Acidentes com bikes elétricas estão mais graves e vítimas vão parar até na UTI
Incidentes envolvem tanto os condutores quanto pedestres, que acabam sendo atingidos de forma violenta pelos veículos

Elas se multiplicaram nas vias públicas: as bicicletas elétricas viraram febre entre jovens, adolescentes e até adultos. Fáceis de usar, rápidas e acessíveis, estão em toda parte. Mas, junto com essa popularidade, vem um alerta: os acidentes estão cada vez mais graves e há até vítimas internadas em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) no Estado.
Recentemente, um estudante de 15 anos sofreu um acidente em Jardim Camburi, Vitória, quando seguia para a escola de bicicleta elétrica. Ele colidiu com um veículo ao fazer uma curva.
Com lesões na coluna, o adolescente foi socorrido para o Hospital São Lucas e, posteriormente, transferido para um hospital particular, onde está entubado.
No último dia 4, Bernard Costa, 14 anos, se chocou contra um muro quando descia por uma ladeira, no bairro Noemia Vitali, em Colatina, no Noroeste do Estado. Ele segue em coma.
À reportagem, seu pai, o advogado Pedro Costa, contou que Bernard e o irmão, que são gêmeos, ganharam uma bike elétrica de aniversário, comemorado no dia 1º de outubro.
Mas no sábado (dia 4) ele deixou a bike dele na garagem e pegou uma de um amigo que, apesar de ter a mesma idade, é menor e mais magro. “Só que a bike elétrica do amigo só tinha um freio funcionando. Infelizmente, ele estava sem o capacete”, contou o pai.
Na manhã da última quinta-feira, uma idosa de 82 anos foi atingida por uma bicicleta elétrica, na Enseada do Suá, em Vitória. O condutor trafegava na contramão, segundo testemunhas.
Com o impacto, a idosa caiu no chão, sofreu uma fratura no quadril, precisou levar mais de 30 pontos na perna e precisou passar por uma cirurgia.
Já no dia 29 de setembro, um homem foi atropelado por uma bicicleta elétrica enquanto caminhava pela manhã na orla da Praia de Itapuã, em Vila Velha. A vítima ficou ferida e precisou ser encaminhada a um hospital particular.
Segundo o especialista em segurança viária, capitão Anthony Moraes Costa, o número de acidentes desse tipo – aliado à imprudência de condutores – tem sido crescente, principalmente devido ao aumento da frota de bikes elétricas e autopropelidos (com acelerador), cujos usuários muitas vezes trafegam de forma irregular e se expõem ao risco de colisão e atropelamento.
Pedestres cobram mais segurança
Pedestres que utilizam calçadões e praças para caminhar denunciam que têm disputado espaço com as bikes elétricas.
Ronaldo Lyrio Rocha, 84 anos, diz que enfrenta essa realidade nas suas caminhadas na Praia do Canto, em Vitória, entre as praças dos Namorados, Desejos e Ciência.
“Tem ficado cada vez mais difícil praticar exercício físico, pois o número de bicicletas elétricas no local é crescente. O problema é que lá não há ciclovias, como em outros lugares, então as bikes passam em alta velocidade, muito próximas dos pedestres”, apontou o aposentado.
“Precisamos de mais fiscalização e ciclovias, pois eles não andam pela via urbana, do lado direito, como deveriam. Daqui a pouco o pedestre terá que andar com capacete e retrovisor para evitar atropelamentos”, lamentou Ronaldo.
Uma aposentada de 83 anos, que pediu para não ser identificada, disse que está “insuportável” caminhar na região. “A gente anda olhando para todos os lados, como se fosse atravessar no meio dos carros, por receio de sermos atropelados”.
O fisioterapeuta Devanir Cintra é contra o uso de bicicletas elétricas em calçadas e vias compartilhadas com pedestres, sobretudo quando pilotadas por crianças e adolescentes, já que não têm experiência de trânsito e consciência das regras.
“Acredito em um milagre”, diz pai de adolescente em coma

Todos os dias, por duas vezes, o advogado Pedro Costa vai no hospital, em Colatina, visitar o filho, e segue confiante de que Bernard Costa, de 14 anos, sairá do coma e voltar para casa bem.
Pedro conversou com a reportagem e atualizou o estado de saúde do filho, que sofreu um acidente no último dia 4.
A Tribuna Como o seu filho está? O senhor percebe alguma evolução, mesmo que pequena?
Pedro Costa - Pouca, mas a gente vê, sim. A gente percebe pequenos sinais. Por exemplo, às vezes, ele fica com os olhos meio abertos, tem alguns movimentos de braço, de perna, mas ainda não está completamente acordado.
Os médicos dizem o quê?
Os médicos dizem que é uma questão de tempo. Hoje (ontem) mesmo conversei com um neurologista amigo meu, e ele me disse: “Pedro, é tempo. Não tem jeito. Tem gente que fica 90 dias e acorda sem nenhuma sequela. Já teve caso de gente que ficou nove meses em coma e acordou no nono mês. Então, não dá para fazer nenhum prognóstico. É esperar mesmo. É um processo muito lento. Cada pessoa reage de uma forma diferente.
A vantagem dele é que é jovem, saudável e forte. A gente está fazendo tudo o que pode. E, acima de tudo, acreditando em Deus. Eu acredito em um milagre.
Outras pessoas, inclusive adolescentes, estão se acidentando com bikes elétricas. Qual a mensagem que o senhor deixa para as pessoas?
Usem os equipamentos de segurança e tenham cautela. O perigo é real, não é brincadeira.
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários