Turismo Regenerativo e o novo papel das comunidades de base
Turismo regenerativo propõe colocar a comunidade no centro do desenvolvimento, evitando exploração e impactos predatórios
Leitores do Jornal A Tribuna
Em tempos de COP e da premissa do governo do Espírito Santo na aposta no setor de Turismo para a manutenção da carga tributária, é importantíssimo entendermos o processo de estruturação com vistas ao atendimento ao turista. Acima de tudo, antes de se pensar em desenvolver turismo numa localidade, é necessário possibilitar qualidade de vida para a população local. Nesse sentido, é mais do que necessário trazermos a comunidade para o centro do debate.
Neste momento, entra em ação o conceito de Turismo Regenerativo que, sob um ponto de vista econômico, social, ambiental, educativo, patrimonial e humano, atua de forma a formalizar a sustentabilidade perpetuada por meio do protagonismo daqueles que são os maiores interessados: os moradores do território.
Temos que entender que Turismo Regenerativo é uma prática centrada no lugar, que busca compreender a complexa teia de agentes e elementos que o permeiam. Essa compreensão profunda revela potencialidades locais e permite que a atuação se dê para possibilitar que o lugar as atinja e, consequentemente, se regenere e se perpetue.
Não é algo novo, já que é obrigação dos planejadores e diretriz expressa no artigo 3 do Código de Ética Mundial do Turismo, que exige que isso seja desenvolvido. Mas vemos, em muitos casos, que o protagonismo não é transferido para as comunidades locais e sim aos que chegam para explorar o local, sem possibilitar a devida justiça na transferência de renda.
Existem muitos casos aqui mesmo no Espírito Santo que, como num despertar de um transe, de repente projeta o setor como sendo a solução econômica para conter a perda de receita por conta de reforma tributária. E é aqui que devemos ter o enorme cuidado de não permitir que erros recentes transformem essa corrida numa frustração logo na “largada”.
O paradigma da economia é o maior desafio: como, de uma hora pra outra, dar ao setor de turismo lugar de destaque quando existem outras tão pujantes e consolidadas? Como fazer que as localidades participem sem serem exploradas apenas como mão de obra barata e acessível?
Pode parecer simples, mas a resposta é inserir desde o início do processo a comunidade, que deve ditar se quer ou não que o turismo seja consolidado no território. Caso contrário, deve ser entendido e obedecido de modo a não ocorrer uma abordagem que se traduza em repulsa dos locais ao turista e ao segmento.
Ainda há tempo de se pensar no processo, e torna-se urgente que seja feito de imediato, a fim de evitar casos de turismo predatório e uma capacidade de carga que traga insatisfação e problemas estruturais que conhecemos bem. Nunca é tarde para recomeçar.
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