como foi o ataque?
Auxiliar de corretora de seguros- Estava passeando com o meu cachorro da raça Border Collie. Estávamos nos preparando para voltar para casa, quando fomos atacados por um cachorro da raça American Bully.
A primeira reação que tive foi tentar livrar o meu cachorro. Nisso, o American Bully começou a me atacar, agarrou no meu braço e não soltava por nada.
O seu cachorro ficou ferido?
Felizmente, não. Só eu que fiquei bem machucado. Foram várias mordidas no meu braço esquerdo.
Levou quantos pontos?
Foram muitos, mas não sei quantos. Sinto muita dor. Achei que iria perder o meu braço. O médico disse que por pouco eu não perdi o braço.
Como escapou?
Veio um cara de bicicleta que me ajudou e segurou o cachorro pelas patas traseiras até que o socorro chegasse. Fui levado para o hospital.
O que espera desse caso?
Vim na prefeitura fazer uma denúncia, pois soube que o tutor do cachorro disse que o animal era vigia de obra, mas ele escapou e quase provocou uma tragédia maior. Também vou registrar um boletim de ocorrência na polícia, pois isso não pode ficar impune.
Casos na Grande Vitória
Quatro casos neste mês
- Ontem
Um American Bully atacou um homem e um cão de pequeno porte na orla de Itaparica, em Vila Velha. O cachorro fugiu de uma empresa e foi amarrado por pessoas que passavam no local.
- Dia 16 de fevereiro
Um rottweiler pulou o muro da obra onde estava e atacou uma senhora de 62 anos e o seu Shih-tzu também na orla de Itaparica. Pessoas conseguiram segurar o animal.
- Dia 11 de fevereiro
Um cão da raça Pastor Belga circulava sem coleira com o tutor no centro de Vila Velha, quando atacou um Shih-tzu e acabou matando o animal.
- Dia 9 de fevereiro
Um pitt bull entrou no quintal de uma casa de uma idosa de 79 anos, na Serra, e atacou o cão dela. Ela entrou em desespero. Um vizinho tentou ajudar a separar os animais, mas o cachorro da moradora ficou bastante ferido.
O que diz a lei?
O Código Estadual de Proteção Animal, Lei Estadual nº 8060 de 2005, prevê expressamente em seu artigo 24-E, que é obrigatório o uso de coleiras e guias em vias públicas, de acordo com o porte do animal, como nos casos recentes de ataques de animais de grande porte que estavam sem guia.
Além disso, o Código Civil Brasileiro de 2002, no art. 186, prevê que quem causar prejuízo a alguém tem o dever de indenizar, ou reparar.
O que dizem as prefeituras
Vila Velha
Há regras para animais de médio e grande porte, como destaca Celso Christo, médico veterinário e diretor do Bem-estar Animal do município.
A recomendação é que eles sejam adequadamente contidos em suas residências e se tiverem em locais públicos devem ser conduzidos por maiores de 18 anos com capacidade física para contenção desses animais. Além disso, é preciso ter coleira bem ajustada, guia curta, focinheira.
Denúncias podem ser feitas à Ouvidoria pelo número 162 e registrar a ocorrência, com endereço exato.
Quando a infração se transforma em multa, varia de R$ 800 a cerca de R$ 30 mil, dependendo da gravidade.
No caso de ontem, o proprietário será autuado, mas terá um prazo de 15 a 30 dias para se manifestar. Ele disse que o animal fugiu porque tentaram entrar na sua empresa.
Vitória
Cães podem circular em áreas públicas, desde que respeitando a Lei Municipal n° 8121/2011, que estabelece as normas que tutores de animais domésticos devem seguir para o bem-estar animal e convívio com humanos.
Animais domésticos precisam estar com coleira e guia adequadas ao seu tamanho e porte, além de ser conduzido por pessoas com idade e força suficiente para controlar o animal.
O não cumprimento das regras é passível de multa de até R$ 2 mil, além das sanções penais cabíveis.
Os moradores podem contribuir com a fiscalização, acionando o Fala Vitória 156 para fazer a denúncia ou reclamação no momento que verificar a irregularidade.
Serra
O município conta com a Lei 2228/99 que prevê regras sobre a circulação de animais em locais públicos. Entre as proibições estão sair com os animais, sobretudo de raças de porte grande, acompanhado por menores de 16 anos ou incapaz de controlá-lo; passear com o animal sem guia, coleira e focinheira.
No caso de descumprimento, a pena pode ir desde advertência à apreensão do animal, conforme o caso. O telefone para denúncias é o 99951-2321.
A pena de multa varia de R$ 100 a R$ 60 mil e será graduada de acordo com a gravidade da infração e a condição econômica do infrator.
Cariacica
Cães de médio e grande porte de guarda ou policiais, ou ainda, animais agressivos, independentemente do seu porte, deverão estar com focinheira capaz de impedir a mordedura. Denúncias na Ouvidoria (162).
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