Remédio contra hipertensão lidera venda nas farmácias
Somente no ano passado foram quase 168 milhões unidades do medicamento losartana vendidas em farmácias de todo o País
Usada para tratar a hipertensão, a losartana é o medicamento genérico mais vendido nas farmácias, segundo levantamento feito pela consultoria IQVIA e a Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos e Biossimilares (PróGenéricos).
Até abril deste ano, foram mais de 56.440.613 caixas vendidas em todo o País. E no ano passado foram 167.292.878 unidades comercializadas.
No Estado, farmacêuticos também afirmam que as vendas do medicamento são expressivas. A farmacêutica Nayara Santos, por exemplo, confirma a grande procura pelo medicamento. Ela conta que na farmácia onde trabalha, na Extra Popular, de Jardim Camburi, a losartana é o remédio que mais é vendido. Para ela, isso acontece, principalmente, pelo preço mais acessível que o produto tem.
O cardiologista Diogo Barreto, professor da Multivix, aponta que o remédio é a primeira escolha no tratamento da pressão alta, por ser bem tolerado e com poucos efeitos colaterais. Diogo destaca também que os diagnósticos de hipertensão têm aumentado pelo acesso que a população está tendo a médicos e profissionais de saúde.
“Além disso, os aparelhos de pressão também estão mais acessíveis. O paciente tem comprado ou ele tem algum parente ou amigo que tem. Ao aferir a própria pressão, se ele percebe que tem algo de errado, ele procura pelo diagnóstico correto”.
Para a médica de família e comunidade Taynah Repsold, o destaque da losartana não se limita ao controle da hipertensão. “Ela apresenta bom perfil de segurança, possui ampla aceitação entre médicos e pacientes, está disponível em versões genéricas, e ainda integra programas públicos que garantem acesso gratuito”.
O remédio, segundo a médica, pode atuar na proteção dos órgãos-alvo que sofrem com o impacto contínuo da hipertensão, como coração e rins. “Outro diferencial importante é a baixa incidência de tosse em comparação aos inibidores da enzima conversora de angiotensina, o que favorece a adesão terapêutica, especialmente entre pacientes que não toleram esse efeito adverso”.
Quase 28% da população brasileira têm pressão alta
Mais conhecida como pressão alta, a hipertensão arterial atinge cerca de 27,9% da população brasileira, de acordo com dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel).
Porém, nem todos se tratam corretamente. Um estudo multicêntrico envolvendo 2.578 pacientes em todas as regiões do Brasil identificou que quase 60% dos brasileiros com hipertensão não aderem ao tratamento prescrito. Os resultados do estudo foram publicados no International Journal Science of Cardiology.
Na avaliação da médica de família e comunidade Taynah Repsold, a falta de adesão ao tratamento envolve diversos fatores.
“Muitos pacientes não apresentam sintomas relacionados à pressão elevada e, justamente por estarem assintomáticos, acreditam que não precisam realizar o tratamento prescrito. Outros não compreendem que a hipertensão é uma condição crônica, que exige cuidado contínuo, então passam a negligenciar horários, doses ou interrompem o uso do medicamento”.
Há ainda, segundo a médica, quem associe o controle pressórico apenas ao medicamento, sem entender que a mudança no estilo de vida é fundamental para o tratamento, com realização de alimentação adequada, atividade física e controle do peso.
O cardiologista Diogo Barreto alerta que a hipertensão não controlada é a maior causa de doença renal crônica, com necessidade de diálise, por exemplo.
“Também é a maior causa de AVC (derrame cerebral), tanto hemorrágico quanto isquêmico, e também infarto. Então, não tratar a hipertensão leva a inúmeros complicadores cardiovasculares”.
Fique por dentro
Losartana
A losartana ocupa o primeiro lugar no ranking dos medicamentos genéricos mais vendidos no País. Ela é indicada para o tratamento da hipertensão e, em alguns casos, da insuficiência cardíaca. Os dados são de um levantamento da IQVIA Brasil, que analisou os dez genéricos mais vendidos no começo do ano.
Por que o remédio é tão utilizado no Brasil?
Segundo a médica de família e comunidade Taynah Repsold, a popularidade da losartana vai além do controle da pressão arterial. O medicamento apresenta bom perfil de segurança, é amplamente aceito entre médicos e pacientes, tem versões genéricas acessíveis e integra programas públicos de acesso gratuito. Também é uma das principais recomendações das diretrizes nacionais.
Foi o primeiro fármaco de sua classe a chegar ao mercado, nos anos 1990, o que contribuiu para sua ampla disseminação no país. Um benefício adicional é sua capacidade de reduzir o ácido úrico, tornando-se especialmente útil em pacientes com hipertensão associada à gota.
Quando não é recomendada
Embora proteja os rins em estágios iniciais, o medicamento requer cautela em pacientes com doença renal crônica avançada, destaca o cardiologista Diogo Barreto. Isso ocorre porque pode elevar os níveis de potássio, já elevados pela função renal comprometida. No entanto, essas contraindicações são consideradas pouco frequentes e avaliadas individualmente.
Hábitos
Por outro lado, maus hábitos de vida têm influência no desenvolvimento da doença; entre eles estão: obesidade, sedentarismo, estresse, herança familiar e consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
No Brasil, 388 pessoas morrem por dia por hipertensão, segundo o Ministério da Saúde.
Níveis
Agora quem apresenta pressão entre 12 por 8 e 13 por 9 já entra na faixa chamada de pré-hipertensão, conforme divulgado em setembro pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), devendo adotar mudança de hábitos de vida, como restringir o consumo de sal e de álcool, aumentar o consumo de potássio (frutas, verduras, hortaliças, oleaginosas, leguminosas e laticínios pobres em gordura), além de atividade física.
A pressão alta acontece quando os valores das pressões máxima e mínima são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9).
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