Mulheres pedem respeito em ônibus e terminais do ES
Pesquisa mostra que 9 em cada 10 mulheres relatam ter enfrentado situações de violência e 53% dizem ter sido no transporte público
Olhares, comentários e toques indesejados ainda seguem como uma das violências mais recorrentes no transporte público.
Segundo pesquisa dos institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, realizada em setembro deste ano, 9 em cada 10 mulheres no País relatam ter enfrentado situações de violência – de cantadas inconvenientes a assédio, importunação sexual e até estupro – durante seus deslocamentos para atividades de lazer à noite. Delas, 53% dizem ter sido em ônibus.
Para enfrentar esse cenário, o governo do Espírito Santo e prefeituras estão fazendo mobilização que leva informação e acolhimento em terminais da Grande Vitória.
A ação faz parte do Dia M: Mulheres, Mobilidade e Mais Respeito e da campanha Laço Branco, dentro da programação dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres.
O Dia M concentra atividades nos terminais de Vila Velha, Cariacica, Serra e na Rodoviária de Vitória.
A secretária de Estado das Mulheres, Jacqueline Moraes, destacou que a importunação sexual é crime, mas os registros junto à Polícia Civil não mostram completamente a realidade. “Muitas mulheres ainda têm medo ou vergonha de denunciar ao sofrer esse tipo de violência”.
Ela enfatizou que as ações programadas para a semana culminam no sábado, que é o Dia do Laço Branco – movimento internacional em que os homens se colocam no enfrentamento da violência contra mulheres.
“A voz masculina também precisa constranger outros homens que praticam esse tipo de violência, muitas vezes ainda tolerada em rodas de conversas”.
Juntas no enfrentamento da violência contra a mulher estão Lucimara Rizzoli, Monica Gonring, Karina Marins e Ducinea Miranda. Elas atuam no Centro Margaridas, que oferece atendimento multidisciplinar a mulheres em situação de violência.
Lucimara, que é coordenadora do Centro Margaridas da Macrorregião Metropolitana, destacou que um dos pontos abordados é a importunação sexual dentro dos coletivos. “É preciso que todos entendam que tomar o corpo da mulher sem seu consentimento é crime, uma violência. Dentro de ônibus facilmente encontramos relatos de quem já passou por isso”.
Você sabia?
6 de dezembro é o Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres. A data faz referência à tragédia da Escola Politécnica de Montreal, no Canadá, em 1989, quando um homem matou 14 mulheres. O massacre gerou manifestações em que homens usavam o laço branco como símbolo do combate à violência contra as mulheres.
Alguns Casos
Camisinha usada
Um homem de 34 anos foi indiciado por crime de importunação sexual após ter sido flagrado jogando uma camisinha usada dentro da bolsa de uma mulher que estava em um ponto de ônibus no bairro Jardim Guadalajara, em Vila Velha.
A vítima registrou um boletim de ocorrência ao encontrar a camisinha. Imagens de câmeras de videomonitoramento mostravam o homem jogando o item.
Mão na coxa
Um homem foi detido suspeito de importunação sexual contra uma passageira dentro de um ônibus do sistema Transcol, em Vitória, em junho do ano passado.
A vítima foi uma atendente de telemarketing, que denunciou ter sido tocada pelo suspeito, no ônibus da linha 559. Segundo ela, o suspeito sentou ao lado dela. “Ele passou a mão na minha coxa.”
Saiba Mais
Dia M
Como parte da programação dos 21 Dias de Ativismo pelo Fim da Violência contra as Mulheres, a Secretaria Estadual das Mulheres, em parceria com municípios de Serra, Vila Velha, Cariacica e Vitória, está realizando essa semana o Dia M: Mulheres, Mobilidade e Mais Respeito e a campanha Laço Branco.
As ações ocorrem nos terminais de Vila Velha, Cariacica, Serra e na Rodoviária de Vitória, com foco especial no combate à importunação sexual nos transportes públicos.
Entre as práticas criminosas estão apalpar, beijar sem consentimento, esfregar órgãos genitais, além de registrar fotos ou vídeos íntimos sem autorização.
Dia do Laço Branco
As ações seguem até o Dia do Laço Branco, no sábado. A data é um movimento mundial de homens pelo fim da violência contra as mulheres.
Onde buscar ajuda
Em situações de importunação, a orientação é acionar a Polícia Militar pelo 190, buscar uma Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher ou qualquer unidade da Polícia Civil. Testemunhas também podem denunciar no Ligue 180, serviço gratuito e nacional.
O que diz a lei
Importunação sexual
Praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou a de terceiro:
Pena - de um a cinco anos, se o ato não constitui crime mais grave.
Números de Importunação sexual (Polícia Civil)
2024 — 301
2025 (janeiro a novembro) — 223
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