“Susto” com a saúde faz médicos mudarem de vida
Após sofrer infarto e desenvolver sobrepeso, profissionais contam como viraram o jogo e retomaram a saúde

Eles passaram do papel de quem cuida ao de quem precisa ser cuidado e descobriram, na própria fragilidade, um novo olhar sobre a medicina.
Hoje, no Dia do Médico, A Tribuna ouviu histórias de médicos que levaram um “susto” com a própria saúde, mas transformaram o episódio em mudança de vida.
Com 74 anos, o clínico geral Josias Pereira de Aguiar teve uma virada de chave aos 63 anos, depois de passar por um infarto. O episódio mudou sua rotina. Ele conta que entre as mudanças está a redução do estresse e a adoção de uma alimentação mais saudável.

“Além disso, passei a ter um sono de melhor qualidade e a fazer exercício físico. Esse, talvez, seja o remédio número um nesse momento. Faço academia três vezes por semana”.
Com 48 anos de formado, o médico, que atua na MedSênior desde a sua fundação, há 15 anos, segue atendendo quatro vezes por semana. Somente na operadora são mais de 40 mil atendimentos.
"Depois do infarto, reorganizei minha rotina, cuidei da alimentação e comecei a praticar exercícios.", destacou o clínico geral.
Com o infarto, Josias conta que até cogitou parar de trabalhar, mas o amor pela medicina falou mais alto. “Pensei em me aposentar, mas percebi que era cedo demais. Esse trabalho, voltado ao bem envelhecer, me preenche. Enquanto eu estiver bem, quero continuar”.
E por trás de tanta disposição há um segredo: “A medicina, para mim, nunca foi apenas tratar doenças, mas ajudar as pessoas a reencontrarem energia, equilíbrio e propósito”.
“Cada paciente que melhora, que recupera a saúde e volta a sorrir, me lembra por que escolhi essa profissão. É uma missão diária, e continua sendo minha maior fonte de motivação e gratidão”, afirma.
Para a população, o médico dá um conselho. “Cuide do seu corpo como quem cuida de algo sagrado. Invista em prevenção, durma bem, mova-se todos os dias e alimente-se de forma natural. A saúde não é sorte, é resultado de escolhas. Não existe remédio mais poderoso do que o equilíbrio entre mente tranquila, corpo ativo e propósito claro de vida”.
“É um pouco difícil estar como paciente”

Em 2019, com uma filha de 1 ano e enfrentando uma situação de sobrepeso, o médico Diogo Lesqueves Sandoval, cirurgião geral da Rede Meridional, decidiu passar por uma cirurgia bariátrica.
A decisão veio depois de Diogo, hoje com 39 anos, perceber que estava com dificuldades de brincar, cuidar e fazer tarefas do cotidiano com a própria filha.
Apesar de na adolescência ter sido um atleta, após formado, Diogo relata que viu a carga intensa de trabalho e o estresse impactando na qualidade de sua vida, sobretudo no peso.
Apesar de conhecer a equipe que iria operá-lo e conhecer o resultado, estar como paciente nem sempre é algo tão fácil para um médico.
“Às vezes é um pouco difícil estar do outro lado (como paciente), mas, olhando retrospectivamente, achei muito importante para poder entender até mesmo dos detalhes pelos quais os pacientes passam e também para podermos fazer ajustes para melhor nos hospitais e em procedimentos”.
Com a cirurgia, Diogo conta que passou a ter mais ânimo para fazer atividades de lazer e voltar a praticar esporte. “Além disso, agora tenho noites de sono melhores e uma vida, em geral, mais feliz. Com o sobrepeso eu tinha um refluxo horroroso, que me fazia ter engasgos frequentes, além de apneia do sono”, relembra.
Hoje, praticante de musculação, Diogo dá um conselho para quem está enfrentando a obesidade e o sobrepeso.
“Trata-se de uma doença que traz inúmeros problemas. Quando falamos de tratamento dessa doença, estamos falando de anos de vida a mais e com qualidade, além de eliminar várias doenças preveníveis como síndrome metabólica, diabetes e doenças vasculares, tanto do coração quanto de membros inferiores. Há também o ganho estético, que não é o principal motivo, mas não deixa de ser importante”, destaca o cirurgião geral.
O que eles dizem
Valor da profissão

“Neste Dia do Médico, gostaria de deixar uma mensagem que nos é cara em relação ao nosso paciente: cuide da sua saúde! O médico também precisa de cuidados para poder zelar melhor pela saúde do outro. As condições inapropriadas para o exercício da medicina, a sobrecarga de atendimento e a insegurança nas unidades de saúde estão ampliando quadros de ansiedade, depressão e burnout entre os médicos. Espero que as autoridades e os gestores da saúde passem a reconhecer o devido valor da nossa profissão. Parabéns a todos os colegas da medicina!”.
Fernando Tonelli, presidente do CRM-ES
Acolhimento e cuidado

“Essa data é um momento de 'respiro' para que a gente se reconheça como indivíduos e profissionais em meio ao ritmo acelerado da rotina. A sociedade mudou e, com ela, a forma de enxergar o médico. Hoje, muitos acreditam que a tecnologia pode substituí-lo. Mas o médico vai além do conhecimento técnico: acolhe, ouve, agrega e cuida. A sociedade precisa olhar para o médico como o ser humano que ele é, com todas as suas fragilidades, mas, ao mesmo tempo, também com toda a força, com toda a capacidade e como algo insubstituível”.
Letícia Mameri-Trés, psiquiatra e vice-presidente da Associação Médica do Estado
MATÉRIAS RELACIONADAS:




Comentários