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TRIBUNA LIVRE

Um olhar sobre o futuro da fé na paisagem moderna

O desafio de manter o sentido do sagrado na arquitetura religiosa contemporânea

Ruan Venturini | 18/12/2025, 12:51 h | Atualizado em 18/12/2025, 12:51
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Leitores do Jornal A Tribuna



          Imagem ilustrativa da imagem Um olhar sobre o futuro da fé na paisagem moderna
Ruan Venturini é arquiteto e urbanista, especialista em arquitetura sacra e espaços litúrgicos e membro suplente do Conselho de Arquitetura e Urbanismo–ES (CAU-ES) |  Foto: Divulgação

Durante séculos, as igrejas foram os grandes marcos das cidades. De longe, bastava avistar uma torre, uma cruz ou uma cúpula para reconhecer onde pulsava a vida comunitária. Esses edifícios não apenas emolduravam a paisagem, eles organizavam o território da fé, tornando visível o encontro entre o céu e a terra. Hoje, o cenário urbano se transformou.

As novas igrejas, muitas vezes discretas e anônimas, perderam aquele protagonismo simbólico que fazia delas referências de fé e identidade. Mas essa mudança não é apenas estética, é também teológica e cultural.

O ponto de virada foi o Concílio Vaticano II, realizado entre 1962 e 1965, um dos momentos mais significativos da história recente da Igreja Católica. O Concílio propôs uma liturgia mais próxima do povo, participativa e comunitária. O altar, antes distante, se aproximou da assembleia. A arquitetura deixou de ser monumental para se tornar mais humana, mais horizontal, mais “casa do povo de Deus”.

Foi uma transformação bela e necessária, mas que, ao longo do tempo, acabou sendo interpretada de forma desigual. Em nome da simplicidade, muitas vezes perdeu-se o sentido do sagrado como experiência estética. O espaço litúrgico, que deveria elevar, passou a se confundir com o comum, deixando de revelar o mistério que abriga.

Nesse contexto, é inspirador olhar para Antoni Gaudí, o arquiteto catalão da Basílica da Sagrada Família, em Barcelona, obra monumental que une fé, arte e técnica em perfeita harmonia. Gaudí, hoje reconhecido pela Igreja como beato, via sua profissão como um ato de devoção. Ele afirmava: “O templo é a única construção digna do homem, pois destina-se a Deus.”

Sua obra transcende o tempo e o território, tornando-se não apenas ícone da Espanha, mas símbolo universal da presença de Deus na cidade moderna. Gaudí compreendeu o que ainda buscamos: que o espaço sagrado não se mede pela altura das paredes, mas pela profundidade espiritual que ele desperta.

Como arquiteto, acredito que vivemos um tempo de reconciliação entre o sagrado e o contemporâneo. A fé continua a precisar de espaço, de forma, de luz e de matéria. Nosso desafio é criar igrejas que, mesmo simples, voltem a falar com a cidade e com o coração humano, edifícios que sejam novamente marcos, não apenas visuais, mas espirituais.

A arquitetura religiosa tem o poder de restaurar a presença do sagrado na paisagem urbana. E talvez o primeiro passo seja redescobrir o que Gaudí sabia tão bem: que construir um templo é, antes de tudo, rezar com as mãos.

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