Pets mudam a rotina em mais de 1 milhão de lares no ES
Os cuidados com a alimentação, a segurança e a saúde do bichinho envolvem um novo planejamento físico e financeiro para famílias do Estado
Enquanto a porcentagem de filhos por família cai a cada ano no Estado, o número de animais de estimação por lar só aumenta. Considerando que 70% das famílias no País têm animal de estimação, estima-se que no Espírito Santo sejam mais de 1 milhão de lares com algum pet.
A chegada do novo membro altera rotinas, exige ajustes e muda costumes de toda a família.
Os cuidados com a alimentação, a segurança e a saúde do pet envolvem um novo planejamento físico e financeiro. Além dos veterinários, atualmente existem planos de saúde, creche, fotógrafo, acupunturista, entre outros serviços voltados exclusivamente para pets.
Reflexo desse crescimento é que o mercado pet brasileiro faturou, em 2024, R$ 75,4 bilhões, um aumento de 9,6% em relação a 2023.
Diretor-geral do Instituto Jones dos Santos Neves, Pablo Lira diz que até algum tempo atrás não se ouvia falar em serviços voltados para pets. “Hoje temos veterinários especializados na parte nutritiva e até dermatológicos. Estabelecimentos de banho e tosa e hotéis para pets também estão em expansão e refletem esse crescimento”.
A bancária Marina Rezende, de 43 anos, tem três gatos e um cãozinho em casa. Ela encontrou os gatinhos abandonados, com apenas alguns dias de vida, e os levou para casa.
No início seria apenas lar temporário, mas ela e a família, o marido de 63 anos e os filhos de 18 e 16, se apegaram aos felinos e decidiram adotá-los. Marina, que nunca tinha tido gato, viu sua rotina mudar completamente. “Nossa intenção era dar suporte como lar temporário, mas a rotina com eles envolveu toda a família e todos se apegaram. Resolvemos ficar com os três”.
Cuidar de três gatos impactou completamente o dia a dia. “Além da organização, existe a responsabilidade com alimentação, limpeza das caixinhas de areia, vacinas e castração. Todos participam um pouco, é um cuidado em família”.
A adaptação foi geral, inclusive para Amora, uma yorkshire de 7 anos que já morava com Marina. “Malagueta, Maionese e Tiquinho (os gatos) estão comigo há 1 ano e eles convivem em harmonia com Amora. Depois deles, a casa ganhou mais alegria e afeto”.
Paixão pelos bichos de estimação
“Ele desperta o que temos de mais bonito”
A advogada Samyra Zippinotti e o irmão acharam o Zig, um bulldog francês que estava perdido em Piúma, em 2014. Passaram-se três dias e o dono apareceu. Zig foi levado de volta para casa, mas Samyra e a família pegaram tanto amor pelo pet que decidiram comprá-lo.
“Lembro dos olhinhos dele olhando pra gente quando fomos buscá-lo. É uma das cenas mais bonitas que tenho na memória. Eu digo que o Zig nos escolheu. O veterinário queria vender outros cachorros, mais novos, mas a gente não queria outro. O Zig escolheu a família dele, e a gente o acolheu”, ressaltou Samyra.
Hoje, o bulldog francês tem cerca de 15 anos e faz parte da família há 11. Com o tempo, Zig começou a ter crises epiléticas e precisou usar medicamento por um período. “Ele também já foi atacado por outros cães. E agora, com a idade, perdeu o movimento das patas traseiras e ficou com incontinência urinária ”, relata.
A família precisou se adaptar e mudar completamente a rotina. “Hoje precisamos ficar atentos aos cuidados com ele: precisa trocar fralda, colocar na cadeira, ter alimentação regrada. Dá trabalho, mas ele tira o melhor da gente. Ele desperta o que temos de mais bonito”.
Vida dedicada à causa animal
A consultora de empresas Júlia Duarte dedica grande parte da vida à causa animal. Ela tem animais de estimação desde os 6 anos de idade. Atualmente, vive com três cachorras adotadas, todas resgatadas de situações de maus-tratos.
Maria Flor, de 6 anos, Nina, de 5, e Juju, de 4 anos, chegaram em 2021, durante a pandemia. Ela conta que toda a sua rotina é moldada pelas necessidades dos pets.
“Já deixei de sair, viajar e até de trabalhar por não ter com quem deixá-las. Em uma ocasião, precisei levar uma das cachorras para uma palestra porque ela estava doente”, contou Júlia.
Hoje, ela organiza sua agenda profissional de acordo com os cuidados com os animais. “Quando preciso viajar, me planejo e recorro aos amigos com antecedência”
OS NÚMEROS
- 1 milhão de lares com pet no Estado
- R$ 75,4 bilhões é o faturamento do mercado pet brasileiro em 2024
- 54,1% do faturamento é para a venda de alimento industrializado pet
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